Medo de Amar - Capitulo 123


- Preciso concordar com ele. – Mel falou após ficar sozinha com os dois. – Conversem. – Deu um beijo no rosto de cada um. – Meu carro chegou, juízo. – Deixou Sophia sozinha com Micael ao entrar no carro e ir embora. Micael estendeu a mão pra pegar a mala da mulher, que agora sem muita alternativa entregou.

Os dois entraram no carro e ficaram em silêncio, um silêncio insuportável. Micael tinha as duas mãos firmes no volante, apertava com força, com certeza estava com raiva por ter visto a namorada junto com Douglas. Pelo menos era isso que passava na cabeça da loira.

- Você vai pra onde? – Ele perguntou num semáforo. Tinha que saber pra pegar a direção correta. – Minha casa ou a sua casa. – Debochou. – Preciso saber pra que lado virar.

- Você vai brigar comigo? – Tinha o olhar fixo na janela. – Eu só quero descansar.

- Não. – Foi apenas o que respondeu. Antes que a loira respondesse ele virou rumo a casa dos dois. Não demorou muito a chegar e quando finalmente chegou, não entrou pra garagem.

- Não vai estacionar? – Ela perguntou ao sair do carro. O moreno foi retirar a mala dela e a entregou.

- Vou à casa do meu pai. – Deu de ombros. – É bom que você consegue descansar. – Ela assentiu algumas vezes e o rapaz entrou no carro de novo, em seguida partiu. – Sophia ficou olhando por um tempo, soltou um longo suspiro e entrou em casa. Não desfez a mala, apenas tomou banho e deitou na cama. Precisava de um cochilo.

Acordou horas mais tarde achando que ainda estava sozinha em casa. Se levantou pra fazer um lanche e reparou em Micael sentado no sofá com fones de ouvido, comendo um sanduíche mexendo no celular. Ele a olhou, mas não falou nada.

A loira abriu a geladeira pra pegar geleia, mas encontrou patê, que provavelmente era o que Micael tinha passado no pão. Pegou o pote e logo começou a montar seu sanduíche. Queria evitar ao máximo aquela conversa que seria a definitiva com Micael, e ela tinha a impressão que ele também queria evitar.

Terminou de comer na cozinha mesmo e voltou para o quarto, Micael a acompanhou com os olhos, mas novamente não disse nada. Cerca de vinte minutos depois ele tirou os fones e largou o celular ali, precisava conversar com ela, não aguentaria mais aquela situação.

- Vamos ficar assim até quando? – Ele perguntou escorado na porta.

- Não estamos de jeito nenhum. – Desviou o olhar da mensagem que enviava a Lua.

- Você fez uma mala e foi embora pra São Paulo brigada comigo, voltou sem avisar e pelo que me parece você não estava pretendendo avisar. Ai agora não fala comigo...

- A gente está vivendo um momento complicado. – Suspirou. – E está bem difícil de lidar.

- Eu morri de saudades de você. – Tinha ternura no olhar. – Tudo que eu quero é abraçar você, te dar um beijo e dizer que te amo, mas está mais difícil do que quando estávamos separados. – Ela suavizou a expressão. Sabia que Micael ia acabar com todas as suas defesas se começasse a ser fofo. – Foi a semana mais longa da minha vida.

- Por que ficou imaginando com quantas pessoas eu fiquei? – Ela debochou. – Imagino que deva ter sido difícil.

- Dá pra facilitar? – Ergueu a sobrancelha. – Foi difícil longa porque eu queria falar com você, queria te ver... Dormir aqui sozinho é péssimo. – Ela sorriu. – Eu sei que exagerei, eu sei que não devia ter feito metade do escândalo que eu fiz, eu não quero me tornar um controlador obsessivo, mas é tão difícil. – A voz dele era baixa, no fundo a mulher estava feliz, esperava que tivessem uma briga quando voltasse. – Eu não quero perder você novamente.

- “Não quero me tornar” – Repetiu um pedaço da frase dele. – Eu sinto informar que você já é.

- Você não está facilitando. – Rolou os olhos.

- Você também não facilitou pra mim nas últimas semanas, sempre brigando comigo, desconfiando de cada passo que eu dou.

- Eu estava inseguro. – Abaixou a cabeça. – Eu estava com medo.

- Micael, com as suas atitudes você menospreza todo o amor que eu tenho por você. – Ela se ajeitou na cama. – Não estou dizendo que não entendo você, porque eu entendo. Eu também tenho os meus medos e inseguranças, mas não dá pra deixar tudo isso tomar conta das nossas ações, vai acabar ficando insuportável e ninguém vai aguentar, nem você e muito menos eu.

- Você não pode terminar comigo depois de tudo que passamos, fizemos tanto esforço pra fazer nosso amor resistir a tudo o que passou, nós perdoamos tantas coisas. A gente merece essa segunda chance.

- Você não me perdoou.

- Claro que já. – Balançou a cabeça. – Eu não moraria com você se não tivesse perdoado. Eu amo você Sophia, isso não é algo tão difícil de entender, é?

- Não, não é. – Fechou os olhos. – Eu só queria que as coisas fossem mais fáceis.

- Você não sentiu saudades de mim essa semana? – Se aproximou com passos lentos da cama. – Nem um pouquinho?

- É claro que eu senti. – Os dois sorriram. – Tudo naquela cidade me lembra você.

- Eu prometo tentar controlar o meu ciúme. – Esticou a mão na direção dela. – Você me dá uma segunda chance? – A loira fingiu pensar antes de esticar a mão e segurar a de Micael. Ela a puxou e segurou pela cintura. – Eu amo você.

- Eu também amo você. – Ele deu um monte de beijinhos no rosto da mulher. A saudade de estar bem com ela era indescritível.

- Você voltou hoje por quê? – Perguntou já deitado na cama ao lado da mulher. – Eu pensei que fosse ficar mais uns dias lá.

- Mel me ligou pra um teste. – Contou empolgada. – Tive que voltar correndo, por isso que eu estava com a mala lá no ponto.

- E como foi? – Sophia estava realmente surpresa com o fato de Micael não ter tocado no nome de Douglas ainda. – Ficou muito nervosa?

- Minhas mãos suavam frio. – Sorriu com a lembrança. – Eu pensei que ia gaguejar quando tivesse que falar o slogan, mas deu tudo certo. O pessoal disse que eu arrasei.

- Eu tenho certeza que sim! – Deu um selinho na mulher. – Sobre o que é a campanha? Dia dos namorados como falamos outro dia?

- Uhum. – Riu. – É de batom. Vai ter o comercial e a parte das fotos né, pra colocar em outdoor, ponto de ônibus essas coisas. Ai serão selecionados dois casais, mas eu tenho certeza que a Mel pegou o da TV, Chay vai morrer do coração quando ver. – Micael acompanhou a risada.

- Com certeza vai! – Apertou ainda mais a loira em seus braços. Ela tinha certeza que ele queria perguntar mais coisas, mas tinha medo de gerar mais briga.

- O teste foi em dupla. – Fechou o sorriso ao contar, queria muito que ele não surtasse e começasse a falar coisas desagradáveis pra ela. – E teve...

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