Reviravolta - Capitulo 54

Quando entrei em casa naquela noite não encontrei ninguém. Subi direto para meu quarto e fui tomar um banho, Alycia dormia tranquilamente na cama quando fui me deitar ao lado dela. Eu a puxei mais para mim e ela me agarrou ainda inconsciente em seu sono.

Na manhã seguinte eu acordei com Alycia puxando meu cabelo de leve e me empurrando.
- O que foi Filha? – Perguntei ainda de olhos fechados.
- Já passou de nove horas – Tinha um relógio digital na cabeceira da cama. – Eu estou com fome. – Resmungou e eu sorri. Alycia geralmente acordava as sete, ficou duas horas esperando pra não me acordar.
- Ok, vou escovar os dentes de a gente já desce tá bom? – Abri os olhos a tempo de ver ela assentindo.

Me levantei, escovei os dentes, fiz xixi e fui logo para o banho. Quando voltei ao quarto estava procurando Alycia, mas não a encontrei. Pensei que tivesse descido, então fui correndo até a sala e nada dela, passei pela cozinha e também não tinha nada. Minha filha tinha simplesmente sumido. Procurei ainda pelo jardim e dei uma olhada na rua, mas não encontrei nada. Quando estava voltando pra dentro, vi meu pai chegando.

- Que cara é essa? – Ele sorriu – Como foi seu encontro ontem? – Tinha alguma coisa diferente nele.
- O que você fez com ela? – Ele fez cara de confuso.
- Com ela quem? – Sacudiu a cabeça sem entender.
- Alycia, cadê a minha filha?! – Caminhei até ele, perto do portão.
- Se é sua filha porquê eu deveria saber dela? – Debochou e levantou uma sobrancelha.
- Fala logo, o que você fez com a menina? – Ele estava me deixando nervosa, eu já estava gritando.
- Fala baixo. – Ele colocou o dedo indicador sobre os lábios e fez “shh” pra mim.
- Não mexe com ela, mexe comigo, faz o que quiser, não com ela. – Eu já estava desesperada.
- Sophia que horror, eu sou seu pai o que acha que eu faria com você? – Seus olhos brilharam, ele estava se divertindo com aquela situação.
- Ah claro nada né, então por que pegou minha filha? – Gritei um pouco.
- Vamos conversar filha, como foi o encontro? – Ele repetiu.
- Não foi um encontro. – Eu falava séria olhando em seus olhos divertidos.
- Você saiu daqui linda ontem à noite e quer me faze acreditar de que não foi a um encontro? – Ele riu, mais uma vez debochando de mim.
- Eu sai com o Micael, ele só queria me dizer que marcou o casamento, não teve nada. – Falei desesperada.
- Hum, então vamos fazer um acordo filhinha linda. – Ele sorria. – Não quero mais saber de encontros com esse rapaz, ele vai se casar e você não vai fazer atrapalhar, não vai nem mais falar com ele. Nem dessa nossa conversinha. Ok? – Eu assenti desesperada. – Muito bem, princesa Sophia! – Fez carinho no meu rosto. – Ah, e não pense em se mudar dessa casa.
- Quer que eu viva a vida toda aqui nessa casa como sua prisioneira? – Falei alto mais um vez.
- Você não é prisioneira, tem liberdade para ir e vir, não conheço nenhum prisioneiro assim, para de exagero Sophia.
- Cadê a minha filha? – Perguntei dessa vez num tom normal.
- Espera um minutinho. – Ele então saiu e caminhou lentamente até o seu carro, eu não o segui. Quando ele voltou, Alycia estava com ele, ela segurava uma boneca na mão que eu não conhecia.
- Mamãe, podemos tomar café agora? – Ela perguntou animada e logo depois correu pra me abraçar.
- Onde você estava filha? – Ele sorriu e esticou o braço para que eu pudesse pegar a boneca.
- Vovô me levou pra passear de carro, ai compramos essa boneca no meio do caminho. – Eu já tinha algumas lagrimas de ódio escorrendo pelo rosto.
- É linda meu bem, já agradeceu a ele? – Perguntei e ela disse que sim com a cabeça, então ela me soltou e deu um abraço de novo no meu pai.
- Obrigada vovô, eu adorei a minha boneca nova. – Falou com tanta inocência que foi até bonitinho.
- De nada minha linda, outro dia a gente dá outro passeio desse. – Ele falou e a pegou no colo, eu cheguei perto e a peguei pra mim.
- Você está proibida de sair assim de novo ouviu? – falei e ela arregalou os olhos.
- Mamãe eu nem fiz nada, eu estava com o vovô. – Ela usou de justificativa.
- Quando for sair até do quarto você me avisa, entendeu? – Falei séria, talvez ela nunca tenha me visto tão séria assim. Ela assentiu, eu a coloquei no chão e mandei ela entrar pra guardar a boneca e ir comer. Ela foi na frente e quando eu ia entrar, ouvi meu pai dizer, baixo.
- Isso foi só um aviso. – Então ele passou na minha frente e entrou, eu já estava desesperada. Só o que me faltava agora era ele brincar com a minha filha. – Eu nunca perco. – Disse e entrou em casa, eu entrei logo atrás. Alycia tinha jogado a boneca no sofá e me esperava pro café.
- Por que você está chorando? – Perguntou curiosa.
- Nada, já passou! – Passei as costas das mãos no rosto e então fui com ela pra cozinha...

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