Reviravolta - Capitulo 55

Naquele dia a tarde eu estava no sofá abraçada com a minha filha, comendo pipoca e assistindo um filme. Estávamos assistindo Frozen, pela centésima vez.


- Mamãe, quero minha festa da Frozen. - Ela virou pra mim e sorriu.
- Já mudou de novo, não era da Bella? - Eu ri e ela negou com a cabeça.
- A Frozen é mais legal, mamãe. - Ela riu sapeca e deitou a cabeça no meu peito, voltando a assistir a animação. Eram aproximadamente quatro da tarde quando a campainha tocou, eu até atenderia, mas minha filha estava tão bem deitada no meu colo e eu não  quis levantar.
Quando eu vi Micael, gelei um pouco, me lembrei de tudo que meu pai disse sobre ele. Ele veio caminhando até a gente e se sentou no outro sofá.

- Ei gracinhas! - Alycia sorriu e se levantou, indo abracar ele.
- Oi Mica. Veio pra ver Frozen com a gente? - Ela perguntou animada.
- Ah na verdade eu não posso ficar muito tempo hoje. - Ela fez cara de desapontada. - Mas eu vou voltar outro dia. Pra assistir Frozen ou qualquer outro desenho com você, ta bom?!
- Tá bom. - Ela sorriu animada e voltou correndo pra mim.
- Ai filha, me machucou. - Reclamei um pouco.
- Desculpa mamãe. - Ela falou e eu assenti. Quando olhei pra Micael ele me encarava.
- O que foi? - Perguntei e ele deu de ombros.
- Você está estranha, podemos conversar? - Perguntou olhando nos meus olhos e me fez hesitar.
- Acho que não é uma boa ideia. - Falei e desviei o olhar.
- Estou falando em conversar Sophia. - Me pareceu confuso.
- Eu sei, mas não quero deixar a Alycia aqui sozinha. - Falei e ele pareceu mais confuso ainda.
- Eu fico com ela. - A voz da minha mãe surgiu de trás da gente.
- Eu não acho que se... - Ela não me deixou nem terminar a frase.
- Vai Sophia, eu fico com ela. - Ela deu a volta e se sentou onde eu estava, me empurrando pra fora do sofá.
Eu fui hesitante para o jardim e Micael me seguiu. Eu estava nervosa, não sabia se contava ou não o que estava acontecendo.
- Sophia, o que aconteceu? - Eu o ignorei e continuei andando, até que ele segurou meu braço e me fez olhar pra ele. - Fala, o que aconteceu!
- É que... - Hesitei mais um pouco e então resolvi abrir o jogo. - Meu pai me quer longe de você. - Falei rápido e ele levantou uma sobrancelha.
- E qual a novidade disso? - Sacudiu a cabeça, sem entender.
- Ele ameaçou a Alycia hoje de manhã. - Eu vi o medo em seu olhar, parecia com o meu, provavelmente.
- Como assim? - Perguntou ainda em estado de choque.
- Disse que se eu tivesse alguma coisa com você ele ia raptar a minha filha. Ele tirou ela hoje do quarto enquanto eu tava no banho. - Eu já estava chorando, lembrando da manhã agoniante sem saber onde estava minha filha.
- Denuncia ele, Sophia. - Ele sugeriu e eu neguei com a cabeça.
- É meu pai, não posso fazer isso. - Pareciam palavras tolas.
- Está ameaçando a nossa filha. - Falava friamente, tinha ódio em seus olhos.
- Mas eu não sou como ele. - Devolvi rápido.
- Não é questão de ser como ele. - Ele começou a falar e depois se interrompeu. - A não ser que você queira ficar longe de mim... - Eu fiquei em silencio e ele também, nós só nos olhávamos, milhões de pensamentos se passavam pela minha cabeça e tenho certeza que pela dele também.
- Acho melhor, agora que você vai casar. - Eu disse e sai dali, ele não me seguiu, apenas gritou.
- O João está bem. Eu disse a ele que nós o ajudaríamos, mas pelo visto vou ter que fazer isso sozinho. - Eu virei pra ele novamente.
- Assuntos importantes nós podemos conversar. - Falei alto, já que estávamos longe. - Qualquer novidade sobre João, ou alguma coisa que quiser saber sobre Alycia, me procura. - Ele assentiu e eu me virei e voltei pra sala, seria melhor assim, sem mais contatos dolorosos.

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