Medo de Amar - Capitulo 96


Sophia fungou e deitou na cama, ligou o ar condicionado e tampou a cabeça. Micael demorou muito tempo no banho, tanto tempo que seus dedos já estavam ficando enrugados por conta da água. Sacudiu o cabelo molhado e se secou, estava consideravelmente mais calmo, mas ainda não estava arrependido do que tinha dito.

Era real, Sophia o tinha traído por conta de não ter dado a ela o que ela queria. Ele sabia o quão fogosa sua namorada era, seria uma questão de tempo até tudo rolar novamente, não seria? Não podia dar margem para aquilo acontecer novamente, não podia perder Sophia por causa que seu pai não contratava um chef.

Ele vestiu o short e foi pra sala, se sentou no sofá e ficou mais bastante tempo ali. Quando no visor do celular e já passava das dez. Desligou a televisão e caminhou para o quarto, Sophia ainda tinha a cabeça coberta e ele constatou que ela estivesse dormindo. Respirou fundo e se deitou na cama, sentiu a namorada se afastar dele e não entendeu.


- Algum problema? – Sua voz estava rouca.

- Não. – Não se mexeu, continuou coberta.

- Então por que você se afastou? – Seguia questionando.

- Eu só quero dormir. – Resmungou. – Será que consegue me deixar em paz por alguns segundos?

- Sophia, eu não estou entendendo. – Puxou a coberta da mulher. – Eu pensei que toda aquela conversa acalorada por causa da briga com meu pai já tivesse acabado.

- Ah, claro. – A loira fungou, no quarto escuro, Micael não conseguia ver o rosto da mulher vermelho de lagrimas. – Acabou a conversa acalorada, você estava num cômodo e eu num outro e claramente estava tudo bem?

- Eu precisava esfriar a cabeça, tá legal? – Cruzou os braços. – Eu não queria voltar pra cá e continuar ouvir você falando do meu pai! – Rangeu os dentes. – Eu queria sossego.

- Fica com seu sossego, Micael. Me deixa dormir! – Voltou a puxar a coberta pra tampar a cabeça.

- E eu não posso abraçar você pra dormir? – Tinha o tom de voz baixo. – Qual foi Sophia, nós nem estávamos brigando!

- Pra mim aquilo foi uma briga. – Respondeu sem se mexer, fungou novamente.

- Você está realmente chorando porque eu briguei com meu pai, isso é motivo? – Rolou os olhos. – Você sabe muito bem que a gente briga e depois fica bem de novo, não tem porque fazer esse drama todo. – Rolou os olhos e acendeu a luz do abajur que tinha no criado mudo. Destapou a cabeça de Sophia e a fez se virar. – Amor, para com isso!

- Por mais que eu gosto do seu pai, eu não estou chorando por causa dele. – Bufou. – Estou chorando porque você é muito escroto quando quer!

- Ei, eu não fiz nada! – Ele realmente não tivera tido consciência de que suas palavras a magoariam tanto. – Não é justo você me xingar e se afastar de mim por algo que eu nem sei o que foi. – Sophia secou as bochechas com as mãos.

- Você só pode estar de brincadeira com a minha pessoa! – Resmungou. – Ou está se fazendo de sonso.

- Será que dá pra parar de me xingar e me explicar logo que inferno eu fiz? – Foi um pouco mais grosso e Sophia se retraiu, incomodada com a situação.

- Você disse na minha cara que era questão de tempo até eu te trair de novo. – Além de chateada, estava começando a ficar com raiva. – Como se fosse algo certo de acontecer.

- Não foi isso que eu quis dizer! – Ele agora falava mais baixo.

- Mas foi isso que você disse, foi isso que você gritou na minha cara, Micael. – Estava realmente puta da vida. – Fez com que os meses que eu passei sofrendo e me culpando tivessem sido em vão. Fez com que todas as promessas e declarações que fazemos um ao outro hoje em dia, fossem em vão.

- Sophia, agora você está realmente fazendo drama. – Ele cruzou os braços.

- Não estou fazendo drama coisíssima nenhuma! – Praticamente gritou. – Me diz, Micael, você está vivendo comigo esperando que eu te traia a qualquer momento? Que eu vá ao mercado e encontre um caixa bonitinho e dê pra ele como a vagabunda que eu sou, é isso?

- Sophia, não foi isso! – Ele estava ficando nervoso pelas conclusões que Sophia chegara. – Eu só quis dizer que não cometeria o mesmo erro outra vez!

- Que erro, Micael? – Fungou e tentou controlar a voz. – Porque a única coisa que eu entendi foi que é uma questão de tempo até tudo acontecer de novo.

- O erro de ficar ausente pra você. – Suspirou. – O erro de não dar a você o que você quer, de não satisfazer você e você jogar na minha cara outra vez que eu não dou conta! – Fez uma careta ao lembrar do dia em que brigaram por conta de sexo.

- Eu não sou uma ninfomaníaca. – Reclamou. – Eu sei me controlar, Micael. Não é porque a gente não fez sexo uma semana que eu vou sair por ai e sentar na piroca do primeiro que aparecer.

- Você está muito desbocada. – Ele sorriu de canto, mas ainda não tinha humor no rosto de Sophia. – Eu só não quero dar brecha pro destino colocar outro Douglas no seu caminho.

- Eu sei que você não confia em mim ainda, mas isso. – Gesticulou em volta. – Eu pensei que significasse alguma coisa. Eu pensei que estávamos caminhando pra algum lugar. Mas na verdade você deve viver cada segundo achando que eu estou com algum amante por ai.

- Não é assim que funciona! – Ele suspirou. – Eu não penso nisso o tempo todo, eu só tenho medo, tá legal? Não é algo tão simples de se esquecer, eu estou me esforçando.

- Jogar na minha cara que eu vou fazer de novo não é se esforçar.

- Eu queria muito ver se fosse ao contrário... – Sophia conseguiu ficar ainda mais puta.

- Então vai lá e arruma uma amante bem gostosa, Micael. – Ele arregalou os olhos. – Come alguém por ai, quem sabe assim a gente não fica quite e acaba esse tormento de desconfiar de mim.

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