Reviravolta - Capítulo 38

No dia seguinte eu acordei ás seis e fui tomar meu banho. Exatamente ás seis e vinte e sete eu estava sentado à mesa tomando meu café da manhã sozinho. Não tinha feito muita coisa, apenas um chocolate e um pão com queijo.

Ontem, eu e Manu nos entendemos bem e eu sinto que ela vai aceitar e me apoiar com essa historia da Alycia. Terminei meu café, peguei minha pasta, meu celular, meu chaveiro e sai de casa.
Fui trabalhar com os pensamentos a mil, eu sabia que seria uma luta muito grande até eu ver a minha filha me chamando de pai e que sempre teria aquele cara ali pra competir comigo. Mas eu começaria logo a agir, não queria perder nenhum momento com a minha menina, queria que ela gostasse de mim, pelo menos um pouco.
Cheguei ao trabalho por volta de sete e dez. Subi até a minha sala e pra minha surpresa tinha uma caixa de papelão em cima da minha mesa e a luz estava acesa. Eu entrei, caminhando lentamente e ouvi a porta se fechando. Virei pra trás assustado, parecia cena de filme de terror ou suspense, não sei bem. Quando vi, Renato estava parado junto a porta, com o seu habitual copo de uísque na mão e sorriso debochado nos lábios, a outra mão estava na maçaneta da porta.

- O que está fazendo aqui na minha sala?! – Falei assim que consegui recuperar o fôlego do susto que eu tomei. Ele saiu de perto da porta e foi em direção a mesa, se sentando em meu lugar.
- O que eu estou fazendo aqui? – Continuou com o mesmo sorriso. – Ou o que você está fazendo aqui? – Senti que ele estava sendo sarcástico, esse homem já estava me irritando.
- Eu trabalho aqui, até onde eu sei. – Falei rolando os olhos.
- Você pensou sobre a minha proposta Micael? – Falou ignorando a minha resposta. Seu olhar estava fixo no meu.
- Já disse ao senhor a minha resposta. – Estava me irritando. – Alycia é minha filha e eu vou lutar por ela, nem que seja a ultima coisa que eu faça. – Disse convicto de que era o que eu queria.
- É uma pena – Disse balançando a cabeça negativamente. – Você era um ótimo profissional. – Quando ele disse isso, acreditei que fosse mandar me matar.
- O que você quer dizer com isso? – Perguntei apreensivo.
- Que eu gostei muito do tempo em que trabalhamos juntos, mas isso não vai mais acontecer! – Seu sorriso irônico voltou a aparecer.
- Você não pode me demitir por motivos pessoais, Renato. – Estava perdendo toda a minha educação já.
- Eu posso e vou. – Observei que ele passava dois dedos pela borda do copo, que agora estava apoiado na mesa. – Você tem apenas uma hora pra tirar tudo que tem dessa sala. Desocupe-a. – Se levantou calmamente.
- Não faça isso, eu ajudei a empresa a se recuperar, estava quase falindo e é assim que você me agradece? – Eu já tinha me posto de pé, posicionada de frente a ele.
- Não, agradeci com o seu salário – Fez uma pausa e me olhou nos olhos – Que sempre foi muito bom por sinal, todos esses anos. Foi assim que eu agradeci. Mas com a minha família ninguém se mete. – Disse arrogando, deu uma entonação ao ninguém.
- A partir do momento que a minha família é parte da sua, eu me meto sim. – Falei no mesmo tom. – Agora é desnecessário você me demitir assim, sabe que eu vou me casar, tenho muitos custos ainda a serem pagos.
- Eu te dei uma oportunidade – Falou com a voz mais calma e colocou a mão no queixo – Na verdade te dei varias oportunidades, para que você esquecesse minha neta e minha filha. Case-se e vá pra sua lua de mel. Se necessário, lhe dou dinheiro para nunca mais trabalhar. Apenas se afaste. A minha neta nunca precisou de um pai, alias, ela tem um. Não precisa de você, você não faz diferença na vida de ninguém. É insignificante.  – Aquelas palavras doíam, cada era como um soco que ele me dava, eu estava realmente me sentindo um nada e tinha ficado com ódio.
- Eu não quero saber o que você acha. Alycia também viveu sem avô todo esse tempo. – Disparei como se fosse um tiro. – Se for assim você também é insignificante.
- Não tinha outro homem que ela chamava de avô. Eu sou uma nova descoberto, você apenas um cara quer pegar o lugar do pai dela. – Ele sorriu e passou por mim em direção a porta. – Mente das crianças são extremamente manipuláveis. Muito fácil. – Ele saiu rindo e fechou a porta, eu me sentei novamente e ouvi a porta se abrir outra vez. – 1h, sugiro que você levante daí logo. – E bateu a porta sem dizer mais nada. Eu com raiva peguei o copo dele e arremessei longe. E agora, o que eu faria? 

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