Medo de Amar - Capitulo 99


- Tá mandona demais. – Brincou. – Eu amo você. – E saiu de casa deixando mais uma vez Sophia sozinha pela tarde que viria.


Micael chegou no trabalho e já era mais de meio dia, mas tomou um susto ao ver a cozinha organizada. Seu pai não estava em nenhum local à vista, mas tinha um homem, bem mais velho que ele ali, comandando a cozinha. Ergueu a sobrancelha e se aproximou.

- Você está atrasado? – O homem o encarou com cara de bravo. – Até onde eu sei os ajudantes entram as onze. Não fui informado de ninguém que começasse a trabalhar meio dia e meia. – Micael ergueu a sobrancelha, ainda não estava vestindo a sua dólmã e provavelmente por isso que tinha sido confundido com um dos ajudantes da cozinha.

- Eu não sou um ajudante. – Bufou sem paciência nenhuma para aquilo. – Quem é você?!

- Ora, quem sou eu... – O homem rolou os olhos. – Me respeita criança! Como você quer ser um chef se não sabe nem quem eu sou?!

- Como eu quero ser um chef? – Franziu a testa. – Eu não sou nenhuma criança.

- Pois parece! – Deu de ombros. – Se apronte pra trabalhar, cadê o seu avental?

- Esse cara está de brincadeira. – Olhou para os ajudantes que estavam assistindo aquela cena. – Será que alguém pode me explicar o que inferno está acontecendo aqui e cadê o meu pai?

- Está no escritório dele. – Rodrigo respondeu, mas logo voltou a seus afazeres. Micael saiu da cozinha carregando sua dólmã e praticamente invadiu o escritório do pai. Estava com tanta raiva que jogou a vestimenta de qualquer jeito na cadeira a sua frente sem se importar se amassaria ou não.

- Será que eu posso saber quem é aquele cara na minha cozinha? – Cruzou os braços e o pai deixou os papeis que estava lendo em cima da mesa e tirou seus óculos.

- Boa tarde, Micael. – Sorriu ao filho. – Não esperava você aqui, já que já é quase uma hora da tarde.

- Para de palhaçada e explica logo. – Jorge riu.

- Adriano é o novo chef que eu contratei ué, não era o que você queria? – Ergueu uma sobrancelha. – Não foi por isso que você brigou comigo ontem? Não estou entendendo esse seu nervosismo.

- Aquele cara acabou de me chamar de criança. – Estava com raiva, mas seu pai apenas riu.

- Ele tem o dobro da sua idade, normal que te veja assim. – Deu de ombros. – Eu posso saber pra que esse escândalo?

- Era pra você contratar um chef pro horário da noite e não pro meu horário, pai! – Já estava a ponto de gritar novamente.

- E ele é do turno da janta. – Deu de ombros.

- Então o que aquele homem está fazendo dando ordens na minha cozinha e nos meus ajudantes? – Explodiu.

- Que horas são, Micael? – Falou baixo e Micael olhou no celular.

- Meio dia e quarenta e quatro. Do que isso importa? – Bufou.

- Que horas você tinha que estar aqui pra começar a agilizar o almoço? – Micael se irritava a cada segundo mais. – Ás dez e meia, pra olhar o estoque, pra ver se precisava de algo, pra começar os preparativos, pra receber os seus ajudantes. Ai você me chega quase uma hora da tarde querendo me dar bronca? Você está de brincadeira? – Ficou em pé, agora já falava alto.

- E por isso você achou um chef sei lá de onde pra ficar no meu horário?! – Mantinha o mesmo tom de seu pai.

- Eu fiz entrevista a manhã inteira Micael, estou desde as sete aqui falando com chefs e mais chefs pra poder contratar alguém pra dividir o expediente com você pra você parar de dar chilique. Só que você ao invés de chegar no seu horário pra me ajudar a fazer o teste pratico, você não estava aqui!

- Se você tivesse me avisado, eu estaria. – Agora falava mais baixo. – Não falou nada, como eu vou adivinhar?

- Independente de ter saído daqui com raivinha ontem, você devia ter chegado aqui no seu horário, isso se chama responsabilidade, Micael. Talvez você não conheça, mas precisa ser apresentado, porque desse fica bem difícil.

- Ah, eu sou irresponsável? – Cruzou os braços. – Jura?

- É o que parece. – Voltou a se sentar. – Eu estou cansado de discutir com você, filho. – Falou baixo, após respirar fundo. – Pode voltar pra casa, Adriano vai tomar conta da cozinha hoje.

- Está me dispensando? – Estava indignado.

- Mas que caralho, Micael. – Bateu as mãos na mesa. – Eu não sei mais o que você quer, garoto!

- Como assim?!

- Você brigou comigo ontem porque estava trabalhando demais e não tinha folga, estou te dando a sua maldita folga e você mesmo assim está reclamando. O que mais eu posso fazer por você? Me explica, porque está impossível assim.

- Nada, pai. – Suspirou e pegou sua dólmã da cadeira. – Estou indo pra casa.

- E vê se amanhã chega no seu horário, não quero ser obrigado a demitir o meu próprio filho. – Micael não respondeu, apenas saiu dali e passou direto até a saída.



Quando chegou em casa, encontrou Sophia com um som alto, passava um pano nos móveis da sala enquanto rebolava. Micael ficou rindo escorado na porta com os braços cruzados. A loira ainda não tinha notado sua presença, estava realmente entretida.

Em algum momento entre os rodopios e rebolados ela reparou em Micael parado feito estatua a encarando. Ela foi até o rádio e abaixou o volume, Soltou o cabelo do coque e tirou a tiara que usava pra que sua franja não batesse no rosto enquanto limpava.

- O que está fazendo aqui? – Disse brigando. – Não era pra me ver assim não. Eu estou horrível.

- Para de palhaçada. – Se aproximou e deu um selinho nela. – Você está linda, sempre está.

- Não de coque, com essa roupa velha e fazendo faxina. Ninguém é lindo enquanto faz faxina. – Disse ainda brava e ele caminhou pra sentar no sofá.

- Você consegue. – Ela desfez o bico e sorriu. Foi até o rádio e desligou dessa vez.

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