Amor Demais - Capítulo 65

- Deveria visita-la.

- Não posso aparecer na casa da mãe do Micael. – Rolei os olhos com a obviedade daquilo.

- Ela te tem como uma filha, Sophia. Vai adorar te rever.

- Aham, claro que vai. – Bufei. – Morei na casa dela por quase três anos até a faculdade do Micael acabar, eu gostava bastante dela também. Estava basicamente substituindo a minha mãe.

- Então, ela vai gostar de te ver. – Sorri. Quem sabe eu iria lá mesmo.

Lua enfim apareceu com a camisa passada, Arthur vestiu e nós saímos de casa. Eu optei por ir no carro deles mesmo, afinal era o mesmo caminho. Chegamos não muito mais que oito no bar, mas os três já estavam de cara feia. Duas cervejas na mesa mostravam que Chay e Micael já tinham se adiantado.

- Que demora! – Mel reclamou se levantando pra nos dar um abraço.

- É que ficamos conversando sobre nossa primeira saída e perdemos a noção do horário.

- Primeira saída? Aquela que fomos fugidos? – Chay já perguntou rindo.

- Poisé, sabe como a nostalgia bate né? – Eu ri também. – Ainda mais quando entramos no assunto: Dona Branca Abrahão.

- Eita, que assunto difícil hein. – Micael falou e eu ri.

- Bota difícil nisso. Ser expulsa de casa é uma sensação que não quero mais sentir. – Nós rimos. – Vamos pedir outra?

- Acho justo algumas das bonitas beberem suco comigo. – Mel falou e eu me candidatei, já que eles precisariam de alguém pra dirigir depois.

- Onde a Laura está? – Perguntei á Micael.

- Lá em casa com a Jéssica. – Eu fechei a cara, todos sentiram o clima pesar e já inventaram de puxar outro assunto.

- Sabe que a Sophia tem vontade de visitar sua mãe, Micael? – Arthur disse numa tentativa não muito boa de mudar de assunto. Péssima escolha.

- Ela sempre pergunta por você agora que sabe que voltou. – Ele deu de ombros e eu sorri. – Meu pai também e meus irmãos. – Bufou. – Devia ir visitar mesmo. Ela sente falta da época em que morávamos lá com a Laura.

- Depois você pode me passar o numero dela? – Perguntei com o tom suave. Ele levou seu copo até a boca e só me respondeu com um aceno de cabeça.

A musica naquele barzinho era muito alta. A bandinha no palco tocava algo como pagode antigo e nós não conseguíamos conversar direito. Agora já passava das nove e o lugar começava a lotar. Eu estava no celular conversando com Eduardo e só quando levantei a cabeça vi um homem cumprimentando Arthur e Lua. Não o reconheci, mas a cara feia de Micael fez com que eu soubesse imediatamente de quem se tratava. Era o homem da festa da Clara que tinha me dado o numero.

- Veja se não finalmente nos encontramos novamente. – Ele chegou até perto de mim e falou ao meu ouvido.

- Pois é. – Eu disse sem graça.

- Dança comigo? – Ele estendeu a mão e eu a segurei. Aquele homem era bem mais bonito vestido casualmente, não sei como conseguia. Ouvi Micael ranger os dentes de ódio quando viu que eu estava indo dançar com aquele homem, mas ele estava com a Jéssica, então não era nada demais.

- Relaxa, Micael. – Ouvi a voz de Lua por sobre a musica alta.

- Eu estou afim é de socar a cara daquele desgraçado. – Disse puto e bati o copo na mesa.

- Aquele desgraçado é um dos investidores da minha empresa. Não faça isso. – Eu bufei quando Arthur terminou de falar.

- E por isso ele pode dançar com a minha mulher? – Ele rolou os olhos.

- Até onde eu sei, ela terminou com você. Esse namoro de três dias de vocês não deu certo e você voltou com a Jéssica.

- Eu o quê? – Rolei os olhos, de onde ele tinha tirado aquela ideia?

- Não está com a Jéssica?

- Claro que não, eu disse a ela que eu amo a Sophia e que não ia continuar usando ela. Ela é uma amiga agora.

- Explica pra Sophia então, porque ela acha que você está com a Jéssica, ainda mais depois de você dizer que ela esta na sua casa com a Laura.

- Você acha mesmo que se eu tivesse voltado com a Jéssica, ela deixaria que eu viesse aqui sabendo que a Sophia estaria?

- A Jéssica é trouxa, então quem sabe ne? – Mel disse e eu rolei os olhos.

- Ela não é trouxa, ela só me ama. – Rebati e não falei mais nada. Fiquei só ali percebendo aqueles dois dançando e rindo de sei lá o que. Queria muito que ela saísse de lá, a cada minuto eu ficava com mais raiva. – Será que alguém pode me fazer o favor de tirar ela de lá? – Olhei pras meninas e Mel assentiu, se levantando. – Obrigada, Melzinha.

Continuei observando enquanto Mel arrastava Sophia pra longe daquele imbecil e as duas sumiam da minha vista. Aquele cara voltou á mesa e eu bufei quando ele se sentou.

- Se incomodam se eu ficar aqui com vocês? – Perguntou e deu tapinhas nas costas do Arthur.

- Sim. – Eu respondi antes de todos e eles me olharam espantados. – Isso é uma saída pra seis.

- Ei, cara. – Me olhou sorrindo. – O que eu fiz pra você?

- Está aqui tentando sentar á nossa mesa. – Rolei os olhos.

- Não, fiz muito mais. Afinal, você me olha com a mesma cara de ódio desde a festa da Clara. – Bufou. – Estou com a sua garota é? – Debochou e eu fechei as mãos em punhos.

- Pablo, não irrita meu amigo, por favor? – Arthur falou mais alto que a musica. – Nós somos recordes em arrumar briga em barzinhos e baladas, por favor, faça com que dessa vez seja diferente.

- Ela me disse que estava solteira, ué. Até onde eu sei, não fiz nada demais.

- Eu estou te avisando que ela não está solteira. – Gritei mais do que deveria e fiquei de pé.

- Olha irmão, você não me assusta. Se a Soph disser que não quer, beleza. Você dizendo isso pra mim não vai mudar nada.

- Arthur, eu vou acabar com o seu amigo. – Disse entre dentes. Não acredito que eles tenham entendido.

- Relaxa, Micael. – Seus olhos eram tensos. – Ele tem razão. É a Sophia que tem que dizer que não quer, você não pode falar por ela. – Eu bufei e sai dali antes que eu quebrasse a cara daquele imbecil e dos meus amigos também.