Inevitável - Capítulo 144

- Eu já disse pra bater na porta. – Disse sem levantar os olhos assim que entramos na sala.

- Micael... – Marlon começou e ele então levantou a cabeça e arregalou os olhos quando me viu.


- O que aconteceu com você? – Se levantou e veio até mim checando pra ver se eu estava machucada.

- Felipe tá preso, Micael. – Ele parou por um instante, aparentemente processando aquela informação. Estava sem reação, até que suspirou e relaxou os ombros até então tensos.

- Não precisa ficar assim. – Me abraçou de forma tão acolhedora.

- Sabe onde ele está? – Eu neguei com a cabeça. – Não se preocupe, vou falar com meu pai e tudo vai ficar bem.

- Não tem como não me preocupar. – Meu tom foi um pouco ignorante e ele respirou fundo.

- Vamos falar com meu pai, ele vai ajudar. – Eu assenti e só então me dei conta de que Marlon ainda estava na sala. Nós três caminhamos até a sala do meu sogro.

- Ih, os três juntos e com essas caras com certeza boa noticia não é. – Disse meu sogro assim que entramos.

- Precisamos da sua ajuda, pai. – Micael disse com a voz tão calma que não parecia ser o filho dele.

- O que aconteceu agora?

- Felipe está preso. – Micael disse num tom monótono e meu sogro pareceu se preocupar um pouco mais do que Micael.

- Qual delegacia? Tem quanto tempo? – Eu já podia ver que ele estava falando como advogado. – Preciso de informações.

- Não sei, vou ligar pro Lucas. – Micael bufou.

- Deixa que eu ligo. – Ele se afastou de nós e foi pegar o seu celular que provavelmente estava em sua sala, não demorou muito até que voltou. – Ele está na 63ª DP, aqui perto. Preso por dois dias ainda. – Meu sogro pareceu relaxar então me permiti relaxar também.

- Vou entrar com um pedido de habeas corpus. – Micael assentiu e estava me puxando pra fora da sala.

- Eu quero ir ver ele. – Disse e todos olharam pra mim.

- Acho melhor não. – Micael disse num tom seco e me surpreendeu.

- Eu quero, Micael. – Ele suspirou provavelmente se dando por vencido.

- Tudo bem, amor. Mas você não vai gostar do que vai ver.

- Micael, você não tem como saber. – Ele apenas deu de ombros e olhou pro pai pedindo permissão. Jorge assentiu e nós saímos da sala andando rapidamente.

Micael dirigia como uma lesma.

- Não dá pra ir mais rápido? – Perguntei agoniada.

- Sophia, ele tá preso, não vai sair de lá. – Rolou os olhos e eu me irritei com a falta de preocupação dele.

- Será que você pode fingir que se preocupa com seu filho? – Praticamente gritei e ele arregalou os olhos pra mim.

- Logico que eu me preocupo com ele. – Bufou.

- Não parece.

- Sophia, eu sou advogado, meu pai é, meu irmão é... A gente lida com gente desesperada praticamente todos os dias e olha que eu sou apenas civil. Não adianta ficar assim, não se resolve nada nervoso.

- Não importa, só queria que alguém partilhasse esse sentimento comigo.

- Ele vai ficar bem, eu esperava que algo assim acontecesse, espero que agora ele aprenda.

- Tudo bem, Micael. – Fiquei em silencio até nós chegarmos. Quando finalmente chegamos ele segurou minha mãe e me levou pra dentro da delegacia a passos largos.

Graças a Deus o delegado não colocou muitos obstáculos para que pudéssemos ver ele, mas nos deu um chá de cadeira interminável.

- Tem que ligar pra alguém pegar as meninas na escola. – Micael lembrou e eu me senti culpada por não me lembrar das minhas filhas.



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