Amor Demais - Capitulo 26

- Ei, nenhuma das vezes a culpa foi minha. – Ele riu debochando. – Você que terminou comigo, você que não me deixava ver a minha filha, eram apenas seis meses e você fez a porra de um show. – Gritei, sua expressão parecia de medo. – E agora a Jéssica foi embora porque você me beijou, eu não puxei você pra longe e te agarrei, você fez isso comigo. Eu parei o beijo e te lembrei da Jéssica. Você não tem direito nenhum de jogar a culpa pra cima de mim sendo que você errou e vai errar com qualquer mulher que você chegue perto!

O silencio depois do meu desabafo foi desconfortável, eu sei que eu tinha exagerado, sei que a minha filha tinha escutado aquilo e que agora deve estar com mais raiva ainda de mim. O olhar de Micael era angustiado, ele não tinha resposta pra tudo que eu despejei na cara dele e também não tinha como fugir da verdade. Eu estava ofegante e com as mãos na cintura, eu sentia que a qualquer momento iria desabar e a cara de Micael era bem parecida com isso também.

Nós dois temos muita magoa um do outro guardada, não é fácil de perdoar e esquecer. Aquilo nunca daria certo. Eu penso em quem eu poderia namorar pra conseguir ser feliz de verdade, mas eu sei que jamais vou amar alguém como eu o amei, como eu o amo. As vezes a vontade de esquecer tudo e me jogar em seus braços pra termos a nossa noite de reconciliação, pra retomarmos nosso casamento é forte, mas como poderia fazer tal coisa?

Ainda estávamos em silencio quando nossos amigos entraram de fininho na sala, apenas Lua e Arthur. Eu não tinha percebido o quão perto nós estávamos até ver em seus rostos o espanto e me perguntar o porquê.

- Viemos ver se tinham se matado. – Lua disse irônica e eu rolei os olhos.

- Não, mas a vontade é grande. – Eu respondi e ela riu. – Cadê minha filha?

- Está no quarto da Clara junto com o Eduardo. – Arthur respondeu e eu assenti. – Ela ouviu essa discussão inteira, não para de chorar.

- Vou conversar com ela. – Eu disse e Micael bufou. – Algum problema?

- Todos, a filha é minha e eu vou leva-la pra casa. – Ela disse na maior infantilidade e me levou ao auge da raiva.

- Para de tratar a menina como objeto, ela é tão minha filha quanto sua. – Disse ríspida e ouvi Lua suspirar.

- Por que não se beijam logo? – A voz dela era suave e fez com que nós dois a olhássemos.

- Não quero beijar ele. – Respondi rápido.

- Como se eu quisesse te beijar. – Ele bufou atrás de mim, mas eu nem me dei ao trabalho de responder.

- Estão doidos pra se beijar. – Arthur riu em companhia de Lua.

- Uhum, claro que estão. – E é claro que eu estava, eu olhava Micael e o via lindo daquele jeito, a vontade de beijar, de deslizar minhas mãos em seus cabelos sedosos enquanto ele segura minha cintura era tudo o que eu tinha.

- Só porque vocês dois e o Chay e a Mel deram certo, não significa que nós tenhamos que dar. – Ele respondeu e eu senti um dor no coração.

- Ei, a gente deu certo, mas você foi mesquinho demais pra me apoiar.

- Parem de brigar, a Jéssica foi embora, não da pra mudar isso. – Lua parecia feliz com a ideia.

- Claro que dá, ela vai voltar pra casa. – Sua voz soou desesperada.

- Parece que você tem medo de ficar sozinho, mas por quê? Isso é tudo porque a Soph tá por perto? – Arthur disse rindo. – Você já disse há uns meses que a amava.

- Eu não disse nada. – Seu tom de voz era nervoso. – Vocês estão malucos.

- Parem de ser cabeça dura. - Lua juntou as mãos e implorou. – Só queremos voltar a ser

seis.