Medo de Amar - Capitulo 67


- Você quer que eu vá embora? – Franziu a testa. – É isso? Acabou tudo então? O que nem começou...

- Não quero acabar com nada! – Se apressou a falar. – Eu só quero que você pense. Eu sei que eu mereço que jogue isso na minha cara o resto da vida, mas não é saudável numa relação. E você realmente tem que pensar se quer ter uma relação comigo de novo.

- Ei!

- O quê? – Sophia parecia outra após a perda do bebê. – Você tem que ter certeza disso, pra não fazer nós dois sofrermos ainda mais. – Ele bufou, com raiva pelas coisas que Sophia disse e por ela o ter mandado embora. Saiu do quarto e nem disse tchau antes de sair do apartamento.

Sophia amarrou os cabelos com um elástico antes de ir para o banho. O momento antes era pra acariciar e conversar com seu bebê. Agora, era triste e solitário, não queria pensar muito nisso. Vestiu um pijama e deitou debaixo do edredom. Por um tempo tinha até esquecido que sua mãe estava no apartamento. Se lembrou ao vê-la entrar com um copo de achocolatado no quarto.

- Fiz um achocolatado quentinho pra você, meu bem. – Ela sorriu ao se sentar na cama ao lado da filha. – Imaginei que estivesse sem fome.

- Obrigada, mãe. – Deitou a cabeça no colo da mãe, precisava daquilo. – É bom você estar aqui comigo.

- Eu sempre estou com você, meu amor! – Começou um cafuné. – Não importa o que aconteça. – Ficaram em silêncio. – A conversa com o Micael não foi boa? – Quebrou o gelo.

- Não, ele foi embora com raiva porque me viu abraçando Douglas. – Sophia tinha os olhos fechados. – Eu sei como isso tudo deve ser difícil pra ele, mas mãe, eu sei que eu errei, não faria nada daquilo de novo, só eu sei o que eu sofri com essa separação.

- É compreensível a raiva dele. – Branca defendeu Micael e Sophia ficou surpresa. – Você o traiu, Soph. Confiança não se conquista da noite pro dia.

- E por causa disso ele vai poder jogar na minha cara o tempo todo? – Rangeu os dentes. – Talvez esse namoro não tenha mais jeito mesmo.

- Para com isso. Vocês se amam. – Surpreendeu Sophia novamente. – Você se lembra de quando se conheceram?

- Claro que sim...

FLASHBACK SOPHIA

- Sophia você amassou meu carro! – Liz, amiga de Sophia da época que morava em São Paulo reclamou ao sair do veículo. – Quebrou a seta, misericórdia, não dá pra te ensinar a dirigir. Nunca tire carteira.

- Para de drama, eu posso pagar o conserto dessa lampadazinha ai. – Rolou os olhos. – Não precisa brigar comigo.

- E a pintura do meu carro, quem paga? – Micael apareceu por trás das duas mulheres. Ele tinha sua dólmã na mão e a cara nem um pouco boa. – Você não sabe dirigir? Comprou sua carteira onde?

- Ei, quem você pensa que é pra falar assim comigo? – Os dois se encararam por segundos, e isso bastou para acalmarem os ânimos. Ela era linda e tinha fascinado Micael. Assim como ela também não conseguia tirar os olhos dos dele.

- Eu sou, Micael. – Tinha a voz um pouco mais baixa. – E você bateu no meu carro. – Apontou para o Audi prata, estacionado quase ao lado. – Eu nem sei como você conseguiu fazer uma coisa dessa!

- Eu estou aprendendo a dirigir. – Sophia desviou os olhos para a amiga. Ela precisava conseguir o telefone dele de algum jeito. – Se deixar seu número, eu posso pagar pela pintura. – Ele entregou um cartão, não queria que ela pagasse, mas queria que ligasse para que pudesse salvar seu número. Ela encarou o papel quadrado por bastante tempo. – Micael Borges, chef?

- Uhum. – Ele sorriu, agora bem mais simpático. – Daqui. – Apontou para o restaurante que estavam no estacionamento. Ergueu a dólmã mostrando as meninas.

- Ah, legal. – Ficou sem graça.

- Vocês vão entrar? – Falava no plural, mas não tirava os olhos de Sophia. – Eu ofereço a vocês a especialidade do chef.

- E qual é a especialidade do chef? – Ela respondeu curiosa.

- Só entrando pra saber. – Sophia estava encantada pelo sorriso daquele homem misterioso. – Aproveita que é por conta da casa, pela batida.

- Mas fui eu que arranhei você. – Ela riu. – Nesse caso eu devia pagar em dobro.

- Eu ofereço o jantar. – Insistiu.

- E você por um acaso é o dono disse ai? – Apontou para o restaurante. – Pra ficar oferecendo comida de graça para os outros...

- Meu pai é, ele tem uma rede. Tem aqui em sampa, tem no Rio de Janeiro que é o mais famoso até então. Tem em alagoas também, mas eu confesso que não quis ir pra lá não. – Eles caminhavam rumo a entrada do restaurante. Liz completamente esquecida, segurando vela pra dois desconhecidos. – Como eu me formei a pouco tempo, meu pai não quis me deixar ficar de frente do restaurante do Rio que é o maior de todos, tem pouco mais de um ano que estou aqui.

- Você costuma contar toda sua vida pra estranhas que batem no seu carro? – Ele gargalhou.

- Dependendo da estranha...  – Ele sorriu e terminou o conquistar o coração de Sophia. – Eu vou indo, a cozinha deve estar uma loucura. – Piscou e saiu dali, sem nem ao menos saber o nome dela.

- Eu não acredito que você estava flertando com aquele cara. – Liz falou achando graça da situação. – Dois sem vergonha.

- Liz! – Sophia repreendeu rindo. – Ele é bem bonito e simpático. – Ela ficou vermelha e arrancou mais risos da amiga.

- Ele também gostou de você. – Afirmou. – Certeza que vai te chamar pra sair assim que você ligar pra ele pra conversar sobre a “pintura” – Fez aspas com o dedo.

- Deu pra perceber que foi uma desculpa? – Estava sem graça, não queria parecer descarada. – Não era pra ser tão cara de pau.

- Não é que foi descarada, mas olha esse lugar? – Gesticulou em volta. – Ele tem dinheiro pra jogar o Audi fora e comprar outro se não quiser pintar. – As duas riram. – Tenho certeza que ele adorou a sua desculpa.

Elas ficaram conversando e avisaram ao garçom que queriam a especialidade do chef. Quando ele chegou, trouxe os pratos. Sophia sorriu ao não identificar o que era, mas o cheiro era maravilhoso.

- O que é? – Perguntou ao garçom.

- canard à l’orange. – Disse forçando um leve sotaque francês que as meninas logo perceberam ser extremamente falso. Ele percebeu a cara de confusão das meninas e rolou os olhos. – É pato com laranja. – As duas sorriram por entender. – Aproveitem o jantar. – Pediu licença após encher as taças de vinho.

- Pato com laranja... – Sophia provou um pedaço. – Isso é realmente gostoso.

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