Depois do Para Sempre - Capitulo 41

 Sophia passou pela sala voando e nem viu ninguém. As malas agora esquecidas ainda ali ficaram como tarefa para Arthur levar ao quarto de hospedes. Douglas e Mel foram embora com Heitor logo depois de Micael.

- E o que aconteceu com a Sophia? – Arthur perguntou quando terminou de colocar as malas no quarto. – Ela está mal.

- Ela aparentemente tomou juízo. – Bateu palminhas. O marido ficou sem entender, mas não perguntou. Pegou uma toalha e foi para o banho.

 

 

Sophia entrou na agência praticamente deserta por ser domingo e não demorou a entrar com tudo na sala de Beth. A mulher automaticamente sorriu quando viu a loira parada diante de si. Sophia estava ofegante e não tinha a melhor das caras.

- Como você sabia que eu estava aqui? – Beth parou de juntar os papéis e ficou olhando a mulher a sua frente.

- Você sempre está aqui, não tem vida pessoal. – Deu de ombros.

- Isso até doeria. – Disse ainda bem humorada. – Se não fosse verdade. – Deu risada. – O que foi? Não tem viagem pra você marcada até semana que vem, devia estar aproveitando sua família.

- Desmarca a próxima viagem!

- Ficou doida? – Disse com olhos arregalados. – Nós temos um contrato Sophia, há multa rescisória se você resolver quebrar.

- Pode mandar o seu advogado calcular. – Deu de ombros. – Eu vou me aposentar.

- Como assim se aposentar? – Agora seu bom humor tinha ido embora. – Você tem trinta anos e está no auge da sua carreira, coisa que as modelos tem aos vinte, vinte um. Olha quanta coisa conquistou e continua conquistando. Que ideia estupida é essa?

- Eu não vou mais viajar e nem desfilar, eu quero que organize um evento aqui no Rio para que seja a minha despedida das passarelas.

- Você está bêbada? – Cerrou os olhos. – No seu juízo perfeito não está! O que foi que seu marido te falou?

- Ele não falou nada, ele não pediu nada. – Deu de ombros. – Decisão completamente minha.

- É alguma pegadinha, tem gente filmando isso né?

- Será que dá pra facilitar? – Cruzou os braços. – Você pode me arranjar esse último desfile?

- Sophia pelo amor de Deus, conversa comigo, deixa eu tirar essa ideia da sua cabeça.

- Beth, eu não vou tirar essa ideia da minha cabeça, foi bom enquanto durou e durou enquanto estava sendo bom. Eu preciso ajeitar a minha vida, senão daqui a pouco eu acabo solteirona que nem você.

- Eu sabia que tinha a ver com seu marido. – Balançou a cabeça. – O que foi? Ele brigou com você?

- Ele me expulsou de casa.

- Isso é ótimo, você pode ficar triste agora, mas vai ter mais liberdade pra viajar.

- Pelo amor de Deus, Elizabeth. – Praticamente gritou. – Chega de fazer a minha cabeça, está legal?! Já cansei disso, eu quero ter paz será que você pode organizar a minha despedida ou eu vou ter que marcar com outra agência?

- Nós temos contrato de exclusividade também, isso te renderia multa.

- Eu tenho dinheiro pra pagar quantas multas você inventar. – Disse confiante. – Eu não estou dizendo que vou parar com tudo. Um catalogo de vez em quando, um comercial está de bom tamanho. Mas não quero mais viajar, estamos entendidas? – A mulher balançou a cabeça. – Ótimo, eu vou aguardar sua mensagem me informando a respeito do evento que pedi.

 

 

Saiu da sala de Beth abruptamente da mesma forma que entrou, estava transtornada. Entrou no carro, mas não teve coragem de dirigir, suas mãos tremiam, estava muito nervosa. Abaixou a cabeça no volante e ficou ali por um tempo, tentando digerir tudo o que tinha acontecido recentemente.

Quando estava finalmente um pouco mais calma, ligou o carro e foi até a casa de Lua. Alguns dias se passaram e ela não tinha contato nem com Micael e nem com Beth. Lua pegava a menina e levava para que ela visse, nos dias em que o moreno estava trabalhando. Nesses dias a babá foi dispensada.

Aquela tarde, a loira estava deitada no sofá com Lua quando ouviu a campainha tocar. A empregada de Lua apareceu pra abrir a porta e logo foi pra sala com uma carta. Entregou-a a Sophia.

- Ué, pra mim? -  Estranhou ao pegar o envelope das mãos de Lúcia que saiu imediatamente dali. Olhou sem entender para amiga enquanto abria o papel ruidosamente. Um choque tomou conta de si e ela ficou pálida na mesma hora. – O Micael deu entrada no divórcio. – Lua arregalou os olhos e levou a mão a boca.

- Eu não acredito. – Disse baixo.

- Ele não disse nada pra mim. – As lágrimas rolaram instantâneas. – Ele podia ter avisado que faria, não podia? Eu achei que era mais uma crise, que ia passar. – Começou a falar uma coisa atrás da outra, Lua não tinha chance de responder. – Eu pensei que dando esse tempo para as coisas se acalmarem, a gente ia conversar e se entender. Lua, como eu pude ser tão idiota? Eu devia ter falado com ela que pedi o último evento, que vou me aposentar. Lua, pelo amor de Deus, diz algo!

- Não dá, você não para de falar.

- Estou desesperada, não sei o que fazer!

- Se acalmar é o começo de tudo. – Foi se sentar no mesmo sofá que ela. – Em segundo você tenta conversar com ele. Não tem nada assinado, dá pra cancelar o processo.

- Não tem e nem vai ter, Lua. – Rasgou a carta. – Se ele quiser o divórcio, vai ter que entrar com o litigio, porque eu não assino bosta nenhuma.

- Maduro hein.

- Você acha que eu devo assinar?

- Não, eu acho que você deve conversar com ele. – Sophia cruzou os braços. – E depois, se ele realmente não quiser mais nada, não adianta você ficar prendendo o homem, Sophia, só vai fazer ele ter mais raiva de você.

- Eu não consigo fazer isso, eu o amo.

- Ele também te ama. – Abraçou a amiga. – Não tenha dúvidas.

- Se me amasse, não tinha entrado com essa pedido, Lua.

- E se foi por pirraça? – Ergueu uma sobrancelha.

- Você acha que ele chegaria tão longe?

-  Acho. – Deu de ombros. – Acho que ele quer te enlouquecer e entrou com esse pedido porque sabe que você não vai assinar coisa nenhuma.

- Que maldade!

- Se for isso mesmo, melhor do que de verdade, não é?

- É. – Fungou. – Eu vou até o apartamento, preciso falar com ele.

- Essa hora ele não deve estar lá. – Lua disse após ver as horas no celular. – Certeza que está com a Mirella na pracinha lá perto. Sempre faz isso quando está de folga.

- Tá certo, eu vou até a praça, se não tiver vou no apartamento, mas eu só volto pra cá depois de conversar com esse homem. – Levantou num pulo e saiu de casa com a roupa que estava.