Amor Demais - Capítulo 44

Ele me puxou para seu quarto e o projeto de raiva que eu estava começando a sentir, não foi suficiente pra apagar aquele fogo que crescia. Como esse homem era capaz disso tudo mesmo depois de anos?

Micael subiu em cima de uma cadeira e pegou uma caixa como a que mantinha fotos no escritório, mas aquela era maior. Ele a colocou em cima da cama e eu fui ver o que tinha dentro. Tinha a minha escova de dentes e uma camisola, a camisola que eu usei na nossa noite de  núpcias.

- Não acredito que você guardou isso. – Eu disse pegando minha camisola e a cheirando.

- Eu não ia jogar fora a única coisa sua que tinha ficado. – Ele deu de ombros.

- Vai me dizer que sua esposa nunca viu? – O encarei espantada.

- Eu achei que ela nunca tinha visto as fotos, então deve ter visto sim. – Deu de ombros como se não se importasse com nada.

- Minha escova de dente? – Dessa vez eu tinha um sorriso no rosto.

- Se eu falar que beijei ela não vai ficar estranho, vai? – Ele falou rindo.

- Olha, vai sim. – Ele se aproximou de mim. – Você não tinha tanta raiva como eu imaginava que tivesse.

- Não quando eu guardei essas coisas. – Deu de ombros. – Foi logo no começo, eu acreditei que você voltaria do nada. – Suspirou. – Então eu guardei, mas ai conforme eu vi que não ia voltar, eu fiquei louco. Foi quando eu troquei o telefone.

- Se não tivesse trocado, eu tinha voltado. – Ele ergueu uma sobrancelha. – Eu quase larguei tudo e voltei.

- E não fez por quê?

- A multa rescisória do meu contrato era altíssima. Tive medo de arriscar voltar antes dos seis meses e você estar do jeito que estava quando eu o encontrei. – Ele riu.

- Ah, ainda não estava. – Deu de ombros rindo e passou uma mão no cabelo.

- Se pudesse voltar no tempo, eu não teria ido. – Desabafei e ele me abraçou.

- Se pudesse voltar no tempo, eu tinha te apoiado. – Eu queria tanto que ele tivesse me apoiado na época que eu manteiga derretida, comecei a chorar. – Depois que eu percebi que pior que um relacionamento a distancia com você, é não ter um. Eu sei que teria apoiado. – Deu um beijo no topo da minha cabeça e eu me afastei.

- Vou pro quarto. – Passei uma das mãos na bochecha.

- Só uma ultima coisa. – Ele então veio me beijar. Entre todos os nossos beijos, aquele tinha sido o melhor até então. Não tinha provocação, não tinha raiva e nenhum de nós dois queria parar. Eu passei as mãos por sua nuca aprofundando ainda mais aquele beijo e ele em contrapartida, me apertou ainda mais pela cintura. – Te amo tanto. – Disse no meio do beijo e eu senti que nada mais importava. Eu o queria dentro de mim, queria matar toda a saudade que eu tinha no peito, queria que nós tivéssemos uma noite inesquecível. Ele tirou a minha blusa, e então eu finalmente cai em mim e me lembrei que nós dois não podemos mais ficar juntos. Então eu o afastei. – O que foi? – Seu rosto era de surpresa.

- Não podemos fazer isso, Micael. – Peguei minha blusa e meus calçados do chão, a camisola, a escova, por ultimo o celular e sai correndo daquele quarto. Não fui direto para o quarto de Laura, primeiro me tranquei no banheiro até relaxar. Precisava falar com alguém, não queria mais perturbar Dudu com esse assunto, então liguei pra Lua.

Ela não atendeu, então eu liguei de novo. No ultimo toque ela me atendeu.

- Alô? – Sua voz era de muito sono.

- Lua? – Eu sussurrava e chorava.

- Sophia? O que aconteceu com você? – Acho que a preocupação dela espantou um pouco o sono.

- Eu tô na casa do Micael, amiga. – Eu pude ouvir a surpresa em sua voz.

- O que aquele idiota falou pra você? – Disse com raiva.

- Só coisas bonitas, nós nos beijamos... – Eu não conseguia terminar.

- Vocês transaram? – Por conhece-la tão bem eu sabia que estava com os olhos arregalados.

- NÃO! – Eu praticamente gritei. – Eu fugi do quarto.

- Sophia, são quase quatro da manhã e você estava no quarto dele, claro que você quer isso. Deixa de ser boba e aproveita teu homem menina. Pensa nas coisas quando o dia clarear. Agora, curta e me deixa ir dormir. – Ela desligou e eu fiquei olhando para o telefone.

Sai do banheiro já vestida com a minha camisola e fui direto pro quarto da minha filha. Ela estava dormindo, não era novidade, já que estava muito tarde pra menina estar acordada. Ao invés de eu ir me deitar ao seu lado, eu fui pra sala, onde fiquei olhando pra tela do meu celular, sentada no sofá e sem saber o que fazer. O sono não estava presente no meu corpo, os pensamentos a mil e eu só queria uma coisa, entrar no quarto de Micael e fazer amor com ele como há muito já não fazia.

Quando eu olhei de novo a hora, já passava de quatro e meia e eu ainda estava ali, sentada olhando a tela apagada do meu celular. Micael já devia estar dormindo, assim como a minha filha, mas eu enfim tomei a decisão e só vou pensar naquilo de manhã.