Depois do Para Sempre - Capitulo 29

 - E como que ficou as coisas lá no restaurante depois que eu sai? – Os dois estavam deitados na cama, Sophia com a cabeça no peito de Micael. – Terminaram de se matar?

- Meu pai é foda. – Suspirou. – Você não viu a marra com que ele foi falar comigo e com o meu pessoal. As vezes da vontade de jogar tudo pro alto.

- Para com isso, você já brigou com ele um milhão de vezes e já se demitiu o equivalente, vamos parar. – Ela segurava o riso. – Eu já desisti de fazer vocês não brigarem mais, agora é só aceitar mesmo.

- E desde quando eu sou relapso a ponto de deixar funcionário sem touca na cozinha? – Ele encarava o teto escuro. – Me dá raiva o jeito como ele sempre tenta jogar pra cima de mim.

- Tenta manter a ordem né, não deve ser fácil, ainda mais que você saiu com o gênio igualzinho ao dele. – Não conseguiu mais segurar e acabou dando risada. – Você fica ai putinho, mas estava na paz com ele e sentiu falta.

- Você que inventou isso. – Balançou a cabeça. – Eu não lembro de ter falado nada sobre.

- Ué, estava morrendo de ciúme do seu irmão. – Micael fez uma careta mesmo que a esposa não pudesse ver. – Sabemos que você ama seu pai apesar de todas essas brigas, não precisa ficar sem graça.

- Ô, Sophia! – Repreendeu e a mulher riu ainda mais. – Dá um tempinho dá?

- Dou sim, meu amor. – Rolou os olhos. – Eu sei que depois de amanhã quando você chegar lá já vai estar tudo bem.

- No final do dia, antes dele ir embora veio me dar um abraço e me parabenizar pelo bebê. – Disse sem muita animação e aí mesmo que Sophia voltou a rir. – Os funcionários que não entendem é nada.

- Olha ai, fizeram as pazes mais rápido do que eu imaginei. – Micael bufou. – Eu fico imaginando a cara quando tem funcionário novo, vendo vocês quase se matarem e depois logo em seguida de bem.

- Nunca é logo em seguida, demora uns dias. – Bufou novamente. – Foi rápido por causa do bebê.

- Sai dai. – Se afastou um pouco e acendeu o abajur. – Me engana que eu gosto.

- Não está afim de mudar de assunto não? – Ainda tinha a carranca formada.

- Tudo bem. – Ergueu as mãos, agora ela estava sentada e encarou o Micael enquanto contava a seguinte noticia. – Beth me procurou hoje.

- Sério? – Arregalou os olhos. – Você foi lá?

- Não. – Deu de ombros. – Eu disse a ela que viesse aqui porque eu estava cansada demais pra ir lá. – Sorriu de lado. – Ela veio pedir desculpas pelas coisas que falou, pedir pra eu voltar.

- Eu disse que ia acontecer. – Se sentou também. – E você, o que disse?

- Eu disse que ia pensar. – Deu de ombros. – Fiquei magoada com as coisas que ela me disse, mas eu gosto de trabalhar pra ela.

- Então aceita ué. – Escorou na cabeceira. – Mas Sophia... – Parecia escolher as palavras, pisar em ovos. – Você não vai voltar com aquele monte de viagem frenética não né? Prefiro que você fique por aqui enquanto está grávida.

- Ih, vai regular o meu trabalho agora? – Franziu a testa. – Eu sei me cuidar, não precisa disso.

- Não quero que você passe duas, três semanas longe de casa. – Sophia o encarou. – Eu quero acompanhar a gestação do meu filho, quero cuidar de você e eu sei muito bem que você nem come direito quando está em alguma campanha.

- Eu não comia, mas não estava gerando ninguém, não sou irresponsável. – Cruzou os braços, levemente irritada. – Você não precisa me dar ordens sobre o que fazer ou não.

- Ordens? – A olhou sem entender. – Eu pedi a você pra não viajar por muito tempo porque eu quero acompanhar o crescimento do meu bebê. Isso não é ordem nenhuma, não viaja. Eu nem fui autoritário, eu estou fazendo um pedido a você. Depois que nascer, você vai pra onde você quiser.

- Ei. – Rangeu os dentes. – O que eu sou pra você? Um forninho? Que ai quando o bebê nascer não importa mais?

- Desde quando você está tão dramática assim? – Ele sorriu. – Para de drama.

- Ué, eu fiz uma pergunta.

- Sophia, eu já briguei feio com o meu pai hoje, não quero brigar com você também. – Puxou a esposa pra mais perto. – Custa você fazer o que eu estou pedindo dessa vez?

- Não fala dessa vez como se eu nunca fizesse. – Continuava irritadinha. – Se estou gravida é porque você pediu.

- Chega! – Disse um pouco alto. – Pelo amor de Deus, chega! Eu não estou pedindo pra você não trabalhar, só estou falando pra não ficar semanas fora. Quando o bebê nascer, você volta a sua rotina de esquecer que tem família e passa um mês fora, antes não. Ok?

- Esquecer que tenho família? Eu não esqueço de nada! – Se afastou novamente. – Você está falando merda ai.

- Você realmente quer arrumar briga não é? – Ergueu uma sobrancelha. – Fala de mim com meu pai, mas tem um tempo que a gente não briga e ai você está procurando um motivo onde não tem nada. Querer cuidar de você, aparentemente é um puta motivo pra briga.

- Só pra você saber eu já tinha dito a Beth que só estava pegando campanha no Rio e que permaneceria assim até meu filho completar alguns meses e pegar mamadeira. – Micael deu um singelo sorriso.

- Se você já tinha dito isso, pra que esse estresse todo? – Cruzou os braços.

- Porque não é pra você ficar achando que vou fazer isso porque você mandou. – Ele rolou os olhos. – É porque eu quero.

- Sophia, as vezes eu acho que você não bate bem da cabeça não. – Deu uma gargalhada. – Não importa quem teve a ideia, isso é o de menos. Tá parecendo meu pai arrumando briga comigo atoa.

- Não estou arrumando briga. – Tinha um bico. – Só não gostei do jeito que você falou.

- Você é doida. – Segurou em sua mão. – Vem aqui, bobona. Quero você assim, bem pertinho de mim a cada segundo que passa. – Deu uns beijinhos em sua cabeça. – E a senhora pode controlando esses seus hormônios hein.

- Ok, me desculpa se exagerei.

- Ah, exagerou. – Riu. – Exagerou demais. – Ela desfez a careta e deu um sorrisinho. – Mas eu sou uma pessoa calma, sei lidar com os seus chiliques.

- Não dei chilique nenhum. – Continuou rindo. – Ei!

- Eu estou me preparando para mais nove meses de chiliques...

- Você está muito engraçadinho. – Ela o abraçou.

- Estou feliz. – Apertou a esposa. – Você não tem noção do quão feliz eu estou, acho que nunca vai ter...

 

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