Amor Demais - Capítulo 58

- Vou falar com ela, amor. – Me fez levantar e me abraçou. – Pode deixar que vou pedir a chave lá de casa também.
- Obrigada! – Funguei em seu peito e senti suas mãos apertando ainda mais a minha cintura.

- Te disse que é mais fácil conversar! – Ele brincou em uma tentativa obvia de me animar.
- Eu ia conversar, mas em casa. – Eu sorri, mas meu rosto ainda molhado. Alguem entrou na sala sem bater e eu me afastei com vergonha. Ele apenas negou com a cabeça e riu.
- E ai, Léo? – Ele disse ao advogado que há pouco eu estava na sala. O homem parecia estar tão sem graça quanto eu.
- Vim pedir sua ajuda com uns papeis, só que parece que você já conhece a minha cliente. – Eu devia estar tão corada quanto ele. Mica apenas riu.
- Conheço há algum tempo. – Ele se sentou. – Precisa de ajuda com o quê? – Perguntou e eu me afastei.
- Bom, vou esperar do lado de fora. – Ele me olhou e segurou meu pulso.
- O caso é seu, não precisa sair maluca. – Ele disse com um sorriso mais maravilhoso do mundo e eu me sentei em uma das cadeiras que tinha ali.
    Os dois começaram a ler aquele monte de papel e eu comecei a ficar agoniada, não entendia como alguém pode gostar de trabalhar com isto. Tá certo que o dinheiro é bom, mas não podia simplesmente ficar trancada em uma sala lendo papeis o dia inteiro.
Depois de um tempo eles começaram a me explicar as clausulas do contrato, em si, a proposta era muito atraente, mas dizia que eu era obrigada a fazer qualquer campanha que eles me mandassem, inclusive viagens e de lingerie, muito provavelmente.
- Eu achei um contrato muito vantajoso. – Leonardo disse ao concluir.
- Sem chance. – Micael respondeu. – As clausulas são muito vagas, ele vai ser praticamente dono dela, Leonardo.
- Não exagera, Micael. – Dei de ombros.
- Soph, ele diz aqui que decide as campanhas que você vai fazer. Se houver uma que você não quiser, você não vai ter opção.
- Isso é o de menos. – Dei de ombros e ele me fuzilou com o olhar. – A gente conversa sobre isso em casa. – Olhei pra Leonardo. – Quanto que ficou?
- Funcionarios tem desconto, linda. Depois descontam do meu contra cheque. – Falou e eu suspirei, ele não perdia a mania de pagar as coisas pra mim. Não discuti porque sei que seria inútil, já tinha acostumado com aquilo.
- Tudo bem, vou indo pra pegar a Laura na escola. – Me levantei e ele também.
- Vou junto com você. – Leonardo apertou minha mão e se despediu, saindo da sala apressado.
- Já está no seu horário? – Ele deu de ombros.
- Meu horário é quando fico atoa demais e não tem ninguém agendado. – Ele riu e veio segurar minha mão. Eu lhe dei um selinho e me soltei dele, pegando os papeis na mesa, ele pegou sua maleta e nós saímos da sala. – Tchau, Aline. – A menina respondeu e acenou com a cabeça pra mim.
    O silencio no carro estava me incomodando, eu sabia que ia rolar briga por causa daquele contrato, mas não tinha nenhuma ideia do que dizer pra evitar. Vez ou outra eu o pegava me olhando, mas ele simplesmente respirava fundo e voltava a prestar atenção na estrada. Como estava cedo, fomos pra casa dele ao invés de buscar a Laura. O que seria bom, menos uma possível briga pra ela testemunhar.
- Você vai assinar esse contrato? – Ele perguntou depois que entramos em casa, mal tive tempo de tirar as sandálias.
- Não sei, Micael. – Dei de ombros.
- Você levou ao advogado porque queria uma opinião, ai você a teve e mesmo assim quer assinar? – Perguntou indignado.
- Levei a outro advogado e esse outro disse que era um contrato muito bom. – Ele pareceu ficar com mais raiva ainda. – Micael, não te trouxe esse contrato porque eu sei que esse seu ciúme excessivo ia passar na frente da razão.
- Não tenho um ciúme excessivo, eu só quero que fiquemos bem.
- O seu problema é querer controlar meu trabalho. Nós vivíamos muito bem até antes de Nova Iorque. Você não implicava pras minhas campanhas. – Já estava ficando irritada que nem ele.
- Antes de Nova Iorque você nem fazia campanhas direito, Sophia. – Jogou na minha cara e eu me ofendi com aquilo. – Você tirava umas fotos e desfilava algumas vezes, mas não é como se vivesse disse. Agora tem um cara querendo ter os direitos sobre você por um ano.
- Tá dizendo que eu era uma ninguém? – Gritei pra ele e ele bufou. – Pois agora que eu vou assinar esse contrato mesmo. Eu espero que eles me peçam muitas fotos de lingerie, Micael.
- Tá vendo como você é? Você nunca faz esforço nenhum pela nossa família, você nunca prioriza eu e a Laura na sua vida, estamos sempre depois do trabalho. Sempre. – Gritou de volta.
- Claro que não, eu amo a minha família, eu só queria que você aceitasse que eu sou bem sucedida.
- Sophia, seu trabalho é tirar fotos sem roupa, não é como se tivesse estudado pra isso, você só é bonita. – Jogou na minha cara e eu atingi o ápice da minha raiva.
- Talvez você devesse estar casado com alguém como a Jessica mesmo. – Sua expressão de raiva se atenuou um pouco, enquanto a minha só piorou.

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