Amor Demais - Capítulo 53

- Vamos Laura! – Sua voz rouca me fez encara-lo. – Tá na hora de ir pra casa. – Minha filha o olhou sem entender. Ainda estava com a roupa que tinha dormido. Eu ainda não tinha nem penteado seu cabelo quando ele veio com essa.

- Já? – Fraziu a testa sem entender. Em nenhum momento Micael tinha me olhado. Eu estava ficando com raiva daquela situação desnecessária por causa de uma brincadeira, talvez se eu tivesse ido ao quarto na hora, agora ele estaria mais calmo. – Papai, nem escolhi o desenho que quero ver.

- Em casa tem desenho pra você ver. – Ele disse num tom áspero que acelerou meu coração. O olhar cumplice de Eduardo me dava força pra não dar o braço a torcer, não podia ficar cedendo a pressão do drama toda vez que ele o fizesse. Dando passos pequenos na cozinha, pude ver que ele já estava com as coisas da minha filha na mão, realmente preparado para coloca-la no carro e leva-la pra longe de mim.

- Micael?! – Eu chamei com a voz falha, mas ele simplesmente me ignorou. Não queria discutir com ele mais uma vez na frente da Laura, não agora que – eu já estava duvidando. – estávamos juntos.

Laura fez um bico e então, deixando o controle sobre o sofá veio me dar um beijo e dar um beijo em Eduardo e foi dar a mão ao pai. Ela disse tchau algumas vezes, e eu dei vários beijinhos nela, até que finalmente os observei saindo pela porta do meu apartamento.

- Sophia, esse teu namoro com esse cara não vai dar certo. – Dudu constatou com uma expressão triste. – Se toda vez que esse cara ficar com raiva ele pegar a filha de vocês e sair vai ser difícil.

- Eu sei, não acredito que ele fez isso por causa de besteira. Ele está muito inseguro em relação a você ainda, não o culpo, mesmo sendo gay, você já foi meu namorado. – Dei de ombros e os olhos de Eduardo eram compreensivos.

- Desculpe por te causar isso. – Veio pra perto e me envolveu em seus braços, eu fechei os olhos e me aninhei em seu peito, suspirando.

- Você não tem culpa, não vou mudar nosso jeito. Ele que tem que entender que eu o amo, você é meu amigo! – Não o encarei, mas sabia que tinha um sorriso em seus lábios. – Agora vamos espantar a tristeza e curtir esse nosso ultimo dia juntos. Sabe-se lá quando vamos nos ver novamente. – Ele assentiu e então terminamos de limpar a cozinha.

Passamos um dia incrivelmente agradável. Sem deixar a tristeza por Micael me abater, nós assistimos um filme abraçados no sofá, nós saímos para fazer um piquenique de ultima hora num parque aqui perto, nós brincamos e jogamos bola. Foi um dia inesquecível, um dia em que eu realmente dei toda atenção ao meu amigo, já que tinha deixado, de proposito, o celular em casa.

Passar um dia inteiro sem falar com o Micael foi mais difícil do que eu imaginei. Eu estava bem, mas não conseguia deixar de ficar pensando no que ele estaria pensando e se tinha falado comigo. Eduardo ás vezes percebia, mas então logo dava um jeito de afastar a tristeza e me puxar pra mais um jogo naquela nossa tarde deliciosa.

Quando foi chegando a noite e o clima de despedida veio chegando a nós eu fui ficando abatida. Dudu já estava pronto e suas malas no meu carro. Passamos na casa de Lua e Arthur para se despedir deles, e ele fez questão de que também se despedisse de Chay e Mel. Ficou triste por não ter tido tempo de falar com Laura, mas afirmou que ligaria pra falar com ela assim que chegasse me solo americano. No final, eu já chorava ao dar o ultimo abraço em meu amigo e o olhei embarcar após anunciarem a ultima chamada de seu voo.

    Agora sem meu amigo, o caminho de volta pra casa foi torturador. Eu fiquei pensando todo o tempo se ele tinha ou não me mandado mensagem, já que quando passei em casa, não me dei ao trabalho de olhar. Se ele não tivesse mandado, não sei o que faria, eu com toda certeza, não chamaria. O que me magoava, já que não há muito tempo nos tínhamos combinado de não brigar mais por besteira.

Cheguei em casa com um desanimo que contagiaria qualquer um que chegasse perto. Sabia que não tinha necessidade disso, afinal nós nos amávamos e tudo daria certo. Ainda assim, era triste. Quando entrei, a lembrança da “briga” me chateou, mas fui cabisbaixa pro meu quarto, onde tinha deixado o celular. Sentei na cama, e liguei a internet, esperando alguma coisa, mas nada aconteceu. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nenhuma mensagem de voz na caixa. Fui atingida em cheio pela tristeza e me deitei olhando pro teto, uma lagrima escorrendo, até então finalmente ouvir o toque do meu celular.

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Feliiiiiiizzzzz Ano novoooooo!!!