Medo de Amar - Capitulo 14

- Eu sei que eu errei, tá legal? - Ela chorava mais que tudo. - Eu sei que eu fui idiota, mas eu não quero perder você.
- Você me perdeu desde o momento em que resolver ficar com outra pessoa. - Ele era frio, falava baixo. - Você achou que eu ia ficar sem saber até quando? - Rangeu os dentes já se alterando. Você achou que ia me fazer de trouxa o resto da vida?

- Não, eu acabei de dizer que já tinha dado um fora nele. - Ela gritou e Micael riu. - Isso não é engraçado.
- Claro que é, parece que você ta dizendo que porque já tinha cansado dele, não tem mais problema, mas você começou isso, Sophia. Eu me fiz de cego muitas vezes, os seus sumiços, você não querendo passar o final de semana comigo, a quantidade de uber que você pegava e sempre era aquele maldito HB20 preto. Eu me fiz de cego, porque eu te amo, eu tentei acreditar que você me amava também, mas não, pelo visto não.
- É claro que eu amo você, o que aconteceu foi um deslize. - Tentou se aproximar e ele se afastou novamente.
- Deslize é uma vez, Sophia. - Gritou na cara dela. - Você acabou de confessar que ficou meses com esse cara. Vocês devem ter rido de mim tantas e tantas vezes...
- Não é assim... - Não completou a frase.
- Você estava insatisfeita né, é de se imaginar que procurasse alguém na rua pra te foder igual a vagabunda que você é.
- Para, não é assim...
- E como é? - Ergueu uma sobrancelha. - Me explica, por favor, porque até agora eu não entendi o que eu fiz de errado! Eu fui presente na sua vida, eu mandava flores pra você quase todos os dias, eu fazia janta, eu te levava pra sair, eu te dei amor e carinho, Sophia. Eu fiz de tudo pra fazer você feliz, todas as suas vontades.
- Menos uma. - Ela abaixou a cabeça.
- Porque ia te machucar criatura. - Ele gritou mais uma vez. - Eu não queria machucar você, eu não suportava essa ideia. Você acha que eu nunca quis algo mais brutal? Pelo amor de Deus, Sophia. Eu não fazia por causa de você, mas eu sou tão trouxa, tão pau mandado que até nisso eu cedi, porque eu não suportava a ideia de não estar fazendo você feliz.
- Eu conversei com ele, disse que não ia mais acontecer nada. Disse que amo você e que aquilo é o fim.
- E quando foi que você fez isso? - Ele cruzou os braços e espumou ainda mais de raiva quando ouviu a loira dizer que tivera sido ontem. - Então eu estava certo em ficar com raiva né, puta que pariu, você saiu do carro do seu amante ontem, na minha frente.
- Mas foi porque...
- Eu não quero ouvir você dizer de novo que foi porque você tinha terminado com ele. - Ele balançou a cabeça. - Eu não quero ouvir mais nada de você, por mim você fica com ele ou com quantos quiser, eu não quero mais saber de nada.
- Você não pode terminar comigo assim. - Se aproximou e agarrou a mão de Micael. Ele puxou a mão com tanta força que até a unha dela quebrou, mas ela não se importou com aquilo, não naquele momento. - Estamos juntos há três anos.
- E você não pensou em mim na hora que estava por ai fodendo com outra pessoa. - Apontou para a porta. - Sai da minha casa.
- Não vou sair, a gente não vai terminar assim.
- Sai da minha casa! - Gritou mais alto. - Agora! Eu não quero mais ver você nunca nessa vida!
- Micael... - Ele se irritou e pegou a mulher pelo braço.
- Sai daqui! - Bateu a porta com força e escorou nela, aquilo era informação demais por um dia. Parecia um pesadelo, não podia estar acontecendo.

Caminhou para o quarto e se jogou na cama, não aguentava mais nenhum minuto naquela realidade, mas quem disse que ele conseguiria dormir? Aquilo parecia missão impossível naquele dia. Abriu a gaveta do criado mudo e pegou no potinho dos comprimidos calmantes, os engoliu a seco e ficou deitado esperando que fizessem efeito, pensando na bagunça que sua vida tinha se transformado.

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