- Eu estou te esperando pra você ir almoçar lá no
restaurante. – Ele sorri. – Então liga logo que eu já estou mais que atrasado.
- Ih, olha só. – Ela falou reparando na lista. – Viu quem
mais está na lista? – Ele balançou a cabeça, a mulher mais uma vez virou o
papel e Micael leu os nomes. – Douglas.
- Esse cara está em todas. – Micael rolou os olhos.
- Ele pega a Elizabeth, lógico que ela coloca ele em tudo o
que é campanha. – Ele bufou. – Essa história de teste desse ser a maior
desculpa do mundo. Tenho certeza que ele já deve estar escolhido para o lado
masculino.
- Filho da puta esperto né?! – Ele seguiu reclamando. –
Ninguém merece. Ai vai ficar aqui te rondando. – Sophia riu da careta que
Micael tinha. – Não estou achando graça não.
- Para de bobeira, é meu trabalho. – Ele respirou fundo. –
Se eu pudesse nunca mais ver nenhum dos dois, eu não veria, você pode ter
certeza.
- Eu pensei que ele era seu amiguinho. – Debochou.
- Era. – Ela seguia bem humorada. – Mas isso te irrita,
então eu prefiro nem ver mais. Assim a gente já não tem motivos pra se
estressar.
- Tô de olho! – Deu um leve sorrisinho. – Será que você pode
ligar logo pra gente ir?! – Ela balançou a cabeça e logo pegou no sistema o
telefone dos outros modelos.
Gastou meia hora pra falar com todos, e conseguiu a
confirmação de todos para o teste. O contado com Douglas tinha se resumido a
poucas palavras e Micael olhava bem fundo nos olhos de Sophia enquanto ela
realizava aquele telefonema. Lua não voltou da missão que lhe fora dada, então
Sophia e Micael saíram da agência de mãos dadas.
- Vem. – Ele puxou ela pro carro.
- O restaurante é cinco minutos daqui. – Ela riu quando
fechou a porta do carona.
- Mas ai eu vou deixar meu carro aqui na porta da agência? –
Ergueu uma sobrancelha pra namorada. – Tenho que botar no estacionamento do
restaurante.
- Ok, você tem um bom ponto. – Dois minutos até o carro
estar estacionado e eles saírem de dentro. Micael tinha a dólmã na mão e
caminhou com Sophia pra dentro do restaurante. Passou o olho pelo salão e
constatou que não estava super lotado como de costume. Suspirou.
- Você quer comer aqui no salão ou lá na cozinha? – O moreno
perguntou a ela que não titubeou em dar a resposta.
- Na cozinha, você sabe que eu odeio comer no salão sozinha,
parece que eu sou uma mal amada, solteirona. – Micael riu e entrou na cozinha
puxando Sophia pela mão. Estava um caos, parecia que ninguém sabia o que estava
fazendo. O pai de Micael estava no meio completamente transtornado.
- Isso são horas de chegar? – Reclamou assim que viu o
filho, deixou Sophia completamente sem graça. – Você não sabe a loucura que
está esse lugar! – Seguiu dando bronca. – Cadê a sua responsabilidade Micael?
Pedidos estão atrasados e eu com certeza estou ficando de cabelo em pé por
conta disso.
- Ei, se acalma! – Micael pediu com a voz baixa. – Tive um
imprevisto, já estou aqui. – Soltou a mão de Sophia e vestiu sua dólmã. – Não
precisa desse escândalo todo.
- Eu estou sem um chef, ai agora você também resolve me
deixar na mão, ai é foda. – Micael suspirou e Sophia o olhou apreensiva. – Pelo
menos ligasse pra avisar.
- Pai, o senhor pode fazer o favor de sair da minha cozinha?
– Mantinha a voz controlada. – Eu não vou conseguir dar um jeito nisso tudo se
você ficar enchendo a minha cabeça. – Ele olhou pra Sophia e lhe deu um beijo na
testa. – Senta lá que eu já te levo algo. – Apontou pra mesa com algumas cadeiras que era o local onde os funcionários almoçavam, era um pouco afastado
da confusão.
- Estão juntos de novo? – Ele perguntou com a voz um pouco
mais branda. Micael rolou os olhos e parou de frente ao fogão observando o que
estava no fogo. Pegou uma colher e provou de um molho.
- Isso aqui está completamente sem tempero! – Ele gritou na
cozinha. – Vamos parar de ficar andando de um lado para o outro e prestar
atenção no que estão fazendo, por favor? – Deu uma bronca coletiva e logo olhou
para o pai. – Sim, tem dois dias.
- E você não me contou? – Micael ergueu uma sobrancelha. –
Depois da perda do meu neto eu achei que vocês iam se distanciar ainda mais. –
Micael ouvia o pai falar, mas já estava concentrado nos pedidos.
- Eu estou sentindo cheiro de queimado! – Deu um grito e
logo apareceu alguém pra tirar do fogo uma panela que estava no fogão mais
distante dele. – Presta atenção, Henrique!
- Desculpe. – Foi só o que disse. Micael rolou os olhos e
começou a executar a montagem dos primeiros pratos. Tinham bastante pedidos
atrasados.
- Não contei porque a gente se entendeu no sábado. – Achou
um tempo pra responder o pai. – Domingo eu vim trabalhar e o senhor não estava
aqui. E agora está ai sabendo!
- Existe telefone, você podia ter ligado. Nós somos mais do
que funcionário e patrão, você as vezes esquece disso. – Micael separou um
prato e colocou comida de uma forma não tão arrumada quanto para os clientes.
- Ok, desculpa então. – Deu de ombros. – Leva lá pra Sophia,
ela precisa almoçar daqui a pouco dá a hora de voltar pro trabalho. – Jorge
assentiu, pegou o prato, um garfo e logo levou pra nora na mesinha.
- Chegou! – Ele brincou enquanto colocava o prato na mesa. –
O chefe daqui é meio lento, desculpa viu. – Sophia gargalhou. – Você quer beber
um refrigerante? – Ela balançou a cabeça e logo Jorge apareceu ali com uma
latinha e um canudo. – Está bom?
- Eu não sei o que é, mas eu não canso de me surpreender com
o quanto esse garoto cozinha bem! – Jorge deu risada. – É surreal.
- Ele nem cozinhou isso ai, só deu o toque final com uns temperinhos. – Cruzou
os braços e se sentou perto da loira. – Você que é uma puxa saco.
- Deve ser porque eu não cozinho nada. – Eles riram. – E nem você! – Brincou com o sogro. – Eu não canso de me surpreender com o fato de
você ter montado um restaurante sem nem saber cozinhar!
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