Medo de Amar - Capitulo 180

 - Você devia falar com ele. – Apontou para a porta. – Não deve estar muito bem. – Sophia assentiu e saiu rumo a casa de Micael e esperava que o moreno estivesse lá. Caminhou bem depressa e quando chegou ao apartamento, bateu muitas vezes na porta e nada dele abrir. Mas ela não desistiu e ele finalmente se deu por vencido.

- O que custa abrir essa porta? – Bufou quando olhou na cara de Micael. – Minha mão está doendo de tanto bater.

- Sophia, eu não acho que é um bom momento pra gente conversar não. – Ele saiu da sala e voltou pro quarto a passos longos. Sophia o seguiu e viu que ele fazia as malas. – Eu não fiz nada, se é o que quer saber.

- Por que está fazendo as malas? – Ergueu uma sobrancelha mesmo que o noivo estivesse de costas. – Que fim teve a conversa com seu pai?

- Eu me demiti. – Deu de ombros sem se virar. – Eu estou extremamente cansado de aturar meu pai, não aguento mais. Pra ele nada nunca está bom, eu posso estar me matando de trabalhar, e nunca vai ser suficiente. Chega dessa porra!

- Ei, não precisa ser tão radical assim, como você vai se demitir do negócio da sua família? – Ela colocou as mãos na cintura. – Seu pai pode ser um pouco duro, mas...

- Sophia, já deu de defender meu pai. – Se virou pra ela. – Toda vez que acontece alguma coisa você fica do lado dele. Se for pra ficar dessa vez, volta pro restaurante, entra na sala dele e fica lá conversando dizendo o quão certo ele está. Pra mim não.

- Ei, você está sendo ignorante comigo! – Fez uma cara de brava.

- Claro que estou, você está vendo como eu estou e vem aqui defender o meu pai. – Bufou. – Parece até que ele é um santo. Ele pode ser um sogro maravilhoso e te tratar muito bem, mas ele não é um pai maravilhoso e você tem plena consciência disso, então faz favor de parar de passar pano pra ele.

- Eu nem sei o que aconteceu naquela sala. – Suspirou. – Eu nem sei o que acontece na sua vida, você não me conta as coisas, Micael. Como que eu vou te entender se você não fala?

- Sophia, eu não quero brigar com você também. – Respirou fundo e se virou.

- Eu só quero que você confie em mim, hoje eu descobri mais coisas sobre você pela Aline. – Se virou novamente interessado. – Porque você não me fala merda nenhuma. Eu não sabia que você estava trabalhando até tarde e que estava com dificuldade pra cumprir esse seu trabalho, eu não sabia que era por isso que você estava enviando as planilhas atrasadas pro seu pai, eu não sabia que a sua melhor amiga Aline é sua ex namorada.

- Ah, pronto. – Cruzou os braços. – Chegou onde queria. Vai surtar agora mesmo? Você vai brigar comigo no momento que eu estou por aqui. – Gesticulou com as mãos na testa e depois voltou a cruzar os braços. – É só o que falta mesmo, aturar ceninha de ciúme por causa de besteira.

- Que ceninha de ciúme o que, eu estou reclamando que você não me conta as coisas. E nem estou brigando com você, estou tentando conversar.

- Sophia, eu namorei essa menina quando eu era adolescente, terminamos porque eu preferi ir pra França do que ficar com ela. Nunca mais eu a vi, quando a reencontrei aqui no dia do teste. Satisfeita.

- Eu já sei de tudo isso, porque ela me contou. – Fez uma careta. – Eu só estou dizendo que você não precisava ter escondido essa informação de mim. A gente está construindo confiança pra não ter briga idiota, você não está colaborando escondendo isso.

- Eu só não achei importante contar. – Deu de ombros. – Você com certeza ia ficar cismada com ela e só ia trazer dor de cabeça pra nós dois.

- Não, deixa de ser idiota. – Bufou. – Eu só quero que fiquemos bem, só quero que tudo dê certo pra gente. Assim como você aceitou a minha amizade com Douglas, eu aceitaria se você me dissesse que essa menina foi sua namorada há trinta anos atrás. Entenda, só não quero mais segredos.

- Trinta anos? Quantos anos acha que eu tenho? – Resmungou.

- Eu vou apoiar a decisão que você quiser tomar. – Deu um passo e se aproximou do noivo. – Seja continuar com seu pai ou realmente se demitir e tentar algo novo. Me desculpa por defendê-lo.

- Me desculpa por ter sido ignorante. – Suspirou e puxou a namorada pela mão. – Eu só não estou num bom dia.

- Tudo bem, eu entendo você. – Depositou um beijo casto nos lábios do moreno. – Eu vim aqui porque eu estava morrendo de saudades de você, eu não vim aqui pra brigar.

- Pois é, diante de toda a confusão, você nem me respondeu o que veio fazer aqui do nada, sem nem avisar. – Riu, ainda abraçado a mulher.

- Seu pai me convidou. – Deu de ombros. – E eu aceitei na hora, a gente veio pra ficar um dia e ir embora amanhã de manhã, agora eu estou confusa do que vai acontecer.

- A gente volta pro Rio, casa e vive feliz. – Deu um monte de selinhos nela. – Não é o que você queria? Deixa que meu pai fica aqui até ele arrumar alguém pra colocar no meu lugar.

- Não sei se é uma boa ideia. – Suspirou e se afastou de Micael.

- Você não quer que eu volte? – Ergueu uma sobrancelha. – O que foi?

- Sua mãe, quem vai cuidar da sua mãe enquanto ele estiver aqui? – Ele a encarou curioso. – Ela está doente ainda, se lembra? Esse tratamento é terrível, ela fica esgotada. Seu pai, querendo ou não, cuida dela com todo amor e carinho, duvido que ele vai querer deixar ela lá.

- Até onde eu sei, minha mãe estava melhor. – Continuava com a mesma expressão.

- Não sei bem o que aconteceu, mas seu pai hoje chegou com uma cara péssima no aeroporto, quando perguntei o motivo, ele disse que tinha passado a noite em claro com a sua mãe que não estava se sentindo bem.

- Eu não acredito que você está a ponto de fazer a minha cabeça pra eu cair no papo do meu pai de novo. – Rangeu os dentes. – O que você tem Sophia? Não é possível.

- Eu só estou expondo um ponto de vista. – Suspirou. – Ele cuida da sua mãe com todo amor e carinho do mundo, não tem como trazer ela pra cá por conta de que todos os médicos e o tratamento dela estão lá. É justo você fazer isso com a sua mãe?

- Como eu te odeio, Sophia. – Se deu por vencido.

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