Depois do Para Sempre - Capitulo 26

 - Está mais calma? – Sophia agora estava deitada no sofá, comia uma maçã enquanto tinha o telefone no ouvido para falar com Lua. – Ontem estava atacada no finalzinho da festa.

- Estou sim. – Suspirou. – Acho que já casei dessa minha vidinha de dona de casa. Vou ter que procurar algo pra fazer.

- Ué, eu pensei que você curtisse. -  Soltou uma risadinha.

- Matheus já já faz quatro anos, vai pra escolinha, vai pra natação, vai pra tudo o que eu tiver que colocar ele.

- Cruzes, Lua. – Fez uma careta. – Parece que está querendo se livrar do seu filho.

- Eu vou ocupar o dia dele, pra que eu possa ocupar o meu e ai a noite ficamos todos juntos. – Falou de um jeito engraçado. – É bom que assim eu paro de me estressar atoa com o Arthur.

- É bom mesmo. – Mordeu a maçã. – Bichinho ficou sem entender nada do seu chilique ontem.

- Ele merece uns forinha de vez em quando. – Soltou uma risada. – Vem aqui agora, Matheus. – Gritou ao telefone e assustou Sophia. – Eu vou te deixar de castigo se você não vier aqui. – Continuou a gritar. Sophia achou graça.

- O que ele está fazendo? – Perguntou curiosa.

- Saiu do banho correndo pelado pela casa. – Lua disse brava. – Ai escorrega e cai, vem chorando. – Bufou.

- Eu só imagino ele correndo de dentro do box e você correndo atrás. – Sophia gargalhou.

- Esse menino vai ser terrível, Sophia. – A loira ouvir a voz do afilhado resmungando. – Eu já estou até prevendo a dor de cabeça que terei nos próximos anos.

- Deixa disso. – Se levantou pra jogar o miolo da maçã fora. – É normal umas travessuras de vez em quando, não precisa ser tão radical.

- Quero ver quando você tiver seus filhos se vai me dizer isso. – Agora já tinha conseguido vestir a criança e estava penteando seu cabelo. – Falando nisso, você fez o teste?

- Fiz, deu negativo de novo e o Micael saiu arrasado de casa mais uma vez, graças a você e a Mel. – Se escorou na pia e soltou um longo suspiro. – Acho que quando você for falar que acha que estou gravida, devia falar comigo sozinha. Micael quer muito um filho, ele realmente fica mal, tenta disfarçar, mas fica mal.

- Eu sei que fica. – A voz de Lua agora estava baixa e controlada. Ela estava na cozinha dando café da manhã ao filho. – Se você tivesse visto a cara dele quando Douglas falou a verdade daquela vez...

- Então... – Ela olhou a mesa do café ainda montada. – Prefiro que não falem mais nisso perto dele.

- Você fez quantos testes?

- Fiz um ué. – Deu de ombros. – Você acha que o Micael precisa ver quantos negativos?

- Eu mandei você fazer pelo menos cinco! – Voltou a gritar. – E agora o primeiro xixi do dia já foi.

- Lua, a única evidencia que tem é uma simples tontura e você está ai surtada achando que é algo. Pessoas passam mal normalmente também, não precisam estar gravidas pra isso.

- Algo me diz que foi de gravidez. – Não se dava por convencida. – Vamos fazer o beta!

- Eu não vou tirar sangue!

- Larga de ser medrosa, se você pretende parir uma criança, não pode ficar com medo de uma agulha. – Bufou. – Se arruma e come, já já eu e Matheus passaremos ai pra te buscar.

- Pra que dar mais esperanças ao Micael?

- Não conta pra ele, você já escondeu coisa muito pior. – Sophia ficou cala. – Em meia hora eu estou ai, não se atrase e não fuja. – Desligou o aparelho e a loira se sentou à mesa pensativa. Levou as mãos a barriga e respirou fundo. Será que realmente estava gravida e Lua tinha razão?

 

Pouco mais de meia hora depois, Sophia já estava pronta e já tinha arrumado as coisas do café, ainda sem comer nada. Ouviu o interfone tocar e logo pegou a bolsa e a chave pra encontrar Lua. Sorriu ao Matheus que estava na cadeirinha e deu um beijo no rosto de Lua.

- Precisa mesmo disso? – Perguntou enquanto botava o cinto. – Eu confio no teste do xixi.

- Até parece que você não sabe que ele é falho. – Deu de ombros. – E além do mais, não custa nada né?! Fica pronto em dez minutos e você vai ter cem por cento de certeza.

- Eu tenho cem por cento de certeza que não tem bebê nenhum. – Estava emburrada. – Talvez eu tenha ficado seca depois que perdi aquele bebê.

- Não fala merda. – Lua brigou. – Você foi ao médico muitas vezes nesses anos e saberia se tivesse algo errado. Não começa a ir por esse caminho.

- Mas e se for? – Tinha os olhos marejados. – Você acha que o Micael me larga se eu não conseguir mais engravidar? – Lua parou num semáforo e fez carinho na cabeça da amiga. – Porque do jeito que ele quer essa criança...

- Eu não acho que ele te largaria. – Disse baixo.

- Ele já saiu de casa uma vez, Lua. – As lagrimas escapuliram. – E nem era definitivo, imagina se eu receber a confirmação de que não posso mais ter filhos?!

- São situações diferentes, meu amor. – Ela tinha a voz tão terna que raramente Sophia ouvia aquele tom. O carro recomeçou a andar, mas Lua seguiu falando. – Ele saiu de casa porque você mentiu, porque você não queria ter um filho. Agora, se você não puder ter um filho é completamente diferente, ele quer muito, mas não vai deixar você sozinha nessa situação.

- Estamos tentando tem dois meses e eu tenho muito medo de ter essa confirmação.

- Relaxa, você não tem problema nenhum, apenas não aconteceu ainda. – Secou as bochechas com as mãos. – Ou, se eu estiver certa, já aconteceu e você está ai chorando atoa.

- Está bem! – Fungou. – Não vou mais sofrer por antecipação. – Sophia balançou a cabeça e elas mudaram de assunto, pelo menos até chegar ao laboratório.

 

Sophia pagou o exame e logo foi encaminhada para uma pequena salinha onde um enfermeiro colheu seu sangue. Orientada a aguardar dez minutos ela saiu e se encontrou com Lua que esperava com Matheus em uma das cadeiras do lugar.

Lua segurou a mão de Sophia, que até poucos instantes estava confiante de que o resultado daria negativo, mas agora, rezada pra tudo quanto é santo para que desse positivo. Lua tinha acendido uma fagulha de esperança nela e ia ser horrível se decepcionar novamente.

Ouviu seu nome ser chamado, depois de dez longos minutos, por uma voz robótica e suspirou, suas pernas estavam bambas, poucas vezes a loira tivera estado tão nervosa na vida. Viu uma das recepcionistas com um envelope na mão e foi até lá. Forçou um sorriso pra mulher e logo saiu do laboratório com o envelope ainda lacrado.

- Abre, minha filha. – Lua apressou. – Pelo amor de Deus, eu não aguento essa ansiedade.