Reviravolta - Capitulo 72

Ficamos ali no jardim por mais um tempinho até Micael se levantar e dizer que ia embora. Alycia já armou sua cara de choro. 
- Não vai não. - Ela agarrou a perna dele que olhou pra mim sorrindo. 
- Filha eu tenho que ir. Tenho que trabalhar um pouco ainda hoje. - Ele soltou ela e se abaixou, ficando do seu tamanho. 
- Trabalhar pra quê? - Ela disse fazendo biquinho. 
- Pra poder viver, né filha. - Ele respondeu e deu um abraço nela. 
- Vai voltar quando? - Ela perguntou e eu vi o olho cheio de lagrimas. Já estava começando a ficar com ciume isso sim. 
- Amanhã né, onde que eu ia deixar essa princesinha sem meu abraço de feliz aniversario? - Ela sorri. 
- Vou esperar então. - Ele se levantou e pegou ela no colo. 
- Pode esperar. - Deu um beijo na testa dela e se virou pra mim. - Tchau meu amor. - Eu sorri. 
- Tchau, amor. - Ele chegou perto e nós nos beijamos. Alycia bateu palminha rindo. - Vem pra mamãe vem. - Eu disse ao pegar ela do colo do Micael. - Vai com Deus. - Falei e fiquei olhando do portão enquanto ele entrava no carro e ia embora. Eu tinha um sorriso no rosto. 
- Ih tá apaixonada. - Alycia riu ao olhar pra mim. 
- Tu me respeita hein garota. - Falei rindo, coloquei ela no chão e nós entramos. - Vamos almoçar, já são duas horas.
- Ah não, não estou com fome ainda. - Ela resmungou. 
- Mas tem que comer, ou vai pro hospital de novo pra moça te furar. - Falei séria e ela concordou com a cabeça. 
Fomos para a cozinha e almoçamos sozinhas. Depois ela foi pra sala e ficou vendo televisão enquanto eu tomava banho. Voltei e ficamos juntinhas até a noite assistindo a desenhos. Eu acabei cochilando no sofá e ela vendo sozinha. Meu pai chegou por volta das sete da noite, ele nunca chegava tão tarde. Alycia quando o viu, me deixou no sofá e foi dar um abraço nele. Eu fiquei só olhando enquanto ele se abaixava pra receber o abraço. 
- Ei baixinha, to vendo que tá melhor heim. - Ele falou e ela assentiu. - Muito bom.
- Você está bem vovô? - Ela perguntou parecia preocupada. 
- Estou sim. Só um pouco cansado. - Ele disse e então se levantou. - Vou tomar banho, já volto. 
Ele disse e subiu as escadas, ela voltou pra mim com uma cara estranha. 
- Que foi Alycia? 
- Ele tá estranho, mamãe. - Ela me olhou, parecia preocupada. 
- Só está cansado amor, amanhã ele ta melhor. - Ela assentiu e se deitou novamente pra assistir o desenho que estava passando. 
Quando deu oito horas eu dei outro remedio a ela, nós jantamos logo depois e as nove já estavamos na cama. 
- Mãe amanhã já vou ter cinco anos! - Ela falou sorrindo. - Já vou ser grande. 
- Vai ser mocinha. - Ela abriu um sorriso enorme.
- Vou dormir logo, pra chegar amanhã. - Eu ri e ouvimos meu celular tocar. Era Micael. 
- Ei amor, como estão? - ele falou antes que eu dissesse alô. 
- Estamos bem, deitadas pra dormir. - Eu falei e Alycia puxou o telefone da minha mãe e botou no viva voz, crianças e tecnologia. Rolei os olhos. 
- Oiii Papai. - Ela falou empolgada e eu podia imaginar o sorriso de Micael do outro lado da linha. - Já estou com saudades.
- Oi minha linda, papai também esta. - Ele falou rápido. - Liguei pra desejar um boa noite pra minha filha criança, porque amanhã já vai esta velha. - Ele debochou e ela riu. 
- Velha nada tá, vou ser mocinha, mamãe acabou de falar. - Era tão gostoso essa relação deles que eu não tinha vontade de parar de olhar. 
- Sua mãe tá maluca, você vai ficar velha. - Ele riu e arrancou sorrisos dela. 
- Não sou velha nadaaaaa! - Ela disse fazendo dengo. E nós rimos. 
- Tá bom, não é velha. - Ele se deu por vencido. - Vai dormir princesa, amanhã chego ai antes de você acordar. Fica com Deus, deixa eu falar com a mamãe. 
- Tá, chega mesmo! Boa noite. - Ela me entregou o telefone. 
- Fala amor. - Eu disse enquanto olhava Alycia vindo deitar no meu peito. 
- Hum, repete vai. - Ele disse e eu ri. - Gostei disso. 
- Para de ser bobo. - Ele riu e eu acompanhei.
- Só pra dizer que te amo. E que amanhã vou chegar cedo ai. - Eu sorri. - Vamos contar a ela? - Parecia inseguro. 
- Vamos. - Falei firme. - Não se preocupe, ela vai amar. - Vi Alycia virando a cabeça pra cima, prestando atenção. 
- Espero que sim.- Falou deixando transparecer toda incerteza. 
- Ela vai, não se preocupe. Ela já te ama. - Eu dei de ombros. - Vou fazê-la dormir. Boa noite meu lindo. 
- Boa noite amor, fica com Deus também, amo você. - Ele disse e mais uma vez me arrancou um sorriso bobo. 
- Eu também amo você. - Eu respondi e então desligamos. Eu tinha aquele sorriso ridículo na hora de dormir. Estava feliz, vivendo o que deveria ter sido vivido há muito tempo. Fechei os olhos e abracei minha filha, amanhã seria um grande dia. 

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