Medo de Amar - Capitulo 33


- Será que você não consegue imaginar? – Voltou seu olhar a ela com um sorriso no canto dos lábios.
- Você ficou com a Sophia? – Ele assentiu. – Enquanto ela ainda namorava com ele?

- Acertou em cheio. – Soltou uma risadinha da cara que Fernanda fez. – E você brigou com ele e entrou no meu carro, eu não quero nem imaginar o quão puto ele deve estar em casa.
- Mas que porra. – Ela soltou um ruído. – Tem vergonha na cara não. – Disse agora brava. – Há quanto tempo eles namoravam? – Sua pergunta foi destinada a Lua.
- Há um pouco mais de três anos. – Falou baixo. – Acabou tem uns dois meses, mais ou menos. Nem me olha com essa cara, Fê. – Ele ergueu as mãos. – Eu nunca obriguei ela a ficar comigo não. – Balançou a cabeça. – E ela sempre falou muito mal do amiguinho de vocês ai.
- Eu agora estou me sentindo culpada, isso sim. – Desviou os olhos pra Sophia deitada na cama e logo em seguida ouviu seu telefone tocando de novo. – Oi. – Atendeu com a voz baixa.

- Mais que inferno, é tão difícil assim atender essa droga de celular? – Falou com a voz grossa, gritando ao telefone que todos conseguiam ouvir mesmo que não estivesse no viva voz.
- Será que dá pra falar mais baixo? – Pediu calmamente e ouviu o namorado respirar fundo.
- Pode vir pra casa pra gente conversar? – Sua voz agora muito mais suave.
- Sim, eu já vou indo, vou chamar um taxi. – Deu de ombros mesmo que ele não pudesse ver.
- Não, eu vou ai te buscar. – Decretou. – Só me espera.
- Tudo bem. – Se despediram e ela desligou o telefone. – Ele vem me buscar. – Contou aos, agora, colegas.
- Ele vem aqui? – Douglas ergueu uma sobrancelha.
- Aposto que ele quer saber como a Sophia está. – Lua falou rindo. – Mas não tem coragem de perguntar porque sabe que eu vou dar um esculacho tão grande nele pela forma como agiu. – Fernanda fez uma careta. – Eu sei que você é atual e ela é a ex, mas o jeito dele desde que a viu...
- Tudo bem, Lua. – Se sentou de braços cruzados no pequeno sofazinho. – Só é estranho ele me usando pra ter notícias dela. – Disse enciumada, agora já não tão simpática quanto antes de descobrir tudo o que tinha rolado.

Em casa, Micael andava de um lado para outro preocupado. Sozinho em seu espaço podia deixar transparecer tudo o que sentia e toda preocupação que tinha por Sophia. Não parava de remoer em sua cabeça o que Mel falara sobre ela ter se jogado, sobre andar deprimida.
Ela caída no chão, machucada, frágil não saída de sua cabeça, ser o motivo praquilo saia ainda menos. E do outro lado Fernanda o desafiando e entrando no carro daquele cara era revoltante. Precisaria conversar com ela, precisaria expor seus sentimentos e pedir que se afastasse, esperava que o entendesse.
Depois de passar muito nervoso e angustia ele resolveu ligar para a namorada. Precisava falar com ela, e precisava de uma desculpa para ir ao hospital saber de Sophia, não é como se pudesse simplesmente perguntar. Depois de duas tentativas e ele finalmente conseguiu o que queria, veria Sophia.
Saiu de casa de bermuda jeans e camisa polo preta. Pegou as chaves do carro, a carteira e o celular. Precisava de notícias, precisava saber se ela estava viva, mesmo que isso significasse ir lá e dar de cara com Douglas no quarto, posando de bom moço.
Não demorou a chegar no hospital e logo pegou um adesivo escrito visitante ao dar o nome de Sophia na recepção. Caminhou a passos largos pelo corredor indicado pela recepcionista, seu coração parecia sair pela boca. Bateu na porta do quarto quatrocentos e um. Chay abriu e soltou um suspiro, dando espaço para que Micael entrasse.
O barulho das maquinas era a única coisa que se ouvia naquele quarto cheio. Tinham seis pessoas, mas ninguém falava absolutamente. Os olhos de Micael se demoraram em Sophia deitada na cama com os olhos fechados e o rosto sereno. Teve vontade de abraça-la e dizer que tudo ia ficar bem, de lhe acariciar os cabelos e dar um beijo na testa, cuidar dela como merecia ser cuidada. Não demorou em seus devaneios, logo focou em Douglas sentado num banco no lado esquerdo da cama, segurava a mão de sua Sophia e isso o fez trincar o maxilar, de forma nem um pouco disfarçada.
Varreu o restante do quarto com o olhar e encontrou Mel, Fernanda e Lua sentadas num pequeno sofá, apertadas. As três olhavam pra ele, assim como Arthur e Chay, como se fosse alguém indesejado ali. Limpou a garganta antes de falar. – Oi. – Só isso, não tinha o que dizer, era uma situação nova. Sua vontade era de expulsar aquele cara dali e ficar com Sophia até que ela acordasse, para dizer-lhe que tudo ficaria bem, mas aquilo era realmente viável àquela altura do campeonato?
- Chegou bem rápido. – Fernanda resmungo. Estava chateada, Micael acreditava que tinha sido por seu jeito grosseiro mais cedo, mas na realidade era por puro ciúme.
- Eu moro perto e você sabe disso. – Ele deu de ombros. – Vamos? – Falou baixo. Queria perguntar como Sophia estava e como ficaria, mas aquilo era inviável com Fernanda ali.
- Será que vocês dois podem nos dar licença rapidinho? – Lua ficou de pé e pediu encarando Fernanda e Douglas. – Eu queria falar com o Micael.
- E a gente não pode ouvir? – Falou brava, mais enciumada ainda.
- Por favor, é coisa de amigo de longa data. – Pediu com a voz tranquila e a menina assentiu, saindo do quarto nem um pouco à vontade com a situação. Micael encarou Douglas que levantou sem falar nada, pôde ler em sua camisa o adesivo de acompanhante e isso o deixou com vontade de soca-lo.
Quando a porta finalmente se fechou, ele deu passos largos para perto de Sophia e fez carinho em seus cabelos, como tinha tido vontade de fazer antes. Lua sorriu, sabia desde sempre que ele tinha ficado preocupado, só não conseguia deixar transparecer.
- Você não precisava ter sido babaca lá no salão de festas. – Ela cruzou os braços parando do outro lado da cama, de frente para Micael. – Podia ter demonstrado o mínimo de preocupação com ela.

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