Depois do Para Sempre - Capitulo 1

 - E então a gente finalmente vai ter um tempinho pra ficar junto! – Micael disse a esposa, estavam deitados no sofá, abraçados. – Você tem trabalhado demais!

- Sim, graças a Deus as campanhas seguem vindo e isso me deixa muito feliz. – Estava radiante. – Eu não tenho nenhum viagem prevista para os próximos dias, então a gente pode curtir um pouquinho.

- O que é um milagre, casei com você e fico mais tempo sozinho. – Tinha uma leve careta. – Te vejo mais por fotos e você sabe disso.

- Ah, não é pra tanto amor, você sabe que é meu trabalho, você sempre me apoiou, não vai dar uma de Chay agora né? – Ela se afastou para encara-lo. – Nunca foi problema.

- Eu só sinto sua falta. – Deu de ombros. – Queria que você parasse um pouco mais em casa.

- Você não vai regular meu trabalho agora, Micael. – Ficou de pé. – Eu não vou aceitar uma coisa dessa. Eu não falo nada do seu!

- E tem o que pra falar? – Tinha um olhar debochado. – Eu saio pra trabalhar dia sim e dia não e depois volto pra casa. Não passo semanas na rua, as vezes sem nem dar um telefonema porque não dá tempo.

- Eu aviso quando não consigo ligar. – Cruzou os braços. – Não precisa fazer esse drama.

- Não é drama, é realidade. – Pegou o controle da televisão e a desligou. – Quando foi que você falou com a Lua pela última vez? Quando foi que a gente fez uma reuniãozinha com nossos amigos? – Ficou de pé e olhou nos olhos da pessoa. – Quando foi a última vez que a gente transou?

- Nem faz tanto tempo assim. – Ela rolou os olhos. – Eu só ando cansada.

- Exatamente! – Bufou. – Pra mim você está cansada o tempo todo. Você nunca para em casa, mas quando para, dorme.

- Micael, desde quando você está guardando essas coisas? – Ela falava baixo. – Parece que é muito tempo!

- E é. – Suspirou. – Eu sinto falta da minha Sophia. – Colocou as mãos no rosto dela. – A minha Sophia que estava sempre disposta a encontrar os amigos, fogosa que só ela, nunca vi recusar sexo na vida. A minha esposa, você se transformou em alguém que só trabalha e dorme.

- Nossa. – Franziu a testa. – Pra estar falando desse jeito deve ter guardado por muito tempo mesmo. – Tirou as mãos dele de si e voltou a se sentar. – Eu amo o meu trabalho, não tinha percebido que estava tão distante pra você.

- Sophia, eu quero começar a nossa família. – Ela o encarou pensando em mais uma maneira de fugir daquele assunto. – Quero ter no nosso bebê, quero que a gente seja uma família de verdade. Conversamos depois do casamento, você me pediu um ano pra se firmar na carreira, já vai fazer dois e você só me enrola.

- Não estou te enrolando. – Não tinha muito o que falar. – Você que é apressado.

- Eu sou apressado? – Ergueu uma sobrancelha. – Matheus já tem quase três anos, na festa de dois anos você furou, inclusive. A Mel casou com o Douglas há menos de um ano, e ela está gravida.

- Você não pode usar a Mel como exemplo de nada, ela e Douglas sempre foram muito apressados. – Tentou pular fora. – E mesmo que não fossem, você não pode comparar o meu tempo com o tempo de ninguém, Micael. Cada um é cada um.

- Eu sei disso, eu só estou dizendo que a vida dos nossos amigos andou e a nossa parece parada no mesmo lugar. – Tinha uma expressão triste. – Os dois tem a mesma profissão que você, não pensaram duas vezes, mas a gente está aqui nesse impasse há dois anos.

- Não tem impasse nenhum, eu só pedi pra segurarmos um pouco. – Se levantou e caminhou pra perto do marido. – Eu não me sinto pronta pra ser mãe de alguém.

- Só que eu já estou pronto pra ser pai faz tempo. – Ela até tinha vontade de contar pra ele que não queria filhos, mas como despejaria na cara de Micael uma coisa dessa? – Já tenho vinte e oito anos, Sophia e você está quase lá. Quanto mais o tempo passar, mais complicado vai ficar.

- Tudo bem. – Suspirou, tentando pensar rápido em alguma solução. – A gente pode começar a tentar.

- Você está falando sério? – Seus olhos se iluminaram quase que automaticamente. – Nós vamos ter um filho?

- Vamos. – Tentou fingir animação. – Se é o que você tanto quer.

- É claro que eu quero. – Abraçou a esposa feliz. – Esse vai ser o melhor presente que você poderia me dar na vida. Eu amo tanto você, meu amor.

- Eu também te amo, vida! – Ele iniciou um beijo, logo depois os dois já estavam se amando no sofá.

 

Agora, algum tempo mais tarde, Micael tinha saído do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e cabelos bagunçados. Ele encontrou a esposa sentada na cama, já de camisola, olhando uma cartela de comprimidos.

- Que foi? – Se sentou ao seu lado. – Já está arrependida?

- Não, só estou pensando no quanto a minha vida vai mudar. – Balançou a cartela quase completa. – Nosso filho já estaria com quase três anos, assim como Matheus. Teríamos uma criança correndo pela casa e bagunçando todo o apartamento.

- A gente ainda vai ter tudo isso, linda. – Sua voz era reconfortante a ela. – Vamos ser uma família feliz e completa quando tivermos o nosso bebê. Ele nem está aqui e eu mal posso esperar para tê-lo em meus braços.

- Você espera por isso tem tanto tempo. – Deixou de encarar a cartela e virou para o namorado. – Me desculpe por ser essa pessoa egoísta que só pensa em mim.

- Não acho que você é assim. – Deu de ombros. – Talvez as vezes.

- Muitas vezes. – Ela disse com um sorriso.

- Nós concordamos em esperar, conversamos como adultos civilizados, assim como conversamos agora e decidimos que está na hora. – Ele pegou a cartela da mão da esposa e se levantou pra jogar no banheiro da suíte, logo voltou ao quarto. – Agora, só esperar o remédio sair do seu organismo e a gente vai ter o nosso pequeno.

- Tem mulheres que não conseguem engravidar assim de cara. – Puxou o papo. – Por conta do corpo acostumado com o remédio.

- Eu aposto que em menos de três meses a gente vai ter um resultado positivo! – Ele tinha um sorriso que não saia do rosto. – Nossa Mirella vem ai.

- Mirella? – Ergueu uma sobrancelha. – Por quê?

- Eu gosto desse nome e tenho quase certeza que vem menina!

- Micael, eu nem estou gravida e você já sabe que é menina e já decidiu o nome? – Ele assentiu. – Você vai ser um ótimo pai, não tenho dúvidas.

- Eu também não. – Soltou uma risadinha. – Mas o que faltar a gente aprende junto. Amo você.

- Eu também amo você. – Ela lhe deu um beijo e terminou fazendo carinho no rosto do marido. – Vamos ver um filme agarradinho. – Puxou Micael pra cama.

- Eu ainda estou de toalha. – Olhou pra baixo. – Se você quiser a gente faz mais do que ver um filme agarradinho.

- É? Quero ver. – Sorriu maldosa e não demorou até Micael estar por cima dela nu.