Medo de Amar - Capitulo 95


- E você sugere que eu faça o quê? – Suspirou e colocou as mãos no rosto. – Finja que nada aconteceu?

- Dá a volta por cima. – Ela parou e pensou um pouco. – Eu estou tendo uma ideia um pouco louca aqui. Por que você não tenta modelar?

- Quê? – Ela ficou de pé e arregalou os olhos. – Ficou louca, Lua? Primeiro que eu tenho vergonha e segundo que eu não sei nem posar na frente de uma câmera.

- Isso tudo se aprende. – Deu de ombros. – Você é alta, magra, linda... Pode fazer o que quiser!

- Micael vivia me enchendo com isso de virar modelo há um tempo atrás. – Sorriu. – Mas eu acho uma ideia tão absurda.

- Ué, você vai mostrar para aquela mulher que você é incrível e muito superior. – Lua ficou de pé e segurou nas mãos da amiga. – Ainda mais agora que ela tá com a cara fodida, é seu momento de ganhar espaço.

- Você não está sonhando muito alto não? – Sophia se mantinha insegura. – Não tem muitas chances disso dar certo não.

- E o que você tem a perder? – Ergueu uma sobrancelha. – Você só tem tédio e mais tédio ficando aqui o dia todo atoa, não custa nada fazer um book e enviar a algumas agências.

- Eu vou pensar, conversar com o Micael e ver o que ele acha disso. – Lua fez uma careta. – O que foi?

- Ele não é o idiota do Chay, claro que ele vai te apoiar. – Cruzou os braços. – Nosso amigo, mas tão machista e ciumento.

- E a Mel aceita. – As duas bufaram. – Ei, será que ela topa me ajudar? Acho que pelo menos isso o Chay deixa né?

- Vai saber, Sophia. – Deu de ombros.

As duas ficaram conversando pelo restante da tarde e início da noite. Antes de completar oito da noite ouviram a buzina do carro de Arthur avisando que tinha chegado pra busca-la.

No lado de fora, Micael vinha chegando e encontrou todo mundo no portão, antes de botar o carro pra dentro. Sophia franziu o cenho. Estava cedo pra ele que agora só pisava em casa depois da meia noite, ultimamente.

- Tá tendo festa na minha casa sem mim é? – Brincou ao cumprimentar os amigos e logo em seguida deu um selinho em sua namorada.

- Lua veio me visitar, passamos a tarde conversando. – Sophia deu de ombros. – A tarde não, o final da tarde. – Deu um risinhos.

- Chegou a tempo de me ver ir embora. – Ela brincou. – Estou exausta e preciso de um banho. – Ela olhou pra Arthur.

- Tchau casal. – Arthur falou e acenou com a cabeça. Micael e Sophia ficaram olhando eles se afastarem, mas logo Micael botou o carro na garagem e os dois entraram, abraçados.

- Chegou cedo hoje. – Ele a olhou debochado. – Aconteceu alguma coisa?

- Cedo não né? Meu horário ainda não é esse. – Sophia balançou a cabeça. – Eu cheguei reclamando com meu pai de que eu não aguentava mais sair de lá meia noite ou mais. Essa semana foi foda!

- E ele aceitou que você viesse embora assim, fácil?

- Não, ele resmungou algo sobre eu não ajudar ele quando precisa e ser um mal agradecido. – Sophia ergueu uma sobrancelha. – Mas porra, eu não aguento essa vida não, a última vez que fiquei de folga foi aquela segunda feira que fomos na agência, já tem quase duas semanas.

- Então vocês brigaram? – Se sentaram na cama, Micael tirava seus sapatos. – Foi muito feio dessa vez?

- Foi. – Suspirou. – Discutimos no escritório dele, mas eu tenho certeza de que todos os funcionários ouviram.

- Eu não gosto quando vocês brigam. – Micael sorriu de canto. – Você é a única família que seu pai tem, Micael. Ele é muito solitário.

- E por isso ele pode me explorar no trabalho e me chamar de “moleque mal agradecido”? – Fez o sinal de aspas com as mãos.

- Não, mas você é muito nervosinho quando se trata do seu pai. – Ele tirou a camisa. – Ele te ama, ele só deve ter falado isso na hora da raiva.

- Você defende muito meu pai. – Rolou os olhos. – Leva pra você.

- Para de falar besteira. – Repreendeu o namorado que já tinha ficado de pé e vasculhava o armário em busca de algo confortável. – Seu pai deu duro pra te criar sozinho desde que sua mãe foi embora. Ele sempre te deu tudo do bom e do melhor, ele te mandou pra Paris! Ele não merece ser tratado assim.

- Já parou pra pensar que ele fez tudo isso pra que pudesse ficar me explorando naquele restaurante? Tudo foi um puta investimento, isso sim. – Se virou pra Sophia.

- Olha o que você está dizendo, Micael! – Ela alterou a voz. – O seu pai nunca te obrigou a seguir essa carreira.

- E o que você sabe disso, Sophia? – Ele cruzou os braços. – Você por um acaso estava lá?

- Ah, agora vai me agredir? – Bufou. – Eu sei porque você já me disse inúmeras vezes que escolheu isso pra você, você quis ir pra França, você quis ficar à frente do restaurante.

- Mas não assim do jeito que está! – Continuou reclamando. – Eu não tenho mais vida, eu passo o dia inteiro me estressando naquele restaurante. Chego em casa uma da manhã, você já jantou, já está deitada e quase dormindo, sem contar que eu chego morto de cansaço e só sei dormir. Ai chega o outro dia e eu mal acordo já tenho que voltar praquele estresse novamente. Não está dando!

- Você começou a ficar lá até o restaurante fechar essa semana. – Foi a vez de Sophia cruzar os braços. – Daqui a pouco o seu pai contrata alguém pra dividir o expediente com você.

- Daqui a pouco quando? – Falou mal alto ainda. – Eu não fui até o escritório dele arranjar briga, eu fui pedir a ele pra que agilizasse essa contratação. Não dá pra viver nessa situação pra sempre. A gente não fica junto tem mais de uma semana.

- Isso tudo é por causa de sexo? – Ela ergueu uma sobrancelha. – Você brigou com seu pai porque está trabalhando muito e não consegue transar comigo, é isso?

- É só um dos motivos! – Rangeu os dentes. – A última vez foi um boquete na cozinha e uns amassos no chuveiro.

- Isso é só uma fase, você não precisa brigar com o seu pai por causa disso. – Deu de ombros, a voz consideravelmente mais baixa. – Vai passar!

- E vai passar quando? Quando você arrumar alguém pra fazer o que eu não faço com você? – Acusou e Sophia ficou em silêncio. Sentiu lagrimas brotarem imediatamente de seus olhos mediante as palavras de Micael. Ele pegou um short qualquer e saiu do quarto para o banheiro.

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