Reviravolta - Capitulo 57 Bônus

- Onde você conseguiu aquele dinheiro? - Eu sussurrava pra Manuella, não queria que Alycia ouvisse.
- Você sabe onde! - Ela fez expressão de raiva. - Não duvide de mim.

- É que realmente veio muito a calhar. - Levantei uma sobrancelha. - Só vou dar um aviso, espero que  não seja o que eu to pensando, isso acabaria com nosso casamento.
- Ou você está tentando arrumar motivos pra acabar com ele e correr para os braços da sem sal? - Ela aumentou o tom de voz e eu senti que Alycia levantou a cabeça pra acompanhar a historia.
- Não fala assim dela. - Falei mais baixo ainda. - E se fosse pra fazer isso, eu não precisaria de motivos, apenas faria. - Fui frio e então ficamos em silencio. Chegamos no parque umas seis da tarde. Alycia estava no seu colo e nós fomos comprar um passaporte. Comprei dois, Manu estava irrita ainda com aquela conversa e disse que não queria brincar.
Fomos todos os brinquedos que ela podia pelo seu tamanho, e fomos repetidas vezes, ela estava se divertindo.
- Faltou só a mamãe aqui agora. - Falou num momento entre um brinquedo e outro. - Ela podia estar no lugar da chata da Manu, né Mica. - Riu pra mim esperta, eu tive que rir também.
- Podia filha, podia... - Chamei ela de filha, ela na hora se ligou.
- Filha? - Perguntou confusa.
- Modo de dizer só. Eu queria que você fosse minha filha. - Ela sorriu pra mim.
- Eu também ia ficar feliz se você fosse meu pai! - Ela abriu um sorriso imenso e me fez sorrir mais ainda. - Eu iria ter dois pais! - O meu sorriso agora se fechou um pouco.
- Então vamos fazer um trato? - Abaixei ali ao lado dela e a olhei nos olhos, ela assentiu pra mim. - Posso te chamar de filha? - Ela sorriu.
- Pode! - Ela sorriu e me abraçou, eu estava realmente feliz. - Papai. - Ela disse tímida e eu amei a ouvir me chamando assim pela primeira vez, então eu a soltei. - Só não pode brigar com a mamãe como o meu papai fazia antigamente. - Ela pediu com o dedinho esticado pra mim e eu ri.
- Pode deixar filha, não vou brigar com a sua mãe. - Dei um beijo na bochecha dela. - Fome?
- Eu tô! - Ela passou a mão na barriga.
- Então vamos lanchar e ir embora, tá quase na hora que sua mãe pediu pra eu te levar. - Ela fez cara de decepção.
- Ah,  mas tá tão legal aqui. - Ela resmungou.
- Não quer que eu e sua mãe briguemos né? - Ela assentiu
- Então não vamos desobedecer - Ela sorriu, eu levantei e ela me deu a mão, encontramos Manu num banco falando ao telefone, ela não me viu chegando e eu ouvi uma frase da sua conversa.
- E o que eu faço se ele descobrir a verdade? - Ela disse como se falasse com um mestre, ou algo do tipo. Então eu fui visto. - Depois a gente se fala. - Apressou-se pra desligar o celular.
- Que verdade? - Perguntei sério. - Com quem estava falando?
- Já acabaram de brincar? Podemos ir embora? - Ela tinha um sorriso forçado no rosto. Queria tempo pra inventar alguma coisa, eu aposto.
- Não fala, eu descubro sozinho. - Falei e ela levantou a sobrancelha. - Não sou nenhum idiota Manuela - Sim, eu sou um idiota, tenho que falar com a Sophia.
- Não disse isso amor, você não é idiota. - Chegou perto de mim, ajeitando minha camisa. - Aqui só não é lugar pra isso, a menina está aqui! - Ela olhou pra baixo e eu tinha que concordar que na frente dela não era lugar para discutir.
- Quer comer o que filha? - Perguntei a Alycia e ela abiu um sorriso.
- Algodão doce. - Ela apontou.
- Pensei que estivesse com fome. - Olhei pra ela rindo.
- E estou. - Riu sapeca. - Algodão doce é gostoso.
- Mas não enche. - Ela fez cara de triste.
- Por favor papai. - Ela juntou as mãozinhas em forma de suplica e me olhou como se fosse chorar, logo, logo ela aprenderia que dizendo "por favor, papai" ia conseguir arrancar qualquer coisa de mim.
- Tá bom, diga a sua mãe que a escolha foi sua. - Ela assentiu sorridente. - Fica com a Manu, que eu já volto.
- Ah não eu quero ir. - Ela me olhou feio. - Eu não gosto dela. - Fiquei surpreso, primeira vez que ela falava assim tão explicito.
- Olha, a filha tá muito grande, fica aqui que tá vazio. Eu já volto. - Ela assentiu de bico e Manu também estava. Eu me afastei das duas e fui em direção a carrocinha. Quando voltei, Manuella estava segurando no braço de Alycia e a mesma tentava se soltar.
- Manuella. - Eu disse e na hora ela soltou minha filha, que correu para trás da minha perna. - O que você pensa que estava fazendo? -- Falei grosso com ela.
- Essa pestinha começou a correr, tive que segurar. - Ela deu de ombros, de qualquer forma não machuquei ela.
- Machucou filha? - Ela fez biquinho e ia começar a chorar, aquilo partiu meu coração.
- Tá dodói agora. - Ela apontou para o braço. Eu olhei pra Manuella.
- Em casa a gente conversa, temos muito o que conversar. - Falei sério e peguei minha filha no colo, entregando um dos algodoes doces, o outro era da Manu, ela ela não quis então eu ia jogar fora.
- Eu quero! - Alycia disse antes que eu jogasse no lixo.
- Sua mãe vai me matar quando ver você com esse monte de açúcar. - Eu ri, mas guardei o outro pra ela. Chegamos ao carro e eu a prendi na cadeirinha, rindo de como ela estava toda colando de açúcar. Chegamos em poucos minutos, buzinei e em pouco tempo Sophia estava ali fora, nos esperando. Ela estava linda, não consegui deixar de encarar.
- Se quiser um balde é só avisar que eu te dou. - Manuella falou enciumada.
- Você está toda errada e esse comentário foi desnecessário. - Ela ficou muda, eu desci e soltei Alycia, ela correu pra dar um beijo e um abraço na mãe.
- Ai, você está colando. - Ela riu.
- Papai me deu um algodão doce. - Disse empolgada - Um não, dois. - Ela levantou a cabeça com os olhos arregalados.
- Depois ela te explica. Nosso acordo tá mantido. - Falei levantando as mãos em minha defesa. Fui ao porta malas e peguei uma caixinha de presente e entrei a Alycia.
- Feliz aniversario, filha. - Ela me abraçou e então eu senti do que Sophia reclamou e ri.
- Obrigada, papai! - Eu não ia me cansar de ouvir ela dizendo aquilo nunca. Ela se virou pra Sophia. - Mamãe, a chata me machucou hoje. - E eu sabia que agora ia ter confusão...

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