Medo de Amar - Capitulo 59


- Eu duvido que ela não tenha ficado com você. – Ele sentou na beirada da cama. – Não vem querer me enganar.

- Sophia ficou comigo no dia do exame do DNA, quando você foi embora. Só. – Micael não conseguia acreditar, eles viviam juntos. – Ela não consegue esquecer você, ela diz que não vai mais ligar, que vai seguir em frente, mas ai não dá dois minutos e ela já está pensando em você de novo.

- Por que você está me falando essas coisas? – Estava confuso, aquela era a primeira vez que realmente conversava com Douglas, que o ouvia. – A essa altura do campeonato!

- Eu sempre ri quando a Sophia dizia que te amava, sabia? – Micael fez uma careta. – Eu pedia a ela pra terminar com você e ficar comigo, e ela respondia “você tá louco, eu amo o Micael.” Como isso é possível?

- Eu não sei. – Deu de ombros. – Eu acho que se ela me amasse tanto quanto diz, não teria feito isso.

- Ela só foi burra e imatura. – Continuou defendendo. – Sophia definhou nos últimos meses, pelo amor de Deus, ela se jogou na frente de um carro quando viu você com outra pessoa! – Rolou os olhos. – Eu queria que ela gostasse de mim metade do que gosta de você, e eu ficava feliz.

- Vou repetir a pergunta, por que tudo isso agora? – Douglas encarou Micael.

- Eu achei, por um segundo, que com a perda do bebê eu poderia ficar com ela, quem sabe até dar um filho pra ela. – A careta de Micael foi instantânea. – Mas a verdade é que ela nunca vai querer isso, e eu a amo, quero vê-la feliz. – Ele tirou o telefone da mulher do bolso. – Eu peguei o celular dela pra avisar você. Douglas botou a senha e logo o papel de parede foi exibido, uma foto dos dois. Ele virou a tela pra Micael.

- Isso não muda nada. – Uma onda repentina de sofrimento lhe alcançou ao ver aquela foto, em que os dois sorriam felizes e apaixonados um para o outro. – Isso é só uma foto.

- Não para por ai, seu contato tem o nome de “Vida”, e foi salvo recentemente, já que você mudou de número duas vezes, não é mesmo? – Ele assentiu. – A Sophia não vai te esquecer, eu não tenho chance, nunca tive. Essa é a verdade.

Micael deu de ombros, não sabia o que dizer. Estava tudo tão bagunçado na sua vida, tudo uma verdadeira zona e agora seu bebezinho que nem tivera tido a chance de nascer, já havia partido. Ele colocou uma mão na barriga de Sophia, sentia diferença agora estava macia.

- Você avisou a mais alguém? – Micael perguntou depois de algum tempo em silêncio.

- Não. – Mais silêncio. – Eu achei que ela não ia precisar do quarto cheio de gente quando recebesse essa notícia. Achei melhor avisar a Lua e os amigos de vocês depois.

- Fez bem. – Douglas assentiu e a conversa ficou por isso mesmo. Até que... – Obrigado... – Douglas franziu a testa sem entender. Não esperava nunca na vida que receberia um agradecimento de Micael. – Obrigado por ajuda-la e por tentar ajudar o bebê.

- Eu faria tudo de novo. – E essa foi então a última conversa que teve no quarto.

Micael se sentou na poltrona no lado oposto ao de Douglas que seguia no banco e assim os dois ficaram pelo que restava da tarde e início da noite. Pouco depois das oito, Douglas foi fazer um lanche. Quando voltou, Micael saiu.

O silêncio no quarto era até que confortável aos dois. O celular de Micael completamente descarregado, assim como o de Douglas, de tanto que ficou jogando pra passar o tédio. Pouco mais de uma da manhã, Sophia se remexeu. Os dois, ainda acordados, a olharam imediatamente.

- Me solta. – Sophia falou. Estava tendo um pesadelo? Delirando? Ou eram apenas lembranças?

- Sophia. – Micael chegou mais perto e ela abriu seus olhos azuis encarando-o. Abriu um sorriso pra ele. Estava claramente dopada ainda. – Você está bem? – Ela balançou a cabeça, não conseguia pensar direito. – O que aconteceu com você?

- Fernanda... – Não conseguia se lembrar, talvez pela quantidade de remédio em seu sangue. – Empurrada contra... parede... – Era difícil até de falar.

- Descansa. – Micael pediu. – Tenta dormir que quando você acordar, vai estar melhor. – Ela não respondeu, apenas se recostou nos travesseiros fofos e fechou novamente os olhos. Douglas e Micael se entreolharam. – O que será que ela quis dizer com isso?

- Será que a Fernanda fez alguma coisa? – Ele cogitou, mas em seguida balançou a cabeça. – Não, eu duvido. Eu a conheço a tantos anos, ela não seria capaz de machucar a Sophia.

- Se essa maluca fez alguma coisa que resultou no aborto da Sophia, eu mato ela. – Estava com raiva antes de saber o que tinha acontecido. – Ela não tinha esse direito.

- Ela estava com ciúme de você dois! – Insistia em defender. – Pode ter ido conversar e Sophia está tendo flash’s, ou pode nem ter ido, a Sophia está drogada, lembra?

- Você tem razão. – Respirou fundo e olhou pra Sophia novamente. – Fica com ela, por favor?!

- Como assim? – Manteve a testa franzia. – Onde você vai? A Sophia vai precisar de você quando acordar.

- Eu preciso tirar essa história a limpo. – Dessa vez ele falava baixo. – Eu não vou ter sossego se não for.

- E quando ela acordar. – Cruzou os braços. – Ela vai estar desolada e vai precisar de você aqui. A Fernanda pode esperar. Você vai acabar sabendo o que aconteceu pela Sophia, quando ela acordar.

- Você tem razão novamente. – Voltou para seu sofá e ficou pensativo. Não conseguiu pregar os olhos aquela madrugada. Ao contrário de Douglas, que dormia de boca aberta, no banco. Dessa vez ele não se deu ao trabalho de ficar acordado velando Sophia, sabia que Micael faria aquilo.

Quando os primeiros raios de sol entraram pelas cortinas do hospital, Douglas acordou. Coçou os olhos se acostumou com a claridade, bocejou, em seguida ficou de pé, estava moído. Sophia seguia dormindo, confortável.

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