Mais tarde Micael foi para
o quarto de hospedes dormir e deixou Sophia sozinha. Os dois demoraram muito
tempo pra pegar no sono, mas no final, conseguiram. Na manhã seguinte Micael
deu café a Sophia, deixou um prato com almoço dentro do micro-ondas para que
ela esquentasse, e saiu, pouco antes de meio dia, para o restaurante.
Sophia ficou sozinha por
algum tempo, estava acostumada a sempre ter alguém ali, se sentiu mal ao estar
sozinha, mas era sua realidade, estaria sempre sozinha.
- O que você está fazendo
aqui? – Micael perguntou com a testa franzida ao ver a namorada o esperando em
frente casa. – Marcamos alguma coisa?
- Não, eu fiquei com
saudades, tem uns dias que a gente não se vê e você quase não fala comigo
direito, pensei que talvez pudéssemos ficar juntos hoje. – Se aproximou para
beijá-lo, mas a culpa que ficava maior a cada segundo, fez com que ele saísse
rápido do beijo. – O que foi?
- Preciso ir ao banheiro. –
Ele falou e ela riu. Tratou logo de abrir a porta da casa e saiu correndo, se
trancando no cômodo. Ficou de pé na pia e jogou água sobre o rosto, precisava
se acalmar, já que tinha decidido contar a ela, não podia ser covarde. Resolveu
tomar um banho antes de sair, precisava disso.
- Demorou! – Fernanda
estava sentada na cama de Micael, com as pernas cruzadas e sorriu ao ver o
namorado somente com a toalha presa na cintura. O cabelo escorrendo e meio
bagunçado, amava o cheiro pós-banho dele. – Pensei que nunca mais ia sair do
banheiro. – Ficou de pé e foi até ele, o abraçando.
- Nós precisamos conversar
sobre algumas coisas. – O nervosismo dele era palpável. Fernanda se afastou com
uma careta. – Coisas sérias.
- Você está muito estranho.
– Cruzou os braços e não desfez a careta. – O que foi que aconteceu?
- Será que eu posso botar
uma roupa antes? – Apontou pro armário e logo vestiu uma cueca e uma bermuda
qualquer. – Então...
- Para de enrolar. – Pediu
de uma vez. – Você foi passar a noite no apartamento da Sophia ontem, só pode
ter a ver com ela.
- E tem, mas não é dela que
eu quero falar. – Ele não tinha coragem de encarar a namorada.
- Você vai terminar comigo?
– Ela estava tentando prender as lagrimas. – Se for isso, fala de uma vez! –
Estava brava e ele nem sequer tinha dito ainda.
- Eu não vou terminar com
você. – Bufou, como se fosse obvio. – Eu acho que vai ser ao contrário.
- Eu vou terminar com você?
– Ela ergueu uma sobrancelha. – Eu não faria uma coisa dessas, a menos quê... –
Ela se interrompeu, tentou olhar nos olhos de Micael, mas ele mantinha a cabeça
baixa. Não demorou meio minuto pra conseguir entender o que tinha acontecido. –
Você ficou com ela? – Suas lagrimas reprimidas agora rolavam livres. – Me
responde, Micael! – Pediu depois do silêncio que ele fez.
- Aconteceu... – Ele não
sabia como explicar ou como pedir desculpas. Sophia tinha razão, confessar
aquilo era muito difícil, e ele nem a amava. Agora conseguia entender o
desespero de Sophia naquele dia em que descobrira, as vezes que disse que
queria explicar, sendo que não tem explicação. Entendia tudo, estava
arrependido, mas isso não valia de nada pra Fernanda.
- Aconteceu?! – Esbravejou.
– É só o que vai me dizer? – Tentou secar as lagrimas, mas outras as seguiam
rápido.
- Eu não entendo, estava
com ela, falando do bebê e em seguida... – Ele ainda não tinha conseguido
completar nenhuma frase. – Eu me arrependi do que fiz, eu sei que foi errado,
mas...
- Mas você não resistiu a
ficar com o grande amor da sua vida, não é mesmo? – Debochou. – A mãe do seu
bebê, sua eterna namorada.
- Ei, para com isso, foi um
deslize, eu estou te contando porque não vai acontecer de novo, eu me deixei
levar, mas não vai mais acontecer. – Levou a mulher ao auge da
raiva.
- Você me traiu com a
mulher que traiu você, Micael! – Ela esperneava, avançou em Micael e começou a
lhe dar socos no peito. – Eu não acredito que você fez uma coisa dessa!
- Eu estou pedindo
desculpas! – Ele falava como se fosse o suficiente. – Eu sei que eu errei, mas
eu me arrependi.
- Se arrependeu depois que
gozou né? – Lhe acertou um tapa na cara. – Por um acaso você gostou do que
sentiu quando descobriu que foi traído? Porque pra fazer comigo também, sabendo
a dor que eu ia sentir, com certeza você gostou.
- Fernanda, eu contei
porque quero fazer as coisas certas. – Segurou em seus cotovelos. – Eu não
quero ficar com ela, eu quero continuar com você.
- Devia ter pensado nisso
antes de meter um chifre em mim, como ela meteu em você. – Puxou os braços pra
que ele a largasse. – Pelo visto o bebê apagou tudo. Vocês dois são
iguaizinhos, se merecem. – Pegou a bolsa que estava em cima da cama e já ia
saindo do quarto.
- Você vai terminar comigo?
– Ele perguntou com a voz baixa. – Por favor, tira um tempo, pensa, mas não faz
isso assim de cabeça quente.
- Eu não vou suportar você
o tempo todo atrás dela! – Ela também dia abaixado o tom de voz. – Eu já não
suportava antes, agora ficou ainda mais difícil!
- Mas ela está gravida, eu
sou pai. – Fernanda bufou e saiu dali, antes de passar pela porta ela encarou
Micael por mais um instante.
- Eu te ligo pra dizer o
que decidi. – Ele sorriu esperançoso, mas a mulher bateu a porta sem nem dizer
tchau, como era idiota.
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