- Tá legal, você venceu. –
Suspirou. – Talvez ele tenha passado um pouco do limite.
- Talvez? – Manteve a
sobrancelha erguida. – Talvez?
- Você já chegou aqui
irritado, Micael. – A mulher cruzou os braços. – Já chegou me tratando mal, ele
só te irritou porque ele sabe que você me magoa com as suas palavras.
- Eu não tiraria o nosso
filho de você. – Ele sorriu. – Eu só estava com raiva, tá legal?
- Você estava assim desde
que ficamos, desde que contou pra fulaninha, mas eu não tenho nada a ver com os
seus problemas, eu não te obriguei a cair em tentação, obriguei? – Ele negou
com a cabeça. – Eu sei que é difícil, mas e se a gente tentar?
- Você acha que a gente
consegue simplesmente tentar? – Seu rosto era divertido.
- A gente se ama, Micael! –
Ela colocou as duas mãos no rosto do ex namorado. – Vamos ter um bebê. Eu digo
ao Douglas pra se afastar, você dispensa a mocreia e a gente tenta!
- Não, isso não vai dar
certo! – Tirou as mãos da loira da cabeça. – Eu vou virar um poço de ciúme, eu
não vou deixar você respirar e isso não é bom pra ninguém, não é saudável. É
muito cedo pra qualquer reaproximação que seja. Se a Fernanda me ligar e disser
que vai ficar comigo, eu vou voltar com ela.
- Eu não acredito que você
está falando uma coisa dessa pra mim, logo depois de dizer que me ama. – As
lagrimas brotaram em seus olhos. – Não consigo acreditar.
- Eu estou sendo sincero. –
Ele mantinha o tom baixo.
- Pro inferno com a sua
sinceridade! – Estourou e o rapaz respirou fundo. – Toda vez eu falo que não
vou mais me humilhar pra você e não dá um minuto eu já estou aqui fazendo papel
de trouxa novamente.
- Sophia, estávamos tendo
uma conversa de adultos. – Manteve a voz controlada. – Será que você pode se
acalmar?
- Está todo mundo certo
mesmo. – Dobrou os joelhos e colocou a cabeça no meio deles. – Eu devia seguir
em frente, assim como você.
- Você está se escutando? –
Tentou colocar a mão em seu ombros, mas ela ficou de pé e caminhou até a porta
do quarto. – Você devia descansar.
- Só quando você for embora
daqui. – Fungou.
- Eu não vou te deixar
sozinha, você tem que ficar de repouso.
- Antes só do que mal
acompanhada! – Retrucou com um ditado. – Me deixa em paz, Micael. Por tudo que
é mais sagrado, me deixa em paz.
- Sophia, você está
exagerando, eu não te falei nenhuma novidade! – Se forçava a manter a calma.
- Chega! – Gritou. – Vai embora!
- E como eu vou te deixar
sozinha no escuro? – Cruzou os braços. – Isso não vai acontecer.
- Por favor. – Chorava
feito louca. Aquela conversa pra ela, tivera sido a pior entre todas, porque
não teve gritos, não teve xingamentos, foi tão sincera e mesmo assim ele tinha
dito que escolheria Fernanda. Micael suspirou e saiu do quarto, ela bateu a
porta e não olhou pra vê-lo sair.
Se jogou na cama e se pôs a
chorar. Eram tantos sentimentos que passavam pela mulher, sofria tanto por uma
coisa que ela mesmo tinha causado, mas aquilo já tinha passado dos limites. Não
sabia que horas eram, não sabia quanto tempo ficou chorando na cama e também
não percebeu quando acabou adormecendo, o rosto coberto de lagrimas.
Micael se ajeitou no sofá,
não quis ir para o quarto de hospedes, porque queria vigiar Sophia caso ela
resolvesse levantar de noite, no escuro. Pegou no sono refletindo sobre suas
escolhas. Será que realmente estava sendo teimoso? Será que se fizesse um
esforço pra perdoa-la, não seria mais feliz?
Sophia acordou de madrugada
com fome, mas não se levantou pra comer. A casa estava escura, como Micael
tinha dito. Tinha medo de tropeçar em algo e se machucar, machucar seu bebê.
Ficou bastante tempo repensando sobre tudo aquilo que Micael tinha lhe dito,
sobra ama-la e sobre voltar com Fernanda. Aquela noite estava sendo difícil,
sentia que os dois sofriam de forma tão desnecessária, mas a decisão de
encerrar o sofrimento não estava consigo.
Já de manhã, Sophia se
levantou da cama e foi direto ao banheiro. Não parecia nada bem, constatou ao
se olhar no espelho. Bolsas enormes estavam sob seus olhos, resultado de mais
uma noite chorando por Micael. Suspirou e escovou os dentes, acabou tomando
logo um banho, depois de fazer xixi.
Saiu do banheiro renovada,
vestia uma camisa grande e um shortinho que mais da metade da bunda ficava de
fora. Caminhou devagar pra fora do quarto, tinha tempo que não fazia seu
próprio café, que não ficava sozinha em casa.
Mas a sensação durou pouco,
assim que entrou na sala, deu de cara com Micael dormindo em seu sofá, estava
todo torto, via-se de longe o quão desconfortável ele estava, mas no final das
contas, por que ele dormiu ali? Resolveu não acordar o moreno, foi até a
cozinha ligar a cafeteira, precisava de um café urgente, só assim pra acordar.
Só reparou que a luz já tivera sido religada quando o café já estava em seu
copo. A mulher sentou á mesa, partindo uma fatia de bolo de laranja.
- Viu, meu amor. –
Acariciou a barriga. – Mamãe já está alimentando você, não precisa ficar com
pressa. – Escutou uma risada e quando olhou pra cima, viu Micael parado com os
braços cruzados, a encarando. – Está me espionando?
- Não, eu só ia perguntar
se já estava mais calma. – Deu de ombros. – Você estava muito nervosa.
- Por que será né? – Rolou
os olhos.
- Você está com uma cara
péssima. – Ele riu, pelo visto tinha acordado bem humorado.
- O que está fazendo aqui?
– Seu olhar era sério. – Eu mandei você ir embora ontem.
- E eu disse que não ia
deixar você sozinha, ainda mais no escuro. – Sorriu de lado. – Mesmo dando todo
aquele chilique, e do meu filho que estamos falando.
- Já pode ir. – Continuava
com raiva. – Como pode ver, graças a você a luz já voltou. Eu sou perfeitamente
capaz de esperar a Lua sozinha.
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