- Não é possível que está
me dizendo uma coisa dessa. – Voltou a gritar. – Você é louca, precisa se
tratar!
- Eu não sou louca! –
Abaixou os braços. – Era um feto, tinha três meses. – Micael seguia a
encarando, completamente incrédulo. – Eu posso te dar quantos filhos você
quiser.
- Eu não quero nem olhar na
tua cara, quem dirá ter filhos com você. – Disse com o máximo de nojo que
conseguiu. – Junta tuas coisas e sai da minha casa, agora!
- Pelo amor de Deus,
Micael! – Ela tentou se aproximar. – Eu achei que aquela piranha estivesse
mentindo!
Micael não sentiu o
movimento que fizera. Observou a mulher cair no chão, sentada com a mão no
rosto. Ele tinha lhe acertado um tapa. Nunca tinha passado pela sua cabeça
realmente agredir a mulher, tudo era pensado na hora da raiva, mas ele sabia
que não devia fazê-lo. Aquilo fora completamente inevitável, pensou em pedir
desculpas, mas ela não merecia.
- Pega suas coisas e sai da
minha casa. – Ele disse baixo, agora com a voz tranquila.
Fernanda ainda com a mão no
rosto e com mais lagrimas escorrendo, se levantou e se pôs a pegar as coisas
caídas no chão. Colocou em bolsas de mercado antes de sair dali, sem dizer mais
nenhuma palavra a Micael. Ele não a perdoaria por aquilo, e nem ela o perdoaria
pelo tapa. Estavam quites.
O moreno ficou deitado na
cama por muito tempo, ele chorou todas as lagrimas que não tinha chorado na
noite anterior e se esforçado pra não deixar escapulir na frente de Sophia. Por
mais que não tivesse tido cem por cento de êxito, seria muito pior se ela o
visse neste estado.
Não sabia quanto tempo se
passou até se levantar pra ir tomar um banho, precisava ver Sophia. Diante de
toda confusão, não tinha colocado o celular pra carregar, decidiu levar o
carregador e conectar em alguma tomada que tivesse no quarto que Sophia estava.
Não demorou a estar de
volta ao hospital e viu o quarto cheio, ao que parece Sophia tinha avisado Lua,
Arthur, Chay e Mel. Ele passou pela porta e o silêncio reinou. – Por acaso
estavam falando de mim? – Perguntou com um sorriso enquanto procurava uma
tomada.
- A gente sente muito pelo
bebê! – Lua foi a primeira a se manifestar, em seguida todos prestaram seu
apoio.
- Obrigado, gente! –
Suspirou. – A gente vai superar, não é Sophia? – Apertou os pés da mulher, que
estava com uma cara não muito boa. – Já falei que você pode engravidar outras
vezes.
- Isso mesmo! – Mel se
intrometeu. – Micael vai te ajudar nisso, não é mesmo? – Ela recebeu um olhar
fuzilador dos dois. Mas o restante dos amigos riu.
- Mas é tão engraçadinha! –
Micael bufou. Encontrou a tomada e ligou o celular.
- Como foi a conversa? –
Estava curiosa desde que ele tinha saído.
- Péssima. – Respirou
fundo. – As coisas saíram muito do controle, houve gritaria, houve estresse, mas
no final, ela se foi.
- Ela admitiu que me deixou
lá sofrendo no chão de propósito? – A raiva de Sophia só passaria quando
pudesse acertar uns bons socos em Fernanda.
- Não! – Balançou a cabeça
pra dar ênfase. – Ela disse que achou que você estivesse fingindo. Ela jurou
que pensou que você mentia.
- Mentira o cu dela. –
Disse com raiva. – Eu tenho tanta raiva dessa vagabunda que quando eu a ver eu
vou arrancar os cabeços um por um.
- Desde quando você é boa
de briga? – Micael perguntou com um sorriso de canto. – Não sabia dessa
novidade!
- Ela não tinha direito
nenhum de mexer com o meu bebê. – Sophia recomeçou a chorar. – Ela não podia
ter feito o que fez, nada justifica.
- Eu sei. – Micael
suspirou, não queria mais pensar naquilo.
A visita mais inesperada apareceu
pela porta puxando sua mala antes que Micael mudasse de assunto. Branca Abrahão
abriu caminho pedindo licença aos amigos da filha, deixou suas coisas em um
canto e parou perto da cama, de frente pra Douglas.
- Você sofre um acidente,
engravida, perde o bebê e eu não sou avisada em nenhum momento? Que filha
desnaturada você é Sophia? – Estava brava, mas fazia carinho nos cabelos da
filha. – Eu quase morri de preocupação no caminho pra cá.
- Mãe, já está tudo bem. –
Ela secou as lagrimas. – Não precisa mais se preocupar.
- Quem vai cuidar de você?
– Rangeu os dentes. – Você vai embora comigo assim que receber alta, eu não vou
mais deixar você sozinha aqui nessa cidade. Eu e seu pai vamos ficar felizes de
te ter em casa de novo, meu amor.
- Sem chance, eu não vou
voltar pra São Paulo, minha vida agora é aqui! – Rangeu os dentes, não queria
ter aquela conversa agora. – Eu tenho trabalho, tenho meus amigos, não vou
largar tudo. – Branca olhou em volta reconhecendo os amigos de Sophia.
- Oi, gente. – Sorriu aos
quatro. Rolou os olhos quando viu Micael escorado na parede. – Oi, Micael. –
Sua voz era completamente rude.
- Oi, Branca. – Micael
respondeu um tanto quanto sarcástico. – Simpática como sempre.
- Eu tento. – Ela tinha o
mesmo tom rude. Se virou e encarou Douglas a sua frente. – Ei, você eu não
conheço! – Encarou o rapaz de cima a baixo. – Quem é você?
- Eu sou Douglas. – Ele se
apresentou e estendeu a mão para cumprimentar a senhora. – Fui eu que falei com
a senhora ao telefone.
- Ele está mais perto de
você do que Micael, devo presumir que você finalmente mudou de namorado? – Ela
sorriu esperançosa e arrancou risos de Douglas e amigos. Micael bufou tão alto
que foi ouvido pela senhora, Sophia revirou os olhos. – Que foi?
- Dá um tempinho mãe. –
Pediu sem paciência alguma. – Por favor!
- Ok, não está mais aqui
quem falou. – Ergueu as mãos. – Mas por favor, pensa um pouquinho sobre voltar
comigo.
- Não vou ir, mãe. –
Balançou a cabeça. – E a gente está num hospital, quando eu for pra casa a gente
conversa, tá.
Sophia ficou conversando
com a mãe e Douglas saiu de perto. Ele caminhou pra falar com Lua. Tinha as
mãos no bolso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário