Amor Demais - Capítulo 52

Na manhã seguinte eu acordei antes de Micael e me levantei da cama esperando não acorda-lo. Consegui, peguei uma muda de roupas e fui para o banheiro, afim de finalmente tomar o banho e escovar meus dentes para o novo dia.
Quando sai do quarto, Micael ainda dormia serenamente. Tomei um banho calmo e relaxante, não fazia ideia da hora e então não sabia se iria encontrar alguém acordado na minha casa.
Tentei fazer com que aquela agua gelada – porque agua quente só ia piorar minha situação. – controlasse um pouco da vontade de Micael que existia em mim. Fiquei parada sob a ducha muito mais do que seria realmente necessário, e só então, comecei a me ensaboar. Sai do banho com os cabelos molhados e escovei meus dentes diante do espelho, foi quando eu vi aquela marca roxa desagradável em meu pescoço. Não me lembrava exatamente como tinha conseguido, mas eu sorri por ter sido Micael a deixar, mesmo que eu não curtisse marcas em meu corpo.
Pendurei a toalha no banheiro mesmo e sai em direção a cozinha, realmente não esperava encontrar ninguém ali, mas antes de chegar, já sentia o cheirinho de café, o que me fez perceber que não era tão cedo quanto eu estava imaginando. Me aproximei devagar e percebi que era Eduardo que estava ali, cantarolando baixinho uma musica que eu não conhecia, enquanto passava manteiga em um pão.
- Acordou cedo. – Ele falou e logo voltou a cantarolar. – Pensei que depois da noite que teve ia acordar só depois do meio dia. – Imediatamente eu corei e abaixei a cabeça. Então ele me ouviu a noite.
- Que horas são? – Perguntei ainda sem graça e ele riu, olhando em seu relógio de pulso.
- Apenas sete da manhã. É realmente estranho que esteja acordada nesse horário. – Ele deu um risinho me olhando. – Pelo visto a noite foi melhor do que eu escutei hein. – Ele gargalhou com os olhos fixos em meu chupão.
- Eduardo! – Eu o repreendi sem graça, mas ele apenas continuou rindo. – Acho que o senhor está muito feliz hoje. Isso tudo é pressa pra se livrar da minha companhia? – Disse numa tentativa fútil de mudar de assunto. Me aproximei e sentei a mesa, passando requeijão em um pão pra mim.
- Não, é pressa pra me livrar dos ruídos que vocês fazem a noite. – Ele deu um jeito de me deixar sem graça mesmo assim.
- Eu juro que tentei me controlar. – Com certeza estava corada até a raiz dos cabelos, mas precisava falar daquilo, senão ele não pararia.
- Eu imagino que seja difícil com um homem daqueles. – Jogou a cabeça pra trás de tanto rir e eu mordi um pedaço do meu pão, assim poupando de ter que dar uma resposta constrangedora. Eduardo assim que passou o café veio me dar um abraço e nós ficamos abraçados por muito mais tempo do que realmente era necessário.
Nós tínhamos essa mania, sempre que estávamos perto, tínhamos que estar abraçados, de maneira que com certeza Micael não aprovaria se visse, ou não, uma vez que Eduardo é gay. Não parei muito pra pensar, acho que minha relação com Micael estava muito no começo e que Eduardo já iria embora muito cedo, então eu tinha que aproveitar.
Certa hora enquanto ele cantarolava e eu levantei pra pegar uma xicara de café, ele me puxou pelo braço me fazendo rodopiar pela pequena cozinha. Eu estava rindo, era fácil e extremamente divertido estar perto do meu amigo, mesmo que ele já tenha sido meu namorado, o que sempre foi extremamente difícil com Micael, talvez porque a tensão era sempre palpável quando estávamos perto.
Entre rodopios e gargalhadas na cozinha, terminamos nosso numero abraçados. Eu realmente não queria que ele fosse embora. Ouvimos um pigarro e nos separamos rapidamente, então percebendo a presença de Micael ali, debruçado sobre o balcão, nos observando. Sua carranca me fez sentir extremamente culpada, mas eu sabia que não tinha passado dos limites com meu amigo.
- Bom dia. – Eu disse sem graça e então fui finalmente pegar a minha xicara de café. – Quer café? – Não ouvi uma resposta dele e quando me virei, ele já não estava mais ali.
- Ih, acho que teu namorado ficou com raiva. – Eduardo segurou uma risadinha. – Ele está exagerando. – Eu assenti e fui me sentar no meu lugar de antes.
- Não é novidade, ele sempre exagera quando o lance é ciúmes. – Dei de ombros e assoprei meu café, pois estava muito quente. – Depois eu converso com ele.
Mais tarde Laura acordou e veio tomar café com a gente, o clima era completamente agradável e eu estava adorando aquilo, uma vez que sempre estava sozinha nessa casa. Micael não tornou a sair do quarto e isso estava azedando um pouco da minha manhã depois da nossa noite maravilhosa.
- Cadê meu papai? – Laura perguntei em um momento de silencio na mesa.
- Está no quarto, não deve estar se sentido bem. – Eduardo respondeu e eu o agradeci com um olhar.
Quando Laura estava distraída na sala, olhando a quantidade de séries e desenhos que tinha na netflix, eu e Dudu estávamos limpando e tirando a mesa do café. Ele parecia se sentir mal o tempo todo, o que fez que eu também me sentisse.
- Acho que deveria falar com ele, Soph. – Disse enquanto secava com o pano de prato uma xicara que eu tinha lhe entregado.
- Hoje é seu ultimo dia comigo, não vou estragar esse com mais drama familiar com o Micael. Nós vamos aproveitar o sábado e se ele não quiser, paciência. – Na hora que eu disse isso, meu amigo sorriu e mais uma vez, Micael estava na presente. Não sei se ele me ouviu, mas estava arrumado e pronto pra ir embora.

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