Medo de Amar - Capitulo 179

 Alguns momentos antes.

 

Sophia ainda sem dizer nenhuma palavra foi para o salão e se sentou numa mesa, não demorou até Aline se aproximar completamente sem graça.  – Eu quero ficar sozinha. – Disse baixo, seu tom de voz era ríspido.

- Me deixa te explicar o que aconteceu... – Pediu com a voz doce. – Eu juro que com certeza você viu mais coisa do que tinha.

- Eu acho que prefiro que o Micael me explique o que aconteceu. – Suspirou. – Não quero conversar com você. – Encarou a mulher. – Suponho que seja a Aline.

- Sim, sou eu. – Assentiu. – Eu só não queria que você ficasse com raiva dele atoa. – Suspirou. – Eu sei que você não me conhece, mas eu sou muito bem casada, eu tenho a minha família e jamais daria em cima do Micael.

- “Jamais”. – Rolou os olhos. – Uma das minhas melhores amigas sempre encheu a boca pra dizer que nunca daria em cima dele e adivinha só? Peguei os dois quase se beijando um dia.

- Liz? – Sophia ergueu uma sobrancelha e a encarou com curiosidade. – Micael me contou sobre essa mulher.

- Pelo visto ele te contou muita coisa né, só não deve ter tempo pra conversar comigo mesmo, pra você tem de sobra.

- Não é assim, ele tem bastante dificuldade com essa história de administração. – O tom de voz de Aline era tão reconfortante que Sophia estava mais calma. – Ele gasta muito tempo com isso, muito mesmo.

- Como assim? Ele não me falou nada disso. – Seguia prestando atenção em Aline.

- Ele não fala. – A mulher suspirou. – E com certeza vai me matar por contar isso pra você. Desde que o Jorge colocou ele nesse trabalho o Micael parece que trabalha mais do que antes, na cozinha. Porque ele não consegue se encontrar naquele monte de números e burocracia. Só que ele se recusa a pedir ajuda pro pai.

- Se recusa por algum motivo? – Estava interessada.

- Bom, desde que eu conheço o Micael ele tem umas sérias brigas com o pai. – Soph balançou a cabeça concordando. – Eu acho, que ele tenta provar pro Jorge que é capaz, sabe? Parece que se assumir que não consegue fazer alguma coisa vai ferir o ego dele, sei lá.

- Então o Micael fica trabalhando até tarde? – A mulher assentiu. – Eu pensei que ele saia as quatro.

- Então, é o horário dele, mas raramente ele consegue sair daqui. – Cruzou os braços. – Eu já vi Micael sair daqui mais de dez da noite tentando fechar relatório que as contas não estavam batendo.

- Eu estou me sentindo uma idiota, por que ele acha que não pode confiar em mim? – Estava incrédula. – Eu entenderia isso.

- Não acho que seja questão de confiança. – Fez uma careta. – Eu acho que ele quer mais é impressionar você.

- Impressionar com trabalhos administrativos?

- Não assim, deixa eu tentar te explicar. – Parou pra formular alguma frase. É tipo ele quer mostrar que é capaz de tudo, sabe?! Micael não costuma mostrar suas fraquezas.

- É, não mesmo. – Suspirou. – Mas fico triste que ele vem passando todo esse sufoco aqui sem falar nada, Jorge acha que ele não envia as planilhas por que fica cozinhando ao invés de trabalhar. Ele deve estar arrasando com o Micael naquela sala.

- Ah, com certeza. – As duas estavam com uma expressão parecida. – Eu venho tentando ajudar ele nesse tempo que estou aqui, mas diferente do cidadão, eu não tenho nenhuma vergonha em admitir que sou péssima.

- Que bom que ele tem você aqui pra ajudar nessa barra. – Sorriu pra mulher. – Desculpe pelo chilique de mais cedo. – É que já aconteceu tanta coisa na nossa vida que qualquer coisinha...

- Relaxa. – Sorriu de volta. Estendeu a mão pra Sophia por cima da mesa. – Ele estava ficando louco naquela sala, ai eu cheguei cedo, inventei uma mentira de que precisava de ajuda pra fazer um dos pratos do cardápio de forma mais simples e então consegui arrancar ele do escritório, mas eu também não tinha como adivinhar que o Jorge ia aparecer aqui.

- É, ele pediu pra eu não contar também. – Bufou. – Estou me sentindo tão burra, sério. Ainda quase briguei com ele atoa.

- Pode ficar tranquila que do Micael eu não quero nada desde que ele me largou pra ir pra Paris. – Ela brincou, mas não sabia que Sophia não tinha sido avisada sobre o namoro de adolescência dos dois.

- Como assim? – Franziu a testa. – Ele te largou pra ir pra Paris?

- Ele não te contou isso também? – Percebeu que agora tinha dado bola fora. – Putz, eu não sabia.

- Agora termina de contar.

- Nós namoramos na adolescência. – Suspirou, não sabia como Sophia reagiria aquilo. – Lá pelos dezesseis, quinze, sei lá. Foi na escola, só que ai a gente se formou, logo ele fez dezoito e decidiu ir estudar na França e ai acabou o romance.

- Eu não sei o que falar. – Piscou algumas vezes e puxou a mão. – Ele podia ter falado isso pra mim.

- Eu não sei o motivo dele ter escondido. – Suspirou. – Mas nada muda, ergueu a mão com a aliança. Eu sou muito bem casada, amo meu marido e não tentaria nada com ela de novo, e mesmo se tentasse né Sophia. – Ela deu uma risadinha antes de continuar. – Ele é louco por você.

- Ele é né?! – Sorriu.

- Ele fala de você o tempo todo! – Começou a contar. – Enfia você em assustou que não tem nada a ver. “Olha Micael como tá rosinha essa carne ainda.” Ai ele responde “Sophia adora rosa”. – As duas deram gargalhadas. – Nenhuma mulher que chegar ali tem chance. Sem contar nas inúmeras revistas que ele traz pra gente ver as matérias que tem você.

- Ain, você é péssima Aline. – Suspirou. – Nunca pensei que uma ex do Micael fosse me deixar tão tranquila, ele só tem ex vaca.

- Eu sou uma amor. – Jogou o cabelo. – Fui eu que dei a ideia dele te pedir em casamento.

- Não acredito. – Sophia sorriu para o anel. – Vou repetir, fico bem feliz dele ter você pra fazer companhia aqui. – Antes que Aline respondesse as duas ouviram o barulho de uma porta batendo violentamente e logo depois Micael passar por ali tão rápido que nem deu tempo de falar nada. – Pelo visto a briga dessa vez foi grave. – Suspirou. – Eu devia prever que ia acontecer.

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