Amor Demais - Capítulo 41

E mais uma vez eu não tive resposta, já ia dar seis da tarde e eu só sairia dali as oito hoje. Meu coração estava super apreensivo e eu não sabia o que esperar quando chegar em casa. E aquelas horas renderam. A cada dez minutos eu olhava o relógio que tinha em cima da minha mesa, ou pelo menos eu acho que eram dez minutos, já que o relógio se arrastava e tinham se passado apenas dois.

Não tinha concentração pra trabalhar, e acho que só teria quando toda essa historia se resolvesse, isso se é que um dia aquilo tudo ia se resolver.
Quando finalmente deu a minha hora eu sai daquele escritório sem me despedir de ninguém. Eu apenas fui embora gritando um tchau coletivo e entrei no carro o mais rápido possível.
Cheguei em casa em apenas vinte minutos, um recorde pessoal e estranhei ao ver um outro carro e não o de Lua parado em frente a minha casa. Desacelerei e respirei fundo antes de entrar, a pior visão da minha vida seria se aquele cara estivesse dentro da minha casa com ela. Mesmo ele sendo gay, como disse Laura, ele já foi namorado dela algum dia e isso me irritava.
Girei a maçaneta e não vi nenhuma das duas na sala, mas consegui ouvir suas vozes da cozinha. Caminhei devagar e vi tudo que eu sempre quis ver na minha vida.
Sophia e Laura usavam um avental e estavam fazendo a maior bagunça na cozinha. As duas estavam todas sujas de farinha e riam de alguma coisa que deu errado. Sophia nunca foi boa cozinheira. Ver minha família ali, ver o sorriso no rosto de Soph que havia muito eu não o via de forma tão espontânea me fez ficar parado como um bobo olhando as duas.
- Papai. – Laura correu pra me abraçar assim que me viu. Sophia fechou o sorriso e foi tentar se limpar, rapidamente tirando o avental.
- Oi, princesa. – Dei um beijo em sua cabeça. – Oi, Soph.
- Oi, Micael. Desculpa a bagunça. – Ela se apressou a passar um pano no balcão e eu me aproximei, segurando sua mão com o pano.
- Relaxa, não precisa agir como se eu fosse um monstro. – Ela me olhou nos fundos dos olhos e eu tive certeza que ela ia me dizer que eu era sim.
- Só vou embora. – Ela deu de ombros, se livrou da minha mão e voltou a limpar.
- O que estavam fazendo? – Perguntei a minha filha.
- Um bolo. – Ela falou toda orgulhosa de si. – Mamãe estava me ensinando.
- Eita. – Eu ri.
- Ei, o que foi? – Ela me olhou séria.
- Bom, eu lembro que você nunca foi uma ótima cozinheira. – Eu respondi rindo e ela mesmo tentando segurar, deixou um sorrisinho escapar.
- Melhorei bastante viu. – Disse entusiasmada. – Moro sozinha, tenho que me virar.
- Pois é, acho que nunca aprendeu porque tinha um ótimo marido que te ajudava. – Eu ajeitei a gravata e ela caiu na gargalhada.
- Para Micael, você quase não cozinhava. – Bateu com o pano de prato em mim.
- E eu nunca morri, nem a Laura, acho que você não cozinhava tão mal afinal. – Ela riu pra mim, enfiou a mão no saco de farinha de trigo e assoprou um monte bem na minha cara. – Não acredito que você fez isso! – Disse fingindo estar irritado. – Declarou guerra mocinha. – Eu fui dar a volta no balcão pra pegar um pouco de farinha também, mas ela correu pro outro lado.
- Vai ter que estar perto primeiro senhor Borges. – Sorri ao vê-la me chamando do jeito que sempre chamou quando estávamos brincando.
- Laura, pega aqui um pouco e joga nela lá. – Pedi a minha filha que estava só rindo.
- Isso é trapaça, Micael. – Sophia gritou do outro lado da cozinha.
- O mundo é dos espertos, senhora Borges. – Eu sorri esperando que ela parasse de brincar, mas ela só corou. Laura pegou um pouco de farinha e se virou pra Sophia, mas quando eu pensei que ela fosse jogar, ela se virou e acertou no meu rosto.
- Ai, bem feito. – Sophia caiu na gargalhada e eu fiquei olhando pra Laura. – Foi querer trapacear. - Eu peguei mais farinha e joguei na minha filha, logo depois eu corri até Sophia e a encurralei no canto. – Não Micael, não posso ir embora pra casa suja de farinha! – Ela implorou, mas rindo.
- Tô nem ai. – Disse rindo antes de enche-la de farinha.
Nós três estávamos nos divertindo horrores. Eu observei Sophia balançar a cabeça pra cair um pouco do pó e Laura imitou o movimento. Eu passei a mão pelo meu terno que agora teria que botar na lavanderia.
- Ai, meu bolo. – Ela correu para o fogão e tirou o tabuleiro de lá, colocando em cima da pia.
- Pelo menos o cheiro tá bom! – Eu elogiei e ela sorriu pra mim.
- Mas enquanto esfria, nós três vamos limpar essa bagunça. – Ela disse séria e eu tirei o terno e a gravata e nós começamos a limpar toda aquela sujeira.
- Ei, eu não tenho que limpar, estou cansada. – Laura disse e se sentou na cadeira.
- Quem não ajuda, não ganha bolo, e eu vi a senhora brincando também. – Sophia respondeu e eu fiquei só olhando. – Tem que ajudar, não pode ter preguiça.
- Tá bom, mamãe. – Se levantou resmungando e pegou a vassoura e me ajudou com o chão, enquanto Soph limpava o balcão e lavava a louça. Terminamos até que rápido para o tanto que estava sujo. – Podemos comer agora?
- Depois que a senhora for para o banho e nós também, sim. – Eu ri.
- Ah, papai. – Na verdade eu só queria adiar ao máximo porque sabia que depois que comermos Sophia iria embora.
- Vai logo, dona. – Ela foi batendo o pé e no mesmo instante o clima ficou ruim na cozinha. Sophia fingia lavar algo que já estava limpo só pra não ter que virar pra mim e me encarar. – Obrigada por ter vindo. – Tentei puxar um assunto, descontrair.
- É minha filha também, não a deixaria sozinha. – Ela deu de ombros ainda sem se virar.

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