Amor Demais - Capítulo 75

- Sim, teve uma época que eu era bem feliz lá. – Dei de ombros. – Assim como teve uma época que você foi feliz aqui com a Jéssica ué.

- Quer dizer que o que fez você feliz lá foi aquele idiota? – Seu tom já estava ficando um pouco agressivo.

- Micael, os primeiros seis meses que eu passei lá foram os piores. Depois que eu aceitei que era minha realidade e que ia ficar ali por mais dois anos e meio, eu realmente quis ser feliz. Foi onde eu conheci o Eduardo, em um desfile e a gente se deu muito bem.

- Hum, entendi. – Falou emburrado.

- Não quero você com raiva.

- Não estou com raiva, é só que sei lá... Vai ser estranho.

- Não vai ser estranho. Vou ter apresentar a todos os meus amigos. – Sorri empolgada com a ideia.

- Eu imagino que um monte da galera do seu trabalho vai estar lá né. – Disse sem jeito, eu sabia que ele queria me perguntar alguma coisa. E já imaginava o que era.

- O que quer saber, amor? – Perguntei de uma vez e ele respirou fundo antes de perguntar.

- Mais gente que você ficou vai estar nessa festa? – Ele pareceu estar com vergonha, mas parecia realmente incomodado ao perguntar.

- Bom, não sei. Afinal eles não se davam bem com o Dudu. – Dei de ombros.

- Entendi, tomara que não né. – Riu sem graça.

- Relaxa, todos lá sabem que eu amo você. – Sorri. – Ainda acho que você vai ter uma surpresa quando chegarmos.

- Por quê? – Perguntou curioso.

- Espere e verás. – Sorri com um ar misterioso e lhe dei um selinho. – Vamos dormir que amanhã teremos um longo dia.

No outro dia eu estava muito empolgada. O embarque seria as duas da tarde. Acordamos as nove. Fiz café pro meu marido e minha filha e logo fui buscar minha mala em casa. Passaríamos uma semana lá e eu tinha feito uma mala imensa. Quando cheguei, por volta de meio dia, Jéssica estava na sala com Micael e Laura. Ela chorava.

- Oie. – Eu falei assim que cheguei e Micael veio me ajudar com a mala.

- Oi, Soph. – Ela ficou de pé e limpou as lagrimas. – Eu só vim me despedir da Laura.

- Não precisa se explicar, eu imaginei que viria. – Dei de ombros. – E não precisa chorar também. É só uma semana.

- Isso inicialmente. – Ela já estava chorando de novo.

- Não, Jéssica. – Eu ri. – Não vamos exceder a viagem.

- Já tentei explicar isso, Soph. – Micael cochichou pra mim.

- Ué, da outra vez ela foi pra passar seis meses e ficou três anos. – Falou chorosa.

- Mamãe, relaxa. – Laura falou a abraçando. – Nós vamos voltar.

- Viu, escuta a Laura. Nós vamos voltar. – Micael falou e logo depois bufou. – Dessa vez eu estou indo e não vou ficar lá.

- Tudo bem. – Deu um beijo na cabeça de Laura. – Mas me liga por favor.

- Pode deixar, a Laura vai ligar pra você de lá. – Micael disse com sua voz tranquilizadora.

- Vai dar uma hora, temos que ir encontrar os outros. – Eu suspirei.

- Vamos sim. Chama um Uber ai. – Eu peguei meu celular e chamei. Não demorou muito a chegar e nós saímos de casa. Jéssica ficou parada enquanto o nosso carro se afastava e eu revirei os olhos. – Sophia!

- O que eu fiz? – Perguntei sem entender.

- Para de implicar com a Jéssica. – Bufei.

- Não estou implicando. – Dei de ombros. – Só acho que ela faz drama demais.

- Ela nunca se separou da Laura, Sophia. – Eu o encarei.

- Micael, ela tá fazendo drama sim. Vamos passar uma semana lá, não é como se fosse o resto da vida. – Rolei os olhos e olhei minha filha que estava ali olhando pela janela do carro e ignorando a nossa conversa.

- Acontece que tem algumas mães que não conseguem se afastar dos filhos assim tão fácil. – Eu o encarei.

- Não acredito que tá comparando aquela mulher comigo. – Disse com raiva agora. - Ela não é mãe da Laura.

- Vocês vão brigar mesmo? – Laura estava nos encarando.

- Não, não vamos. – Respondi e ficamos em silencio. Aquele silencio permaneceu até encontrarmos nossos amigos no aeroporto. Eles estavam tão empolgados que eu logo me animei novamente e comecei a brincar com eles, mas ainda não tinha me entendido com Micael. Fizemos o Check-in, enviamos as bagagens e finalmente estávamos sentados no avião. Eu tinha Laura do meu lado, á janela e Micael do outro, ao corredor. Atrás de nós, Lua, Arthur e Clara no colo e atrás deles, Chay e Mel.

- Nem acredito que estou indo pra Nova Iorque as custas da Sophia. – Lua falou rindo e eu olhei pra trás.

- Ei, eu não estou bancando nada pra ninguém. – Falei rindo também.

- Só pagamos as passagens, o resto você agilizou gata, você está bancando todos nós.

- Um de nós tem que ter dinheiro né? – Zoei eles e ganhei alguns tapas na cabeça. – Gente, Nova Iorque é o meu lugar, vocês vão se surpreender. – E me virei pra frente novamente com um sorriso.

- Quanto tempo até lá mesmo? – Ouvi a vozinha de Mel perguntar.

- Umas nove horas. Podem relaxar. – Eu ri.

- E bota relaxar. – Arthur ironizou. O piloto anunciou as regras de segurança e pediu que colocássemos o cinto para levantar voo. E lá estávamos nós, a caminho da minha tão amada Nova Iorque. Nas primeiras horas eu fiquei lendo um livro que eu tinha levado. Laura estava super entretida olhando pela janelinha e Micael estava em silencio, de olhos fechados.

A certa altura Laura estava dormindo e meus amigos também. Micael abriu os olhos e me encarou.

- Vamos ficar brigados mesmo? – Perguntou baixinho pra não acordar ninguém.

- Não queria, mas estou chateada com você. – Fiz bico e ele suspirou.

- Me desculpa. – Esticou os braços em volta de mim e me puxou para seu peito. – Não queria te chatear.

- Não deveria ter insinuado que a Jéssica é melhor mãe pra minha filha do que eu. – Falei ainda ressentida.

- Eu sei que não devia. Me perdoa. – Deu um beijo no topo da minha cabeça.

- Tá bem, não quero ficar brigada com você. – Disse me aconchegando um pouco mais. – Vamos deixar pra lá? Quero curtir Nova Iorque ao seu lado.

- Vamos deixar pra lá então. – Eu fiquei ali em seu colo e ele fez cafuné em minha cabeça até que eu acabei dormindo também.