Reviravolta - Capítulo 40

- Oi – Disse sem graça, olhando para o chão.
- Oi – Acho que estava com a mesma expressão que ela. Nossa historia tinha ficado muito mal resolvida e isso nos deixava assim, inseguros um com o outro.
– Tudo bem? – Tentei puxar assunto.
- Tudo sim, e você como está? – Ela agora olhava pra mim. Lembrei-me do dia que nos reencontramos e que fomos conversar naquela cozinha. A vontade de beijá-la estava forte demais.
- Ér... – Tentei começar uma frase, mas estava difícil. – Eu vim ver a Alycia. – Falei por fim.
- Eu sei, meu pai me avisou. – Ela sorriu – Mas ela está dormindo ainda.
- Sophia já é quase dez da manhã. – Argumentei.
- Ela acorda tarde sempre. – Ela deu de ombros. – Enquanto isso, nós vamos conversar. – Ela saiu, fechando a porta atrás dela, nós caminhamos até o jardim e nos sentamos na grama, num lugar um pouco reservado.
- Essa parte era meu esconderijo quando brigava com meus pais. – Ela falou depois de alguns minutos de silencio.
- Depois de tanto tempo... – Dei de ombros, incapaz de terminar aquela frase... – Sobre o que quer conversar?
- Sobre Alycia... – Ela me olhava nos olhos. – Micael, não tire de mim a minha vida. – Vi dor em seus olhos. – Eu sem Alycia não sou nada, ela sempre esteve comigo, sempre foi uma lembrança de um passado que eu nunca quis esquecer. – Ela corou e eu sorri.
- Não quero tirar ela de você Sophia! – Aquele assunto era complexo. – Mas eu sou pai, mereço ser pai.
- Sim, eu concordo. Mas a gente a faz gostar de você aos poucos, não precisamos forçá-la a isso Micael. Ela tem na cabeça dela que o Diego é o pai. Esteve com a gente desde a saída da maternidade. – Desviei o olhar e foquei no nada.
- Tantas coisas que eu perdi, tantas coisas para ter participado e outra pessoa curtiu no meu lugar... – Falei um pouco triste.
- Eu acreditava que nunca mais veria você. – Se justificou, dava para perceber que ela também estava triste com aquela historia. – Depois que a Lua me disse que te viu com “uma namorada” – Fez sinal de aspas com os dedos. – Eu perdi todas as esperanças.
- Eu estava cego de ódio. Estava me sentindo a virgem usada – Ri com o termo que utilizei. – Você transou comigo e sumiu Sophia.
- Eu já te expliquei o que aconteceu, foi tudo culpa do meu pai. – Vi lagrimas em seus olhos, relembrar aquela historia doía. – Você não tem direito de me julgar.
- Não estou fazendo isso. – Respondi rápido. – Só estou dizendo como fiquei... Foi pouco tempo, mas eu... – Travei, mais uma vez nada saída da minha boca.
- Você o que? – Ela pressionou.
- Eu amei você. – Soltei rápido. – Sofri muito. Foi surreal. – Ela sorriu.
- Eu entendo, senti exatamente a mesma coisa. – Eu a vi coradinha.

E nós ficamos em silencio novamente, não tinha nada mais a ser dito, nós apenas sentíamos aquele momento, aquela dor em comum, me aproximei dela, senti um pouco da insegurança dela mesmo assim me aproximei e a abracei. Meus olhos estavam marejados e ela me retribuiu o abraço afundando seu rosto no meu peito e eu senti suas lagrimas rolarem, levantei seu rosto segurando com as minhas mãos e fiz o que eu mais queria, lhe beijar. 

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