Inevitável - Capítulo 141

- Cadê o Felipe? – Micael perguntou a esposa assim que saiu do banho. Ele tinha os cabelos molhados e uma toalha em volta de sua cintura.


- Não sei, já deveria estar em casa, mas obviamente não veio pra cá depois da aula. – Ela disse cabisbaixa e ele se sentou na cama com um suspiro.

- Sinceramente não sei mais o que fazer com esse menino, Soph. – Ela passou o braço pelos ombros ainda molhado do marido e o puxou para si.

- É só uma fase rebelde, Micael. Não adianta ficar brigando com o menino toda vez. – Deu um beijo em seus cabelos molhados.

- Não adianta nada só deixar pra lá também, pode piorar tudo. – Ele levantou a cabeça e olhou com olhos angustiados para a esposa. – Ser pai nunca foi tão difícil.

- Ele tem você e tem o Lucas pra botar ele na linha, vai passar. – Deu um sorriso forçado. – Agora vamos descer que as meninas estão na sala.

- Ô mãe, manda a Maiara parar de me perturbar. – Assim que chegaram á sala encontraram as filhas brigando pelo controle da TV. – Estou vendo série. Não é hora de ver desenho.

- Vocês tem que se entender, tem televisão pras duas, só combinar horário.

- Mas ela é uma criança chata que não sabe dividir. – Disse brava e Maiara começou a chorar.

- Não sou chata, chata é você. – Mandou língua pra irmã.

- Chega! – Micael disse alto e as duas pararam de brigar e olharam pra ele. – Nenhuma das duas vai ver nada. Pro quarto, já! – Elas iam resmungar, mas na hora ele apontou o dedo escada acima e as duas subiram de cabeça baixa.

- Não precisa falar assim com as meninas, amor. – A voz doce de Sophia era como um remédio pra todo aquele estresse diário.

- Brigas desnecessárias. – Rolou os olhos. – Já tem brigas demais nessa casa.

- São apenas crianças, não podemos descontar nas meninas nosso problema com o Felipe. – Ele assentiu.

- Me desculpa. – Ela deu um beijo casto em seus lábios e ele a abraçou forte, não sei como faria pra passar por toda essa barra se não tivesse você.

- Não precisa pensar nisso, você sempre vai me ter. – Ouviram a porta se abrir e os dois viraram pra ela.

Felipe vinha andando com a mochila nas costas e um jeito estranho. Ia passando direto sem falar com os pais, quando Micael segurou em seu braço e o virou. Seus olhos vermelhos e o forte cheiro de drogas revelaram na hora o que ele andoufazendo.

- Felipe, onde você esteve? – A voz de Micael era bem controlada, ele estava fazendo um esforço tremendo pra isso.

- Sai pra dar uma volta com uns amigos depois da aula. – Ele puxou o braço e Micael respirou fundo.

- Você usou drogas Felipe? – Ele sabia que sim, mas não queria acreditar.

- Quem sabe né. – O adolescente começou a rir.

- Quero você longe desses moleques. – Micael finalmente explodiu.

- Eles são meus amigos! – Felipe respondeu na mesma altura.

- Não são pessoas boas e você está ficando como eles. – Sophia segurou o braço de seu marido na tentativa de acalma-lo enquanto ele gritava.

- Talvez eu não seja uma pessoa boa, talvez não tenha nascido pra ser nada bom. – Ele gritou ao pai.

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