Amor Demais - Capítulo 57

O corredor era num tom claro que me fazia sentir em casa. Várias portas de carvalho enfileiradas me fizeram ficar em duvida, mas ela tinha dito que era a primeira, então li o nome do Leonardo na porta e bati algumas vezes. Ouvi um entra baixinho e me surpreendi ao ver o tamanho da sala.

    Era ampla e tinha uma mesa que parecia ser de madeira maciça, uns armários no canto oposto e uma persiana completavam o ambiente. A sala era grande demais pra tão pouca coisa nela. Leonardo estava de pé a minha frente com a mão estendida e um sorriso no rosto. Era um homem que tinha sua barriga saliente sob a blusa social, mas não perdeu o charme. Sua barba perfeitamente aparada lhe dava um toque a mais. Ele era branco e tinha olhos claros, aparentava uns quarenta anos. Troquei os papeis de mão e então apertei a sua.
- Prazer, sou Dr. Leonardo, em que posso ajuda-lo? – Perguntou simpático e se virou indo pra mesa, mas antes me apontando a cadeira á sua frente.
    Expliquei pra ele o motivo de ter ido até lá e ele disse que poderia dar uma olhada no meu contrato, mesmo com o prazo super em cima da hora. Eu lhe entreguei e sai da sala, não querendo lhe atrapalhar. Ele me pediu pra voltar as 18h que ele já teria terminado a analise e me diria se ia ser um bom negocio.
    Sai de sua sala meio sem saber pra onde ir. Pensei em ir pra sala de Micael, mas era seu trabalho e não queria atrapalha-lo, embora ele ainda nem devia ter voltado do almoço. Resolvi lhe enviar uma mensagem.
“Ei, já acabou o almoço?” Não demorou muito até que uma resposta chegasse. Ele tinha dito que sim e que me esperava em sua sala. Andei pelo corredor lendo nome por nome até encontrar “Micael Borges” em uma que era quase a ultima. Entrei sem bater.
- Veja se não é o advogado mais sexy que existe. – Ele levantou a cabeça sorrindo pra mim e levantou pra me dar um beijo.
- Veja se não é a cliente mais gostosa que existe! – Ele disse e logo depois me encostou na porta aprofundou nosso beijo. Eu o afastei delicadamente para que pudesse respirar.
- Acho que isso é antiético. – Eu ri e ele rolou os olhos.
- Talvez seja um pouco. – Deu de ombros e foi se sentar, mas eu dei uma corridinha e sentei em seu lugar antes dele. Ele me olhou com um sorriso no rosto. – Isso ai é completamente. – Eu gargalhei.
- Senta ai e me diga qual o seu problema. – Eu disse brincando e ele franziu a testa.
- Seu atendimento é péssimo. – Riu e se sentou.
- Atendimento de uma mulher com namorado. – Ele sorriu. – Bem diferente do seu né, moço? – Eu olhei pra porta em referencia aquele beijo.
- Só faço isso quando a cliente é gostosa. – Ele ajeitou a gravata e eu abri a boca pra protestar, mas acabei caindo na gargalhada.
- Você é ridículo. – Ele deu de ombros. – Voltou cedo do almoço...?
- Sim, não sabia quanto tempo você ia demorar lá com o Léo. – Deu de ombros. – E quero saber sobre o que temos que conversar. – Sua expressão era confusa e eu parei de rir e suspirei na hora. Não queria aquela conversa aqui.
- Em casa a gente conversa né. – Dei de ombros tentando fazer parecer algo normal.
- Sophia, se tem algo te incomodando, me conta. Temos que fazer isso dar certo. – Eu desviei o olhar, sinceramente queria falar, mas não sabia como começar aquele assunto, e sabia que seria bem estressante.
- Estamos no seu trabalho... – Ele não me deixou terminar, se levantou e veio para o meu lado escorado na mesa, quase que sentado. Então me virou para ele e me encarou.
- Sim, estamos. Mas não vamos brigar, prometemos isso um pro outro. Então você diz o que te incomoda que a gente conversa como adultos civilizados. – Respirei fundo em busca de palavras e finalmente falei.
- Queria que você conversasse com a Jéssica... – Falei apreensiva, mas ele apenas me olhava, esperando o restante da frase. – Ela tá demais, Micael.
- Conversar sobre o que, linda? – Disse pacientemente enquanto eu escolhia palavras pra não parecer maluca.
- Primeiro: Ela tem a chave da sua casa, você sabia? – Ele não me pareceu surpreso.
- Ela morava lá e eu não peguei de volta quando ela saiu, mas ela nem usa, ela toca a campainha. – Ele deu de ombros e eu bufei. – Isso te incomoda?
- Ela usa sim, você que não deve saber. – Me olhou estranho. – Hoje quando fui lá pra levar a Laura pra escola, ela simplesmente entrou, Micael. Não hesitou. Ela meteu a chave na porta e levou a minha filha sem sequer dar nenhuma explicação pra mim. – E as lágrimas que eu já estava tentando segurar há algum tempo, rolaram. Me envergonhei e então passei as mãos no rosto numa tentativa fútil de disfarçar.
- Não posso impedir ela de ver a menina. – Ele começou, mas neguei com a cabeça.
- Não pedi pra impedir, quero que ela ligue antes, que marque. Não que chegue lá buscando a menina com a maior autoridade. Parece que ela é a mãe e eu sou madastra.

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