Depois do Para Sempre - Capitulo 6

 - É a verdade, amor. – Tinha uma expressão tranquila. – Eu cansei de levar e buscar a Sophia na porta da casa dele. O mesmo carro, a mesma placa e ele sempre acreditou na história do uber. Sophia saiu de dentro do meu carro, na frente dele. Ele brigou com ela e no outro dia foi pedir desculpas com um buquê de rosas na mão. Pelo amor de Deus. Fora os inúmeros finais de semana que sempre tinha uma desculpa meia boca pra dar. Micael não faz questão de enxergar um palmo a frente do nariz quando se trata dela.

- Cruel. – Lua suspirou. – Mas não posso deixar de concordar. Ele só viu quando não tinha mais como não ver. E eu duvido muito que ele vá mexer na bolsa dela pra achar essa cartela de remédio. Às vezes eu tenho pena dele.

- Só as vezes? – Mel falou rindo. – Ele aceita muita coisa que homem nenhum aceitaria.

- Aceita sim. – Douglas seguiu concordando. – E digo mais, ele não vai terminar com ela quando descobrir não. Duvido.

- Douglas está sabendo demais.

- Micael é previsível demais, isso sim. – Deu de ombros. – Ele vai ficar puto, provavelmente vão brigar feio, mas ela como sempre vai enrolar ele e dizer que quer o filho.

- Vai escrever fanfic, Douglas. – Lua debochou. – Pelo amor de Deus.

- Anotem ai e depois me digam que eu estava certo. – Debochou. – O cara é amigo de vocês há mil anos e parece que eu conheço mais.

- Vamos comer e deixar que Micael e Sophia se resolvam sozinhos, afinal, são adultos. – Arthur saiu correndo pra cozinha pra buscar os petiscos.

 

- Ei, o que aconteceu que cancelou a resenha? – Micael perguntou a esposa quando ela passou pela porta. – Achei que estivesse empolgada.

- Ah, acabei brigando com a Lua e com o pessoal. – Suspirou e se jogou no sofá. – Me falaram um monte de merda.

- Como assim? Sobre o quê? – Arregalou os olhos. – Todos os quatro?

- Do tempo que passo viajando. – Encarou o marido. – Jogaram um monte de coisa na minha cara, não quis continuar lá.

- Vem aqui que eu vou te fazer relaxar. – Puxou ela pra perto. – Depois eu converso com eles pra não pegarem tanto no seu pé, afinal quem tem que reclamar sou eu né? – Achou graça.

- Na verdade, ninguém tem que reclamar né? Não é passeio, é trabalho. – Seguia chateada. – Ninguém me entende, não é possível.

- Você está bem irritada mesmo hein, quero nem imagina as coisas que te disseram. – Ele reprimia um sorriso. – Esquece isso.

- Não dá pra esquecer, são meus amigos, mas parecem inimigos. – Rolou os olhos. – Falaram que você ia me deixar. – Ela tinha os olhos cheios de lagrimas quando encarou o marido. – “Vamos fazer um bolão pra ver quanto tempo mais dura o casamento de Micael e Sophia.” – Micael não aguentou e acabou dando risada. – Eu não achei isso engraçado.

- Eles deviam estar zoando, ne amor?! – Seguia rindo.

- Era muito sério. – Tinha um bico imenso. – Foi a Lua que disse pra mim.

- Nosso casamento não vai acabar por bobeira, ainda mais agora que vamos ter um filho. – Puxou ela pra perto de novo. – Nosso bebê vai nos aproximar ainda mais, já que consideravelmente diminuirão as campanhas e você vai ficar mais em casa.

- Micael, queria te falar uma coisa. – Ela disse abraçada ao peito dele. – Não sei como você vai reagir.

- Pode falar meu amor. – Ele a afastou um pouco para olhar em seus olhos. – Depois que você concordou em engravidar, eu aceito tudo que você quiser. – E depois daquela frase Sophia perdeu toda coragem que tinha reunido pra contar a verdade. Era impossível.

- Eu amo você. – Voltou a se aproximar e deu um beijo nele. – Muito, não deixa de acreditar nisso nunca.

- Eu não vou deixar. – Colou a testa na dela. – Agora, o que acha de tentarmos mais uma vez o nosso bebê? – Sorriu maliciosamente, logo Sophia enlaçou as pernas na cintura de Micael e ele a carregou para o quarto.

 

 

Quase uma semana depois Sophia estava embarcando para Santa Catarina sem previsão de volta, aliás, até tinha, mas ele não se prendia a isso, já que sempre acabava ficando mais tempo por conta de algum imprevisto ou emendando viagem para outro lugar.

Naquela tarde, após deixar Sophia no aeroporto, ele pegou o caminho para a casa de Lua, para onde tinha sido convidado para um churrasquinho na piscina com os amigos. Não demorou a chegar e foi logo entrando sem tocar a campainha.

- Achei que não vinha mais. – Arthur se aproximou pra falar com o amigo. – Encarregamos Douglas do churrasco, você demorou uma eternidade.

- Churrasco dele nunca vai ser tão gostoso quanto o meu. – Caminhou para perto do pessoal. – Fui levar Sophia no aeroporto, estava esperando ela embarcar pra vir.

- Pra onde que ela foi dessa vez hein? – Lua perguntou com um tom debochado. – E quando é que volta?

- Santa Catarina. – Deu de ombros. – Diz ela que volta semana que vem, mas nem acredito mais nisso. Esses prazos que ela me dá numa estão certos.

- E você não se importa nem um pouco? – Mel ergueu uma sobrancelha. – Não é possível, Micael. Você quase não vê sua esposa.

- Gente, nós já tivemos essa conversa muitas vezes, deixa a Sophia trabalhar, se ela é feliz assim, não sou eu que vou atrapalhar.

- Quero só ver se um dia começarem as viagens internacionais. – Douglas falou baixinho, mas Micael foi capaz de ouvir.

- O que tem demais nisso? – Micael se virou pra encara-lo.

- Ah, ai serão meses longe de casa, Micael. – Ele virou uma das carnes que tinha na grelha. – Um, dois, três... Direto.

- Ela não vai topar um negócio desse, não é possível! – Pareceu assustado por um momento. – Ela passa semanas, mas volta pra casa. Pouco, mas volta.

- Uma hora você vai ter que reclamar. – Lua deu de ombros. – Quero só até quando você vai fazer o compreensivo.

- Eu queria saber porque a minha vida conjugal interessa tanto. – Rolou os olhos. – A gente está bem, vocês não precisam se preocupar. Além do mais, nós vamos ter um bebê, nós estamos tentando. Eu duvido que a Sophia vai querer passar dois, três meses longe do filho dela.

- Aham, eu também duvido. – Lua suspirou. – Você deve ter razão.

- Agora vamos mudar de assunto? Cada um com seu trabalho.

- Sim, senhor. – Douglas disse e estendeu o garfo de churrasco para Micael. – Então assuma o seu porque eu quero cair na piscina. – Micael pegou o utensilio e observou Douglas ir pra piscina.

- Mas é muito abusado mesmo. – Sacudiu a cabeça e logo se posicionou de frente da churrasqueira. – Todos vocês, na real.

- Amamos você, Micael. – Lua disse desanimada.

- Lua, você está muito estranha. – Encarou a amiga. – Aconteceu alguma coisa? Está com algum problema? Se tiver algo pra contar, conta.

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