Amor Demais - Capítulo 46

- Eu literalmente amo meu trabalho. – Sorri pras minhas duas meninas.

- Eu prefiro o meu. – Ela falou rindo e eu mandei língua.

- Ainda é tão estranho ter vocês dois assim tão de bem. – Laura falou rindo e eu a acompanhei.

- Faz parte filha, acho que eu nunca vou acostumar. – Soph respondeu e a resposta me chateou um pouco.

- Um dia quem sabe. – Dei de ombros. – Acho que vou voltar pra cama.

- Aproveita o dia. – Sophia deu uma mordida generosa em seu pão.

- Vou aproveitar, na cama. – Me levantei, bocejando.

- Ei, tem que me levar a escola. – Laura disse em protesto.

- Ah, sua mãe tá ai. – Ela rolou os olhos.

- Dormi tão tarde quanto você, querido. – Mandou um beijo pra mim.

- Sem comparação de quem está mais cansado. – Ela riu e eu deixei escapar um sorriso.

- Vai dormir antes que eu me arrependa. – Ela fez um sinal com a cabeça e eu levantei correndo, antes de sumir de vista, mandei um beijo pra ela de volta e me joguei na cama, dormindo incrivelmente rápido.

- Você e meu pai estão juntos novamente? – Laura perguntou me pegando de surpresa.

- Não filha, claro que não. – Gaguejei. – Por quê?

- Parece que aconteceu alguma coisa entre vocês. – Eu fiquei nervosa e ela apenas riu. – Relaxa, eu gosto de nós três juntos. É divertido.

- Mas não estamos, só fiquei aqui ontem, nada mais. – A campainha tocou antes que ela respondesse. Micael não estava a vista e eu estava de camisola. Não estava a vontade para abrir a porta. A pessoa insistiu, tocando mais duas vezes. Eu fui até a porta e a abri, mesmo de camisola. Jéssica estava ali, e eu soube que era problema logo de manhã.

- Oi. – Eu disse completamente sem graça por estar de camisola.

- Oi. – Ela me mediu de cima a baixo. – Laura está acordada?

- Sim, entra. – Eu dei passagem pra ela e depois fechei a porta.

- Mamãe. – Laura falou com a boca cheia de pão e nós rimos.

- Não fala de boca cheia mocinha. – Jessica a repreendeu.

- Desculpa, mãe. – Se aproximou e elas se abraçaram. Aquela cena doía no meu coração e eu não aguentava ver minha filha chamando outra mulher de mãe. Pelo menos ela era boa com a minha menina.

- Vim pra te levar na escola. – Ela sorriu.

- Oba! – Bateu palminhas. – Eu estava com saudades.

- Me desculpa por não ter aparecido ontem, moro um pouco longe agora.

- Não tem problema, Sophia ficou comigo o dia todo ontem e ainda dormiu aqui. – Ela me olhou com desprezo e outra vez focou na camisola. Mas só consegui me incomodar com Laura me chamando pelo nome.

- Entendi. Que bom né! – Ela sorriu falsa.

- Quer tomar café, Jéssica? – Foi a minha vez de ser falsa.

- Não, obrigada. – Disse com tamanho desdém. – Laura, por que não toma um banho pra gente ir passear antes da escola?

- Sério? – Arregalou os olhos, entusiasmada.

- Sim, vai lá filha! – Ela saiu correndo pro banheiro. Nós duas ficamos nos olhando e nenhuma sabia o que falar. – Quer dizer que você está com o Micael?

- Não! – Me apressei a responder.

- Você está de camisola na casa dele. – Ela deu de ombros. – Nada contra, só acho que pra alguém que dizia que não queria nada, você cedeu em três dias. Três dias.

- Jéssica, eu e Micael não estamos juntos. Fiquei no quarto da Laura. Isso porque ficamos brincando até tarde e eu não vi a hora.

- Não precisa mentir pra mim, Sophia. Eu sempre dei força pra ele perdoar você e eu sabia que quando perdoasse vocês iam voltar. – Deu de ombros. – O que aconteceu aqui no outro dia foi só um equivoco. Não vou ficar brigando pelo Micael, ele não me merece. Só não quero que vocês me proíbam de ver a Laura.

- Ele não faria isso. – Ela sorriu.

- Aposto que você achou que ele não faria com você também, mas viu o inferno que ele fez.

- Não gosto de lembrar. – Fiz cara feia. – Micael era uma outra pessoa.

- Pois é. Eu preferia aquela outra pessoa. – Deu de ombros. – Eu não vou brigar por ele, mas se ele aparecer e disser que quer ficar comigo, quero que você também não arrume briga.

- Jéssica, eu e Micael não podemos ficar juntos. Sempre vai ter uma coisa pra causar briga. Meu trabalho principalmente, eu não vou parar de trabalhar, e você sinceramente acha que ele me deixaria pegar uma campanha como aquela? – Apontei pra janela mesmo fechada.

- Quer dizer então que não podemos ficar juntos? – Ouvi a voz de Micael atrás de mim e aposto que fiquei pálida na hora.