Depois do Para Sempre - Capitulo 16

 - Ela não pode fazer isso comigo. – Sophia comentou com Lua ainda dentro da agência. – Eu agora não posso mais ter vida pessoal? Não tem espaço no meu casamento pra eu chegar e falar pro Micael que não dá pra termos um filho.

- Crise no casamento é? – Fernanda comentou antes que Lua respondesse, as duas viraram pra ela com cara de poucos amigos. – Acontece sempre por ai.

- Fofoqueira. – Sophia suspirou. – Você é tão insignificante que nem tinha te visto ai.

- Mas que grosseria gratuita, Sophia. – Soltou uma risadinha. – Não precisa disso tudo, eu ouvi por acaso.

- A surra que eu te dei não foi o suficiente pra você não olhar mais na minha cara né? Está querendo outra, só pode. – Sophia deu um passo pra frente, mas Lua segurou pelo braço. – Me larga Lua.

- Você não vai voar em cima dessa mulher de novo. – Sophia a encarou. – Sua vida mudou, Sophia, deixa essa menina por ai sozinha, a vida dela já é triste o suficiente.

- Minha vida não é nem um pouco triste. – Colocou as mãos na cintura.

- Imagino que não. – Lua debochou. – Vamos sair logo daqui porque esse lugar tem uma energia carregada demais. – Saiu da agência puxando Sophia que ainda estava doida de vontade de arrumar briga com Fernanda.

- Você devia ter me deixado ao menos dar um tapa. – Resmungou já dentro do carro. – Já era alguma coisa pra que eu pudesse extravasar a raiva que eu estou sentindo. – Suspirou. – O que eu vou fazer, Lua?!

- O que vai fazer sobre o quê? – Balançou a cabeça sem entender.

- Sobre a minha carreira, você acha que a Beth realmente falou sério sobre me expulsar se eu engravidar? – Encarou a amiga por alguns instantes enquanto o sinal estava vermelho, mas logo prosseguiu.

- Bom, nós realmente não vimos nenhuma gestante andando por lá, se vi, não me lembro. – Deu de ombros. – Por favor me diz que isso não fez você repensar...

- Se eu já não queria engravidar antes, imagina agora?! – Suspirou. – O que eu vou fazer da minha vida? Micael me pressionando de um lado, o trabalho de outro e eu no meio completamente perdida.

- Perdida uma ova, você não vai adiar os planos por causa dessa velha recalcada. – Lua falou mais alto. – Se você fizer isso, Micael termina de sair de casa, você sabe.

- Eu sei, ele nem a mala desfez ontem. – Suspirou novamente. – Eu não queria estar nessa situação.

- Então devia ter jogado limpo com ele desde o começo. – Deu de ombros e encarou Sophia. – Como eu disse pra fazer.

- E ai ele não tinha casado comigo. – Bufou. – Belíssima solução. – Agora depois de dois anos juntos ele já saiu de casa imagina naquela época.

- Sophia, você vai ter que escolher o que é mais importante pra você, modelar ou o seu casamento. – Sophia encostou na frente da casa de Lua, mas nenhuma das duas se mexeu pra sair do carro. – Pelo jeito que você falou com a Beth eu achei que a sua decisão já estava tomada.

- Eu não vou desapontar o Micael de novo. – Encostou a cabeça no banco. – Eu já fiz tanto isso.

- Pois é, essa noção você tem. – Repreendeu. – Você não precisa da Beth, existem outras agências, você está conhecida e consolidada no mundo da moda. Quando você anunciar que rompeu o contrato, vão te disputar aos tapas, mesmo grávida.

- Obrigada por me acalmar. – Sorriu. – Eu não sei o que faria sem você. – Deu um abraço na amiga e ela abriu a porta do carro pra descer. Não quer ir lá pra casa mesmo?

- Tenho que dar almoço pro Matheus, não gosto muito de deixar ele muito tempo com babás. – Lua deu de ombros.

- Se quiser, eu espero. – Lua negou com a cabeça.

- Vai pra casa, toma um banho e pensa sobre o que você quer fazer. Mais tarde eu passo lá pra te ver e a gente fazer alguma coisinha a tarde. Aproveitar que Arthur está em casa.

 

A loira chegou em casa antes do almoço, mas nem fome sentia. Jogou a bolsa no sofá e seguiu para o banheiro, precisava de um longo banho de banheira. Aquela banheira era praticamente enfeite na suíte dos dois, já que quase não a usavam, mas agora, tudo que ela queria era relaxar na água quente e espumada.

Não cronometrou quanto tempo passou ali dentro, mas quando olhou os dedos das mãos e os viu enrugados, decidiu que era hora de sair. Enrolou-se numa toalha e foi procurar um pijama, sim, era apenas meio dia e ela já colocaria um pijama.

Caminhando pelo corredor, com celular na mão, com destino a cozinha, Sophia parou diante de uma das portas do apartamento. Uma porta que nunca fez questão de abrir desde que se mudou, mas agora, algo fez com que quisesse entrar.

Olhou para os quatro cantos do quarto vazio e sorriu. Conseguia imaginar como ficaria todos os moveis do quartinho reservado ao filho desde que compraram o apartamento. Atualmente, o quarto não tinha nada, apenas umas caixas com coisas velhas que Micael provavelmente trouxe da mudança.

Soph se sentou no chão e continuou a imaginar como seria quando tivesse grávida, como seria, quando já tivesse seu bebê e por um momento ela percebeu que todo o medo que tinha com relação a ter um filho, estava mascarando que na verdade ela queria ser mãe. Tinha entrado numa paranoia tão grande a respeito de engravidar que não a deixava ver.

Sentada no chão puxou uma caixa pra perto de si e começou a vasculhar, curiosa pra saber que tipo de coisas Micael não tinha se dado ao trabalho de guardar. Abriu uma pasta e encontrou alguns documentos, algumas contas velhas e sorriu ao encontrar o exame de DNA que Micael ainda tinha guardado.

O papel completamente amassado fez com que Sophia sorrisse, a mulher tinha os olhos repletos de lágrimas. Se lembrou daquele dia e sorriu ainda mais com a felicidade estampada na cara de Micael com o resultado positivo.

Sophia acordou quando ouviu a campainha tocar, acabou adormecendo no chão do quarto, ainda com o papel nas mãos. Saiu correndo para atender, com certeza era Lua. Abriu a porta e lá estavam os quatro e Matheus.

- Mas gente, vocês não tem nada pra fazer não? – Sophia perguntou aos amigos. – Sexta feira, oito horas da noite e todo mundo aqui. – Deu espaço para que entrasse.  – Arthur que não saia da empresa, agora pelo visto não vai é lá mais. – Sophia deu um beijinho no afilhado.

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