Amor Demais - Capítulo 83

- Festinha animada essa hein. – Chay disse e eu ri.

- Culpa da noiva. – Eu dei de ombros.

- Por que eles te chamam de Borges? – Lua perguntou e eu ri.

- Ao que parece quando eu ficava bêbada só falava no Micael. – Eles riram.

- Sério? – Micael perguntou surpreso.

- Bom, eu não lembro porque estava bêbada, mas esse apelido pegou e todo mundo me chama de Borges aqui. – Eu dei de ombros. – Só passava vergonha.

- Falar de mim não é vergonha.

- Você estava casado com outra, então é vergonha sim. – Fechei a cara.

- O que aquele cara disse no final? – Micael perguntou curioso e mudando de assunto. – Deixou a menina com raiva de novo. – Então eu ri.

- Ele disse que se eu quisesse voltar a vaga de modelo principal era minha. – Dei de ombros e ele fechou a cara. – Eu disse que não ia voltar porque tinha minha família de novo. Dai ele disse que se a Laura quisesse seguir a vida de modelo, era só ligar pra ele que ele ajudava. – Eu falei olhando pra minha menina que sorria.

- Serio? – Eu assenti. – É claro que eu quero.

- Laura, isso é pra quando você for adulta, não com sete anos.

- Tenho quase oito tá. – Ela respondeu o pai.

- Ainda assim não é idade. – Ele brigou e eu suspirei.

- É verdade Laura, quando tiver com quatorze ou quinze a gente começa a pensar nisso. Tá bom? – Ela assentiu feliz e eu sorri ainda mais.

O final da festa até que foi bem calmo e nosso ultimo dia em Nova Iorque passou voando. Já estávamos de volta no avião, na verdade quase chegando ao Rio de Janeiro. Estava morta de cansaço quando nós chegamos. Eram oito da manhã e eu fui direto pra casa de Micael. Nós três mal tomamos banho e caímos na cama pra dormir.

Acordei já passava das três da tarde e o braço de Micael estava sobre mim. Tentei sair debaixo dele sem o acordar, mas não consegui.

- Ei, linda. – Ele sorriu ao me ver.

- Desculpa te acordar, foi sem querer. – Sorri. – Estava tentando ir ao banheiro. – Então levantei correndo e fui. Escovei os dentes e fiz meu xixi antes de voltar pra cama.

- Nem acredito que já estamos em casa. – Ele disse depois que eu voltei pra cama.

- Nem acredito que amanhã eu já tenho que trabalhar. – Eu ri.

- Lado ruim de estar em casa. – Ele falou rindo.

- Vamos levantar porque eu estou com fome. – Dei um tapinha nele e ele fechou os olhos virando pro outro lado.

- Vou ficar por aqui mesmo! – Falou com os olhos fechados e eu ri.

- Vamos logo preguiçoso. – Cutuquei ele e levantei indo pra cozinha. Ao passar pela sala eu encontrei Laura jogando videogame.

- Já acordou preguicinha? – Fui até a minha menina e lhe dei um beijo.

- Acordei tem um tempinho. – Ela deu de ombros sem desviar o foco da televisão.

- Com fome? – Ela só assentiu e eu sai dali rindo. Comecei a preparar umas coisas pra gente comer e estava distraída até que senti alguém me agarrando por trás.

- Que gostosa. – Eu me virei para beija-lo. Senti que ele ficou duro imediatamente e sorri no beijo.

- Você continua tão fácil. – Ele se separou de mim e ergueu uma sobrancelha.

- Você tá de brincadeira comigo né? Você é gostosa pra caralho mulher, tenho que ser fácil. – Disse incrédulo e eu gargalhei.

- Você é muito bobo. – Lhe dei um selinho e voltei a atenção pra panela. – Falando em ser gostosa eu tenho que tomar vergonha e me matricular na academia, já vai fazer quatro meses que voltei e estou afastada.

- Eu também estou afastado, acho que a gente podia fazer junto. – Eu o olhei rindo.

- Isso não é pra me vigiar não né Micael? – Ele riu e passou as mãos no cabelo.

- Você com uma calça de malhar deve ser uma tentação... – Mordeu o lábio e eu gargalhei novamente. – Não fiz piada não mulher.

- Micael você anda muito tarado. – Me agarrou novamente.

- Sempre fui tarado!

- Pior que eu sei disso. – Voltei a atenção pra panela novamente. Ouvi seu telefone tocando e logo em seguida um suspiro. Me virei para encara-lo.

- Oi, Jéssica. – Eu rolei os olhos e ele sorriu ao ver minha reação. – Sim, chegamos hoje de manhã. – Essa mulher estava me dando nos nervos, eu não era assim não! – Sim, podemos conversar e sim a Soph tá aqui. – Ergui a sobrancelha e ele deu de ombros. – Tudo bem, vamos te esperar. Tchau. – Desligou e eu fiquei encarando ele por um tempo.

- O que ela quer? – Perguntei com a voz monótona.

- Aquele assunto importante que ela tinha pra tratar. Disse que vem falar agora! – Deu de ombros como se não ligasse.

- E ela perguntou por mim por quê? Eu não posso saber?

- Não, pelo contrario. – Bufei. – Ela quer que você esteja presente na conversa.

- Estranho isso ai hein! – Franzi a testa, mas nem falei mais nada, fui terminar a minha comida.

Jéssica não chegou rápido, nós tivemos tempo de almoçar no clima mais descontraído de todos antes que ela chegasse em casa.

Quando estávamos na sala abraçadinhos vendo um filme, a campainha finalmente tocou e eu suspirei. Micael não se moveu, apenas olhou pra Laura que entendeu quem era e saiu correndo pra abrir a porta. Só ouvi ela chamando a Jéssica de mãe antes de soltar outro suspiro e Micael me apertar mais um pouco. Nós sentamos, mas nos mantivemos abraçados, Laura chegou com Jéssica pouco tempo depois.

- Oi gente. – Ela sorria enquanto estava abraçada a minha filha.

- Oi. – Nós dissemos em uníssono e sem animo nenhum.

- Que bom que chegaram. – Puxou assunto e eu sorri forçada.

- Laura, preciso conversar com seus pais. – Minha menina olhou feio.

- Por que toda vez eu tenho que sair? – Disse com raiva. – Eu já sou grande o suficiente pra não ter que sair da sala na hora das conversas.

- Não é não, você só tem sete anos! – Eu falei e ela me encarou.

- Mas não pareço. – Respondeu.

- Laura colabora, por favor. – Micael pediu e a menina bufou.

- Depois vai lá no meu quarto, mãe. – Ela deu ênfase no “mãe” e eu tenho certeza que foi pra me irritar. Jessica assentiu e minha menina se foi.

- E então, o que tem de tão importante pra me contar? – Micael perguntou e eu estava nervosa, aparentemente Jéssica também, porque ela estava com a cabeça baixa mexendo nas unhas.

- Jéssica? – Eu perguntei e ela suspirou.

- Quero que saibam que não foi de proposito. – Falou culpada e eu comecei a imaginar o que seria.

- O que aconteceu Jéssica, fala logo. – Micael foi um pouco grosso.